Garimpos ilegais explodiram na Amazônia no último ano de Bolsonaro, revela MapBiomas

Levantamento aponta que 2022 foi marcado por um crescimento sem antecedentes da atividade ilegal no país, com um aumento em 35 mil hectares, equivalente a uma cidade como Curitiba

O último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL) foi marcado por uma explosão dos garimpos ilegais no Brasil. Levantamento do MapBiomas, divulgado nesta sexta-feira (22), mostra que, em apenas 12 meses, a área ocupada pela atividade cresceu 35 mil hectares. O dado indica que, em 2022, o garimpo ocupava uma área do tamanho de uma cidade como Curitiba.

Seguindo a tendência detectada em mapeamentos anteriores, o crescimento se deu sobretudo na Amazônia. O mesmo bioma, no ano passado, concentrou quase a totalidade (92%) da área garimpada. Desse total, quase metade (40,7%), de acordo com o MapBiomas, foi aberta nos últimos cinco anos. Os pesquisadores também chamam atenção para a presença da atividade ilegal em territórios protegidos, como os Parques Nacionais do Jamanxin, do Rio Novo e da Amazônia, no Pará. E na Estação Ecológica Juami Japurá, no Amazonas. Assim como na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

Na maior TI do país, a presença do garimpo, estimulada por Bolsonaro, levou os Yanomami a uma situação de emergência sanitária, com crianças, adultos e idosos em condições dramáticas de saúde, vitimados por doenças como malária e pneumonia, desnutrição e contaminação por mercúrio. Além da violência armada e sexual. De modo geral, as áreas garimpeiras em Terras Indígenas foram as que mais cresceram na comparação entre 2018 e 2022.

Avanço do garimpo em áreas protegidas

Houve um aumento de 265% de garimpos, apenas nas TIs. O equivalente a 15,7 mil hectares. Sendo que quase dois terços (62,3%) da área garimpada em TIs foi aberta nos últimos cinco anos. As Terras Indígenas mais invadidas pelo garimpo são a Kayapó (13,7 mil hectares), Munduruku (5,5 mil hectares), Yanomami (3,3 mil hectares), Tenharim do Igarapé Preto (1 mil hectares) e Sai-Cinza (377 hectares). O crescimento da atividade ilegal também impressiona nas Unidades de Conservação (UCs).

Ao longo do ano passado, a área ocupada nesses territórios foi 190% maior do que há cinco anos: quase 50 mil hectares foram incorporados ao garimpo no período. Quase metade (43%) da área garimpada em UCs também foi aberta desde 2018. As mais invadidas por garimpeiros são a APA do Tapajós (51,6 mil hectares), a Flona do Amaná (7,9 mil hectares), Esec Juami Japurá (2,6 mil hectares), Flona do Crepori (2,3 mil hectares) e Parna do Rio Novo (2,3 mil hectares).

O coordenador técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas, César Diniz, destacou que o “tamanho desses garimpos sobressai nos mapas, sendo facilmente identificável até por leigos. Surpreende que ano após ano ainda subsistam. Sua existência e seu crescimento são evidências de apoio econômico e político à atividade, sem os quais não sobreviveriam, uma vez que estão em áreas onde o garimpo é proibido”, afirmou.

Consequências

levantamento observa que uma das consequências do garimpo é o assoreamento dos rios e a contaminação de suas águas. Em contraste, porém, com a atividade ilegal, a mineração industrial não registrou crescimento em sua área ocupada em 2022, mantendo-se próxima dos 180 mil hectares registrados em 2021. Essa área representava apenas 40% do total ocupado pela atividade minerária no Brasil, que somava 443 mil hectares.

Fonte: Rede Brasil Atual

LULA, O NOVO CONSELHEIRO

Flávio Show – É funcionário dos Correios

Maceió, 24 de Setembro de 2023

No mês de Setembro de 1897, foi assassinado um nordestino que atendia pelo nome Antonio Vicente Mendes Maciel.
Esse nordestino do Ceará tem sua história marcada por um dos maiores projetos de formação de uma comunidade “socialista” no sertão baiano que deu certo, causando a ira dos poderosos, que na época, já eram contra o “minha casa, minha vida”, “bolsa familia”, o “brasil sem fome” e principalmente aos conselhos do Antonio, que era o que mais os incomodavam.
No dia 22 de Setembro de 1897, Antonio Vicente foi alçado à condição de mártir.

