Deputado avalia denúncia na PGR após Bolsonaro afirmar ser informante dos EUA

Rogério Correia aponta que ex-presidente pode responder por crimes previstos na Lei nº 14.197 por pedir intervenção externa e alegar ser informante dos EUA

deputado federal Rogério Correia (PT-MG) avalia ingressar com uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) após Jair Bolsonaro (PL) admitir, em vídeo recente divulgado publicamente, ter atuado como informante do governo dos Estados Unidos. O ex-presidente afirmou ter solicitado intervenção estrangeira no Brasil, sustentando acusações infundadas sobre um suposto acordo nuclear entre o Brasil e a China.

A declaração, feita em vídeo divulgado na última semana, mostra o ex-presidente afirmando que teria atuado como informante de integrantes da equipe do presidente americano Donald Trump, a quem ele afirma ter alertado sobre o risco de o Brasil se tornar uma “nova Venezuela”. Bolsonaro também insinuou que um acordo firmado com a China permitiria a construção de “bombas atômicas”, algo sem qualquer evidência.

O vídeo que poderia ser enquadrado como mais uma das várias sessões de mentiras e delírios do ex-presidente de extrema direita tomou contornos políticos quando ele declarou: “Falei isso, já passei pra equipe do Trump isso aí, tá, em primeira mão, lá atrás…. Eles têm uma preocupação com o Brasil, dde que o Brasil se consolide como uma nova Venezuela. E nós temos que… o problema do Brasil não vai ser resolvido internamente, tem que resolver com apoio vindo de fora“.

Em declaração exclusiva à Fórum, Rogério Correia destacou que as falas recentes de Bolsonaro são passíveis de enquadramento na Lei nº 14.197, assinada pelo próprio ex-presidente em setembro de 2021. A legislação tipifica claramente crimes relacionados à espionagem e atentados contra a soberania nacional.

“O que Jair Bolsonaro e os bolsonaristas têm feito é o que eu chamo de crime continuado. É uma espécie de golpe enquanto estratégia. Então, é sempre tentar criar o caos no país, a instabilidade política e, a partir daí, conclamam que setores militares possam instituir aqui um regime autoritário”, declarou Correia.

Segundo o parlamentar, a estratégia adotada por Bolsonaro e seu grupo político é recorrente e visa gerar uma instabilidade constante, criando pretextos para justificar intervenções autoritárias ou externas. Correia citou especificamente o episódio recente envolvendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que tem feito declarações semelhantes no exterior, mencionando golpes e possíveis intervenções estrangeiras no Brasil.

“Agora, mais impressionante ainda e mais ilegal e inconstitucional foi o que fez Jair Bolsonaro, que fez uma denúncia mentirosa e diz que fez aos Estados Unidos e pede intervenção americana, sugerindo que tudo para resolver no Brasil precisa vir de fora. Ele diz, de forma absolutamente falsa e irresponsável, que o Brasil está vendendo material nuclear para a China produzir bombas atômicas. Olha a gravidade disso, isso é crime, enfatizou Correia.

Para Correia, além da gravidade das alegações feitas sem qualquer fundamento, a conduta do ex-presidente pode configurar múltiplos crimes previstos na Lei nº 14.197, como a entrega de informações sensíveis ou falsas a governos estrangeiros, com potencial de colocar em risco a ordem constitucional e a soberania nacional. A legislação prevê sanções rigorosas para negociações e trocas de informações com agentes estrangeiros visando provocar intervenção ou gerar desordem institucional.

O deputado também lembrou que as ações de Bolsonaro podem representar tentativas explícitas de embaraçar investigações em curso, especialmente aquelas conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), presididas pelo ministro Alexandre de Moraes. Correia reforça que este comportamento é punível também com base na Lei nº 12.850, que trata especificamente da obstrução de investigações judiciais.

“Crime contra interesse nacional”

“Isso é crime contra o interesse nacional, que também coloca como pena o artigo 359 e tem um do código penal, da pena de 4 a 8 anos. Embaraços de investigações em curso, porque eles querem que Alexandre Moraes não possa continuar o julgamento, incide na lei 12.850, que é pena de 3 a 8 anos. E nós poderíamos citar ainda crimes que são cometidos a partir da lei 14.197″, afirmou o deputado petista.

Diante da gravidade dos fatos narrados por Bolsonaro, o deputado anunciou oficialmente que encaminhará uma denúncia à PGR nos próximos dias, buscando responsabilizar o ex-presidente pelos delitos mencionados.

“Nós já fizemos ações anteriores prevendo punições judiciais contra Bolsonaro e, certamente, vamos ingressar com novas medidas agora, devido à gravidade das declarações recentes. Precisamos garantir que ações tão irresponsáveis e perigosas não fiquem impunes. Vamos analisar com rigor e encaminhar essa denúncia à PGR, responsabilizando Jair Bolsonaro por mais esse crime cometido contra o país”, concluiu Rogério Correia.

Fonte: Revista Fórum

STF revoga atos do governo anterior e garante anistia a militares perseguidos pela ditadura

Corte derrubou mais uma injustiça do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), saudosista do regime instaurado em 1964

O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) invalidou, no último dia 28, 36 portarias de 2020, que haviam anulado a anistia política e a pensão concedidas a ex-cabos da Aeronáutica afastados dos cargos no início da ditadura, por se posicionarem contra o golpe militar, desferido contra o governo de João Goulart — 1961-1964 —, em 1º de abril de 1964.

O julgamento virtual havia começado dia 21 de fevereiro.

A revogação da anistia ocorreu no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por sugestão do antigo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, à época chefiado pela hoje senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

Essa decisão, que, politicamente, não foi da ex-ministra, mas sim do ex-presidente, foi motivada por vingança, porque Bolsonaro é entusiasta e apoiador ostensivo da ditadura militar — 1964-1985 — e de todos os atos arbitrários advindos do regime, que durou 21 anos no Brasil

EIS OS FATOS

Em 1964, após o golpe, cabos da Aeronáutica que se opuseram à ruptura democrática foram passados para a reserva. Entre 2002 e 2006, o Ministério da Justiça e Segurança Pública expediu várias portarias para conceder anistia e pensão a esses ex-militares afastados pelo regime ditatorial.

Em 2019, o STF decidiu que a Administração Pública pode rever a concessão de anistia a ex-militares, desde que respeite o devido processo legal. Também ficou estabelecido que a União não pode pedir a devolução das verbas repassadas.

No ano seguinte, o ministério comandado por Damares Alves editou 313 portarias que anularam a anistia concedida aos cabos da Aeronáutica afastados em 1964. A justificativa da então ministra foi a “ausência de comprovação da existência de perseguição exclusivamente política no ato concessivo”.

Tratou-se, como se vê, de atos arbitrários, que solaparam a decisão do Supremo, em relação ao “devido processo legal”, visto que não houve essa observância. Daí ficou parecendo vingança do, então, “novo” governo, instalado em 1º de janeiro de 2019.  

CONTESTAÇÃO DA OAB

Naquele mesmo ano, em 2019, o Conselho Federal da OAB contestou no Supremo todas as portarias, por meio de ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental).

A entidade alegou, para isso, violação ao contraditório e à ampla defesa.

“Isso porque as mais de 300 portarias, que revogaram anistias concedidas há quase duas décadas, em nenhum momento cientificaram os administrados por ela atingidos, obstaculizando qualquer possibilidade de atuação e defesa de sua parte”, está escrito no trecho da petição inicial.

O constitucionalista Lenio Streck, colunista da revista eletrônica Conjur (Consultor Jurídico), assinou a petição com à então diretoria da OAB Nacional e ainda emitiu parecer no qual defendeu “a imprescindibilidade de comunicação dos interessados acerca do processo administrativo a ele concernentes”, com base em precedente do próprio STF.

Desde 2020, muitas das portarias em questão foram anuladas por decisões judiciais ou administrativas. Apenas 36 permaneciam em vigor quando o STF iniciou o julgamento.

VOTO DA RELATORA

A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, votou por declarar a inconstitucionalidade das portarias ainda vigentes. Ela foi acompanhada por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.

Cármen Lúcia concordou que houve violação ao “devido processo legal”, ao “contraditório” e à “ampla defesa”.

Ela ressaltou que as anistias e as pensões foram anuladas após mais de 17 anos, durante a crise de covid-19. Também lembrou que os ex-cabos são idosos.

Na visão dela, portanto, a revisão, depois de tanto tempo, é injustificada e “extrapola os parâmetros de razoabilidade que devem orientar a atuação eficiente do administrador público”.

Para ela, enfim, devem ser respeitadas a segurança jurídica das relações “consolidadas pelo tempo” e a expectativa legítima de validade dos atos da Administração Pública.

DIVERGÊNCIA

O ministro Dias Toffoli considerou que cada caso deveria ser examinado de forma separada e, por isso, sequer avaliou os pedidos da OAB. Vencido quanto a esse ponto, ele votou pela validade das portarias de 2020.

Nunes Marques e André Mendonça acompanharam o voto de Toffoli na íntegra.

Gilmar Mendes acompanhou a divergência somente quanto à impossibilidade de análise da ação, sem se manifestar sobre o mérito do caso, por entender que os argumentos da OAB exigem “exame pormenorizado de circunstâncias fáticas concretas” e que cada caso deve ser analisado em outras instâncias.

Fonte: Hora do Povo

‘Ainda Estou Aqui’ impulsiona centenas de casos de desaparecidos políticos no STF

Após o Oscar de Ainda Estou Aqui, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar ações que podem rever a anistia de 1979 neste ano, impactando a redemocratização do País. O julgamento terá repercussão geral e inclui o caso de Rubens Paiva. Além disso, casos judiciais foram reabertos e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reformou certidões de óbito de 404 desaparecidos políticos.

CNJ retificou 20 certidões, com 404 novos documentos descrevendo as mortes como “não naturais e violentas” por ação do Estado durante a ditadura de 1964, informa o jornal O Estado de S. Paulo. O primeiro documento deveria ter sido entregue à família Paiva em janeiro, mas foi recusado seguindo orientações da CEMDP. Segundo Nilmário Miranda, 82 atestados, incluindo o de Paiva, foram refeitos devido à falta de informações essenciais.

A filha do ex-deputado, Vera Paiva, expressou a esperança por uma certidão que reflita a verdade, mencionando a pressa em repetir a famosa foto de 1996, onde sua mãe, Eunice Paiva, recebe a primeira certidão de óbito de seu pai. As certidões corrigidas devem ser entregues em abril, seguidas pela finalização de documentos até o fim do ano. A comoção gerada pelo filme Ainda Estou Aqui reacendeu discussões sobre a responsabilização por mortos e desaparecidos da ditadura, fazendo com que quatro casos emblemáticos, incluindo o de Rubens Paiva, ganhassem nova atenção na Justiça.

A ação no STF contra militares reformados do Exército envolvidos na morte de Paiva, relatada pelo ministro Alexandre de Moraes desde março de 2021, avançou apenas em novembro do ano passado, após o impacto do filme de Walter Salles no Festival de Veneza. O STF reconheceu o caso Paiva como de repercussão geral, aplicando os efeitos dos votos a todos os casos similares, não apenas aos réus, o general José Antônio Nogueira Belham e o major Jacy Ochsendorf e Souza.

O tenente-coronel Rubens Paim Sampaio, o primeiro-tenente Jurandyr Ochsendorf e Souza e o coronel Raymundo Ronaldo Campos foram denunciados, com o major Jacy Ochsendorf recebendo R$ 23,4 mil e Belham R$ 35,9 mil em salários brutos. As pensões dos familiares dos réus falecidos totalizam R$ 80 mil mensais, resultando em um custo total de R$ 140,2 mil, somando salários e pensões relacionados ao assassinato de Rubens Paiva.

Suprema Corte decidirá se a Lei da Anistia pode ser aplicada em casos de grave violação de direitos humanos, como no caso de Paiva sobre homicídio e fraude processual e em outra ação relatada pelo ministro Flávio Dino sobre a ocultação dos cadáveres da Guerrilha do Araguaia. O STF reconheceu a repercussão geral no processo, que considera a ocultação de cadáver um crime permanente, válido até hoje, mesmo após a anistia de 1979.

O caso relatado por Dino, protocolado em junho de 2024, teve um andamento mais rápido, com o parecer da PGR recebido em julho e um despacho favorável à repercussão geral emitido em dezembro, reconhecido pelos ministros em fevereiro. Dino destacou o impacto do filme Ainda Estou Aqui, conectando a história do desaparecimento de Rubens Paiva à dor dos familiares de pessoas desaparecidas.

O caso Rubens Paiva, uma história insepulta da ditadura, começou em 20 de janeiro de 1971, no Rio, e foi registrado em tribunais, livros, jornais e documentos secretos da diplomacia americana antes de ser abordado na dramaturgia.

No dia 2 de fevereiro de 1971, o jornal The New York Times publicou um relato da jovem Eliana Paiva, filha de um ex-deputado, que dizia: “Não sei onde estão meus pais, e os quero de volta”. A reportagem de Joseph Novitski mencionava que, 11 dias antes, Eliana havia testemunhado seu pai ser raptado em casa por agentes do regime militar, e que no dia seguinte, ela e sua mãe, Eunice Paiva, também foram sequestradas.

Eliana foi liberada um dia após a prisão da mãe, que ainda permaneceria em detenção por alguns dias. Em uma carta endereçada a deputados opositores, Novitski comentou as “táticas extremas” das forças policiais contra a oposição e estranhou que a ditadura, que censurava a imprensa, permitisse a cobertura do caso. A estratégia parecia ser uma farsa para justificar o assassinato de Paiva, alegando que ele havia sido sequestrado por guerrilheiros.

A fuga de Paiva foi encenada com um tiroteio forjado, revelado por militares que confessaram a farsa após 40 anos. O objetivo era justificar o seu desaparecimento, ocorrido sob tortura no DOI do 1º Exército. O apelo de Eliana, mencionado no New York Times, está no memorando de John Wallendahl Mowinckel para William Manning Rountree, sugerindo que o governo americano pressione pela punição dos militares. Mowinckel criticou as táticas de segurança brasileiras e destacou que os fatos não poderão ser ocultados.

O destino de Paiva era conhecido, mas os “mágicos” do CIE tentaram enganar a família e o País. Cinquenta anos depois, o filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional, atraiu mais de 5 milhões de espectadores. A história de Paiva está vinculada a outros processos no STF sobre desaparecimentos e assassinatos, relatados por Moraes, que ficaram arquivados até serem revisitados pelo impacto do filme e pelo debate público gerado.

A ação contra o médico legista Harry Shibata o acusa de assinar laudos necroscópicos falsos de presos políticos assassinados pela ditadura para encobrir torturas e homicídios. A denúncia destaca que ele “omitiu informações” para alterar a verdade. O caso está no STF desde 2017, mas somente em outubro de 2024, após o lançamento de Ainda Estou AquiMoraes solicitou à PGR um parecer. Em fevereiro deste ano, a Corte decidiu que o processo seguirá em regime de repercussão geral.

O caso dos militares Valter JacarandaLuiz Mario LimaRoberto Estrada e Dulene Garcez dos Reis, acusados de sequestrar, torturar e matar o jornalista Mário Alves de Souza Vieira em 17 de janeiro de 1970, foi relatado por Moraes e autuado no STF em 2015, distribuído ao ministro Teori Zavascki. Redistribuído para Moraes em março de 2017, o caso teve movimento apenas em outubro de 2024 com um pedido de parecer da PGR, e teve status de repercussão geral reconhecida em fevereiro deste ano.

Fonte: Urbs Magna

Ex-presidente das Filipinas é preso por  crimes contra a humanidade

A polícia das Filipinas prendeu nesta terça-feira (11/3) o ex-presidente Rodrigo Duterte depois que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado contra ele por crimes contra a humanidade por sua “guerra” mortífera de combate às drogas.

Duterte, de 79 anos, foi detido pela polícia logo após chegar ao aeroporto de Manila, vindo de Hong Kong.

Ele não se desculpou por sua brutal repressão contra as drogas, que resultou na morte de milhares de pessoas quando era presidente do país de 2016 a 2022, e prefeito da cidade de Davao antes disso.

Ao ser preso, ele questionou, inclusive, a base do mandado, perguntando: “Que crime [eu] cometi?”

O TPI explicou anteriormente que tem jurisdição nas Filipinas sobre supostos crimes cometidos antes de o país deixar de ser membro.

Mas os ativistas consideraram a prisão um “momento histórico” para aqueles que morreram na guerra às drogas e seus familiares, afirmou a Coalizão Internacional pelos Direitos Humanos nas Filipinas (ICHRP, na sigla em inglês).

“O arco do universo moral é longo, mas hoje ele se curvou em direção à justiça. A prisão de Duterte é o início da responsabilização pelos assassinatos em massa que definiram seu governo brutal”, disse o presidente da ICHRP, Peter Murphy.

Duterte estava em Hong Kong para fazer campanha para as eleições de meio de mandato de 12 de maio, nas quais ele planejava concorrer à prefeitura de Davao.

Imagens exibidas na televisão local mostraram ele saindo do aeroporto usando uma bengala. As autoridades dizem que ele está com a “saúde boa”, e está sendo atendido por médicos do governo.

“Qual é o meu pecado? Fiz tudo na minha época pela paz e por uma vida pacífica para o povo filipino”, disse ele a uma multidão animada de expatriados filipinos antes de deixar Hong Kong.

Um vídeo postado por uma das filhas dele, Veronica Duterte, mostrou o ex-presidente sob custódia em uma sala de espera na Base Aérea de Villamor, em Manila. No vídeo, ele pode ser ouvido questionando o motivo da sua prisão.

“Qual é a lei, e qual é o crime que eu cometi? Não fui trazido para cá por vontade própria, mas por vontade de outra pessoa. Você tem que responder agora pela privação de liberdade.”

A ‘guerra às drogas’

Duterte foi prefeito de Davao, uma extensa metrópole do sul das Filipinas, por 22 anos — e a transformou em uma das cidades mais seguras do país em relação a crimes de rua.

Ele aproveitou a reputação de paz e ordem de Davao e se apresentou como um político antiestablishment com discurso duro para vencer as eleições de 2016 por uma vitória esmagadora.

Com uma retórica inflamada, ele reuniu as forças de segurança para matar suspeitos de tráfico de drogas. Mais de 6 mil suspeitos foram mortos a tiros pela polícia ou por agressores desconhecidos durante a campanha, mas grupos de direitos humanos dizem que o número pode ser maior.

Um relatório anterior da Organização das Nações Unidas (ONU) constatou que a maioria das vítimas eram homens jovens pobres de áreas urbanas, e que a polícia, que não precisa de mandados de busca ou de prisão para realizar batidas domiciliares, forçava sistematicamente os suspeitos a fazer declarações autoincriminatórias, ou corriam o risco de enfrentar a força letal.

Os críticos afirmam que a campanha tinha como alvo os traficantes de rua da pobreza urbana, e não conseguiu capturar os grandes chefões do tráfico. Muitas famílias também alegaram que as vítimas — seus filhos, irmãos ou maridos — estavam simplesmente no lugar errado e na hora errada.

As investigações no Parlamento apontaram para um obscuro “esquadrão da morte” de caçadores de recompensas que tinham como alvo suspeitos de tráfico de drogas. Duterte negou as alegações de abuso.

“Não questione minhas políticas porque não peço desculpas, não dou desculpas. Fiz o que tinha de fazer e, quer você acredite ou não… Eu fiz isso pelo meu país”, disse Duterte durante uma investigação parlamentar em outubro.

“Eu odeio drogas, não tenham dúvidas”.

O TPI tomou conhecimento dos supostos abusos pela primeira vez em 2016, e iniciou sua investigação em 2021. Ela abrangeu casos desde novembro de 2011, quando Duterte era prefeito de Davao, até março de 2019, antes de as Filipinas se retirarem do TPI.

‘Donald Trump do Leste’

Duterte continua popular nas Filipinas por ser o primeiro líder do país oriundo de Mindanao, uma região ao sul de Manila, onde muitos se sentem marginalizados pelos líderes da capital.

Ele costuma falar em cebuano, o idioma regional, e não em tagalog, língua que é mais falada em Manila e nas regiões do norte.

A retórica populista e as declarações contundentes renderam a ele o apelido de “Donald Trump do Leste”. Ele chamou o presidente russo, Vladimir Putin, de “ídolo” e, sob seu governo, as Filipinas direcionaram sua política externa para a China, afastando-se dos EUA, seu aliado de longa data.

Sua filha e herdeira política, Sara Duterte, é a atual vice-presidente das Filipinas — e é apontada como uma possível candidata à presidência em 2028.

Nos últimos meses, a aliança da família Duterte com o atual presidente Ferdinand Marcos Jr. se desfez de forma espetacular diante do público, logo depois que Marcos e Sara Duterte venceram as eleições de 2022 por uma vitória esmagadora.

Inicialmente, Marcos se recusou a cooperar com a investigação do TPI, mas à medida que seu relacionamento com a família Duterte se deteriorava, ele mudou sua posição e, mais tarde, indicou que as Filipinas cooperariam.

Ainda não está claro se Marcos chegaria ao ponto de extraditar o ex-presidente para ser julgado em Haia, na Holanda, onde fica o tribunal.

Fonte: BBC Brasil

MST conquista suspensão do despejo de mais de 100 famílias no Paraná

Decisão atende pedido da Defensoria Pública Estadual e adia reintegração de posse de comunidade rural formada há 20 anos

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu por tempo indeterminado a reintegração de posse de mais de 100 famílias da comunidade Resistência Camponesa, em Reserva do Iguaçu, no centro-sul do Paraná. O despejo estava previsto para esta segunda-feira (10).

A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes na madrugada de domingo (9), durante o plantão judiciário. Ele atendeu a uma medida cautelar apresentada pelo defensor público João Victor Rozatti Longhi, da Defensoria Pública do Paraná, contra a ordem de despejo determinada pela Vara Cível da Comarca de Pinhão.

“Hoje é um dia de muita alegria e emoção”, afirmou Bruna Zimpel, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná. “Essa conquista significa a vitória da luta popular, mas, principalmente, sinaliza a partir dos órgãos competentes, Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar], a possibilidade do assentamento definitivo das famílias que ocupam esse território”, disse a militante, que vive em um acampamento em Clevelândia.

A mobilização para barrar a ação envolveu marchas e atos políticos. Na sexta-feira (7), cerca de 500 trabalhadores rurais caminharam até a prefeitura de Reserva do Iguaçu e participaram de um café da manhã coletivo. À tarde, reuniram-se com a juíza Natália Calegari Evangelista no Fórum de Pinhão. O protesto integrou a Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra, que ocorre até 14 de março com o lema Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital.

Comunidade consolidada há 20 anos

A comunidade Resistência Camponesa ocupa a área há cerca de duas décadas. As famílias estruturaram moradias e cultivam grãos, frutas, hortaliças e criam animais. Parte da produção abastece a feira semanal do município e o comércio local.

A ocupação é uma das mais de 80 comunidades da reforma agrária no Paraná que aguardam regularização. No estado, cerca de 7 mil famílias vivem em áreas organizadas pelo MST. O prefeito de Reserva do Iguaçu, Vitorio Antunes de Paula, apoia a permanência dos agricultores. “Nós, que somos moradores de Reserva do Iguaçu, sabemos da importância de um assentamento. Temos três assentamentos aqui em Reserva do Iguaçu, muito produtivos, e nós lutamos para que essas famílias continuem exatamente no espaço onde estão. É um sonho não somente dos moradores, mas para todos nós reservenses, porque a gente sabe bem da importância da geração de emprego e renda”, afirmou.

Conflitos e violência

Os moradores relatam ameaças e ataques por parte de supostos proprietários da terra. Em agosto de 2023, homens armados invadiram a comunidade e incendiaram casas. Meses antes, um casal de idosos perdeu a residência em um incêndio criminoso.

Loreni de Fátima dos Santos, agricultora da comunidade, afirma que a violência afetou a subsistência das famílias. “Tiraram nosso direito de plantar, tiraram nosso direito de viver, porque nós estávamos na nossa vida tranquila, em paz, criando nossos filhos, vivendo normal e hoje nós estamos aqui embaixo de um barraco de lona. Então, eu quero justiça, eu estou implorando por justiça, não só por mim, mas para todas as 110 famílias que acampadas no Acampamento Resistência Camponesa”, disse.

A posse da terra é contestada. O suposto dono não tem registro da propriedade em seu nome, mas teve apoio de autoridades locais e da polícia em ações de despejo.

Incra tenta solução definitiva

O Incra manifestou interesse em desapropriar a área para assentar as famílias. O processo está suspenso por decisão judicial, mas ainda cabe recurso.

Nilton Bezerra Guedes, superintendente do Incra no Paraná, afirmou que busca alternativas. “A gente tem como solução a obtenção da área e a criação de um projeto de assentamento. Ou, no mínimo, que tenha um prazo suficiente para que o Incra abra chamada pública e obtenha uma área no próprio município pra poder estar resolvendo. Nós sabemos que um despejo é a última alternativa”, explicou.

O MST segue mobilizado para garantir a permanência da comunidade e a formalização de novos assentamentos no estado.

Fonte: Brasil de Fato

Prisão de líder estudantil pró-Palestina em NY causa indignação mundial

A indignação se espalhou nesta segunda-feira (10) entre acadêmicos e organizações de defesa dos direitos humanos, após a prisão de um líder das manifestações pró-Palestina que abalaram no ano passado a prestigiosa Universidade de Columbia, em Nova York.

O presidente americano, Donald Trump, afirmou hoje que a prisão de Mahmoud Khalil foi “a primeira de muitas”. “Sabemos que há mais estudantes em Columbia e outras universidades do país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e o governo Trump não vai tolerar isso”, publicou o presidente na rede social Truth Social.

Khalil, um dos nomes mais conhecidos nos protestos estudantis que eclodiram no ano passado contra a guerra de Israel em Gaza, foi preso por autoridades migratórias no fim de semana.

O Departamento de Segurança Nacional disse que a prisão foi em resposta às “ordens executivas do presidente Trump que proíbem o antissemitismo, e em coordenação com o Departamento de Estado”.

No momento de sua prisão, Khalil tinha um “green card”, uma autorização de residência permanente nos Estados Unidos, de acordo com o sindicato Student Workers of Columbia.

Em sua mensagem, Trump ameaçou aplicar as mesmas medidas contra outros manifestantes no campus, a quem acusou, sem provas, de serem “agitadores pagos”. “Encontraremos, prenderemos e deportaremos esses simpatizantes terroristas do nosso país (…) para nunca mais voltarem”, escreveu ele.

A União Americana pelas Liberdades Civis (Aclu) classificou a detenção como “sem precedentes, ilegal e antiamericana”. “As ações do governo têm claramente a intenção de intimidar e desencorajar a expressão de uma parte do debate público”, declarou Ben Wizner, diretor do Projeto de Expressão, Privacidade e Tecnologia da Aclu.

– ‘Sequestro’ –

Mais de mil pessoas se manifestaram na tarde de hoje em Manhattan para expressar “vergonha”. Tobi, uma ex-aluna da universidade que participou dos protestos no campus antes “da militarização” do local, hoje fechado ao público, disse que se trata de um sequestro, e não de uma prisão.

“É ultrajante atacar ativistas, abre um precedente perigoso, portanto vou resistir energicamente e mostrar que isso não vai nos parar”, disse a manifestante, que se descreve como uma “judia” apoiadora da causa palestina.

Trata-se de um “ponto de inflexão” após mais de um ano de crise latente, cujo “objetivo é aterrorizar”, afirmou Donna Lieberman, que preside a seção novaiorquina da Aclu.

“Se Mahmoud Khalil pode ter seu status de residente permanente revogado sem recurso, então nenhum imigrante ou estudante estrangeiro, em nenhum campus americano, está seguro”, comentou a Coalizão de Estudantes de Columbia pela Solidariedade à Palestina, que denunciou o que chamou de “silêncio preocupante” da universidade.

A detenção também gerou indignação na ONU. O porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou nesta segunda-feira que “é crucial enfatizar a importância de respeitar o direito à liberdade de expressão e o direito de reunião pacífica”.

– ‘Momento obscuro’ –

Após a prisão de Khalil, “os estudantes nos dizem que têm medo de vir ao campus”, disse o professor de Columbia Joseph Howley. “Ele se tornou um prisioneiro político”, comentou Michael Thaddeus, um dos cerca de 50 professores que expressaram preocupação hoje, que considera a prisão do jovem “um momento obscuro na história dos Estados Unidos”.

Uma petição online pela libertação de Khalil já reuniu mais de 1,7 milhão de assinaturas.

Vários campi dos Estados Unidos foram palco de protestos estudantis no ano passado contra o conflito na Faixa de Gaza desencadeado pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.

Fonte: AFP

STF condena mais 63 réus pelos ataques golpistas de 08/01/23; total de sentenciados passa de 480

O STF (Supremo Tribunal Federal) condenou mais 63 réus pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Com as novas decisões, estabelecidas em sessão encerrada no dia 28 de fevereiro, a corte soma ao menos 480 sentenciados pelos atos contra as sedes dos três Poderes.

Das ações concluídas em fevereiro, 47 foram analisadas pelo plenário e 16 pela Primeira Turma. As penas variam de um ano de detenção, substituído por medidas alternativas, a 17 de prisão.

No total, os atos golpistas resultaram em denúncias contra 1.687 envolvidos.

Neste ano, foram 109 condenações nas sessões de fevereiro. Há mais uma ação penal em julgamento a ser concluído nesta terça-feira (11).

Cada réu é julgado individualmente pelo STF. Todos os julgamentos ocorreram em plenário virtual, em sessões de 1 a 28 de fevereiro, ambiente remoto por meio do qual os ministros incluem os votos e não há discussão entre eles a respeito dos temas analisados.

No período, a corte também homologou um acordo de não persecução penal firmado com duas pessoas acusadas de crimes de associação criminosa.

Das condenações impostas pela Primeira Turma, nove foram por crimes mais graves. Nesses casos, os condenados receberam penas de 14 a 17 anos. Eles também deverão pagar indenização por danos morais coletivos de, no mínimo, R$ 30 milhões.

O valor corresponde aos prejuízos materiais causados, além dos danos a bens culturais e históricos, e deverá ser dividido por todos os condenados.

Aqueles com penas mais brandas deverão cumprir 225 horas de serviço comunitário, participar de curso sobre Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado com conteúdo elaborado pelo MPF (Ministério Público Federal) e pagar multas, além de estarem proibidas de deixar sem autorização a cidade onde vivem e de participarem de redes sociais até o cumprimento final da pena.

Todos tiveram os passaportes suspensos e eventual registro ou posse de arma revogado. Nesse caso, a multa solidária, a ser dividida por todos os condenados, foi fixada em R$ 5 milhões.

O voto do ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos, prevaleceu e ele foi acompanhado por oito magistrados. Os ministros Nunes Marques e André Mendonça ficaram vencidos.

Para a corrente majoritária, os réus faziam parte de um grupo que tinha intenção de derrubar o governo democraticamente eleito em 2022.

De acordo com Moraes, ocorreu um crime de autoria coletiva em que, a partir de uma ação conjunta, todos contribuíram para o resultado.

Ao todo, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), até 8 de janeiro deste ano, mais de 900 pessoas já haviam sido responsabilizadas, incluindo aquelas que firmaram acordo com a Justiça.

Segundo o órgão, a violência gerou um prejuízo ao patrimônio público estimado em R$ 24 milhões.

A maior parte dos invasores foi condenada por cinco crimes: associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Ao todo, 155 réus estão presos. De acordo com informações do STF levantadas em janeiro, 78 deles provisoriamente, e 70, definitivamente. Sete estão em prisão domiciliar. Apenas quatro foram absolvidos.

Outros 527 réus optaram por assinar os chamados acordos de não persecução penal. Por meio desse instrumento, quem responde por crimes menos graves pode ter a ação penal encerrada sem condenação, desde que cumpra medidas alternativas.

Entre essas medidas, estão prestar 150 horas em serviços comunitários e participar de curso sobre democracia. Nesse período, os réus ficam com passaportes e porte de arma suspensos e não podem usar redes sociais. Após o cumprimento total, mantêm a condição de réus primários.

No total, há 1.552 ações penais em curso.

Fonte: Folha de SP

65% dos brasileiros apoiam fim da escala 6×1, diz pesquisa

Quase dois terços dos brasileiros apoiam o fim da escala 6×1 (seis dias de trabalho e um de descanso), segundo levantamento da Nexus Pesquisa e Inteligência. A sondagem aponta que 65% são favoráveis ao fim do regime, enquanto 27% são contrários à redução, 5% são neutros e 3% não souberam opinar.

O apoio entre quem está inserido no mercado de trabalho, de maneira formal ou informal, é ligeiramente maior: 66%. A aprovação sobe para 73% entre desempregados e 76% entre jovens que possuem entre 16 e 24 anos.

O número é de 61% entre aposentados, pensionistas, estudantes e donos de casa. No recorte de gênero e renda, mulheres (68%) e quem ganha até um salário mínimo (70%) são os que mais apoiam a redução na jornada.

A maior parte (65%) dos entrevistados argumenta que a redução dos dias de trabalho geraria maior qualidade de vida para a população, enquanto 16% acreditam que trariam prejuízo, 15% avaliam que não faria diferença e 4% não souberam opinar.

Outros argumentam que o fim do 6×1 aumentaria a produtividade, o desenvolvimento social e econômico do país ou a lucratividade de empresas. Veja os números:

Brasileiros apontam prejuízos e benefícios do fim da escala 6×1. Foto: Reprodução

O fim da escala 6×1 ganhou força após a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentar uma proposta para acabar com a jornada em fevereiro. A proposta aguarda despacho da Câmara para começar a tramitar na Casa Legislativa.

Se a proposta for aprovada, 47% dos brasileiros dizem que vão dedicar mais tempo à família. A presença em casa foi a motivação mais citada em todos os recortes (sexo, renda, escolaridade, região, idade e religião) da pesquisa.

Outras respostas frequentes são: cuidar da saúde (25%), fazer renda extra (22%) e investir em cursos ou capacitação profissional (17%). A pesquisa foi feita entre os dias 10 e 15 de janeiro com 2 mil pessoas presencialmente e o grau de confiança é de 95%.

Fonte: DCM

Massacre na Síria deixa mais de 1,3 mil mortos

Grupos leias a Bashar al-Assad e as forças de segurança estão em guerra; civis são maioria das vítimas

O número de mortos no massacre ocorrido em resposta aos ataques de grupos leais ao presidente deposto Bashar al-Assad contra forças de segurança do novo governo de Damasco na costa mediterrânea da Síria subiu para 1.311, incluindo 830 civis, na pior onda de violência em anos no país, informou neste domingo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

– O número total de mortos e mártires, tanto civis quanto militares, aumentou para 1.311 durante a operação de segurança que ocorreu em resposta aos ataques de militantes alauítas às forças de segurança nesta quinta-feira (6) – disse a organização em um comunicado.

A ONG, sediada no Reino Unido, mas com uma ampla rede de colaboradores no local — e que em declarações anteriores havia especificado que a maioria das vítimas civis havia sido sumariamente executada ou assassinada a sangue frio — detalhou o número total de mortos em 830 civis, 231 membros das forças de segurança, bem como 250 militantes leais ao antigo regime.

O OSDH fez um apelo “urgente” às ​​autoridades sírias em Damasco para “responsabilizar o pessoal de segurança e defesa envolvido nas execuções no local” contra a minoria alauíta, um ramo do islamismo xiita ao qual o ex-presidente Assad pertence e que foi privilegiado durante seu regime.

A nota diz que “a impunidade incentiva a repetição de crimes no futuro, o que ameaça a estabilidade política e social na Síria após a queda de Assad”.

A grande maioria dos civis foi morta nas províncias costeiras de Latakia (519) e Tartus (220) como resultado do que a ONG chamou de “operação de liquidação”, que incluiu civis não alauitas.

– As forças de segurança, pessoal do Ministério da Defesa e suas forças aliadas cometeram crimes de guerra e violações de direitos humanos, na ausência de quaisquer medidas legais dissuasivas. Esses crimes ocorreram no contexto de operações de vingança generalizadas contra membros da seita alauíta, em meio a assassinatos em massa, incêndios de casas e deslocamentos forçados em andamento, na ausência de qualquer intervenção internacional para impedir esses massacres – disse o Observatório.

Até agora, o novo governo sírio não reconheceu esses atos nem forneceu um detalhamento do número de vítimas civis ou baixas em suas fileiras.

O presidente interino sírio, Ahmed al-Sharaa, anunciou hoje a formação de um “comitê independente para investigar violações contra civis” e apurar quem são os responsáveis pelo massacre.

Esta comissão, que terá 30 dias para enviar o relatório à Presidência, foi encarregada de “revelar as causas, circunstâncias e condições que levaram à ocorrência destes fatos”, bem como identificar os responsáveis ​​para levá-los à Justiça.

Fonte: EFE

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