Essa semana um outro “Antonio”, também nordestino, discursou na ONU, trazendo à tona as questões que foram combatidas pelas oligarquias e pelo Governo no século 19 e que tinham como pano de fundo, o combate a um certo “comunismo”, que estaria eivado de ONGs, MST e alguns sentimentos à moda Padre Júlio Lancellot, ou seja, tudo de bom.
Lula conseguiu colocar de volta no cenário internacional, o Brasil, na verdade, Lula mais uma vez tenta reconstruir um país destruído pelas mesmas Forças Armadas que destruíram o “brasil” de Antonio Vicente.
Em seu discurso, Lula resumiu em uma palavra todo o seu sentimento, desigualdade, na verdade, a diminuição dela ou sua total extinção. Quantas coincidências entre os dois nordestinos, quantas semelhanças em sonhos, projetos e inimigos.

Lula ,um homem tão criticado por não ter um “canudo” universitário é considerado atualmente, o maior líder político, contra tudo e todos.
Se Antonio Vicente foi professor, Luiz Inácio é sem dúvida, o aluno mais aplicado dos ensinamentos do mestre.

Acabar com a desigualdade, pode ser utopia dos dois, talvez sim, mas entre o sonho de um, que fez história em Canudos e do outro que trilhou toda sua vida sem um canudo embaixo do braço, eu fico e sigo os conselhos de António e os ensinamentos de Luiz.

Na semana da chegada da Primavera, os poderosos podem matar um, dois ou três Antonios, mas jamais impedirão a nascimento de novos Lulas.
Não se engane! A cabeça do Lula também é um troféu e a Faria Lima quer repetir a história de Antônio e expô-la em praça pública.

Não sabe ainda quem é esse tal de António Vicente? Enverede- se na história e pergunte ao Euclides da Cunha.

Reflexões Flávio Show 2023 , ano 03 – Edição 146

Guerra na Ucrânia se intensifica

EUA e Otan continuam fornecendo armas para impulsionar os combates

O armamento suplementar da Ucrânia por parte dos Estados Unidos e da Otan levou a uma nova intensificação dos combates. A fadiga se faz sentir. Tanto soldados russos quanto ucranianos desertam. Outros estão física e psicologicamente esgotados.

O presidente ucraniano, Zelensky, e seu grupo seguem pedindo armamentos e munições. Depois da decisão de entregar aviões F16, os EUA e seus aliados irão treinar os pilotos ucranianos no manejo dos equipamentos.

Nos EUA, com a aproximação da campanha eleitoral para presidente, que coloca a situação econômica e social no centro, pesquisa divulgada em agosto indica que, pela primeira vez, após 18 meses de guerra, 55% dos estadunidenses ouvidos se mostraram contrários a uma nova ajuda financeira à Ucrânia. Eles têm razão: em vez de verbas para a guerra e a barbárie, é necessário investir na civilização, ou seja, em hospitais, em escolas, em serviços para a população.

Uma fundação calculou que o esforço de guerra, avaliado em US$ 113 bilhões, custou em média US$ 900 para cada lar estadunidense. A nova ajuda militar dos EUA à Ucrânia é estimada entre US$ 240 milhões a US$ 348 milhões.

Imensa soma de recursos usados para que, dia após dia, centenas de soldados russos e ucranianos caiam mortos e centenas de outros sejam feridos.

Contraofensiva ucraniana
A grande contraofensiva lançada pela Ucrânia em junho, no leste e no sul do país, não obteve os resultados anunciados, ao chocar-se com defesas russas mais sólidas do que o esperado. No fim de agosto, a reconquista de territórios atingiu apenas 300 quilômetros quadrados, de acordo com o ministro da defesa britânico.

O porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA declarou em 25 de agosto que a contraofensiva ucraniana “atingirá todos os seus objetivos”. É uma declaração política, porque os próprios serviços de informação estadunidenses avaliam o contrário. Mas, como havia indicado o presidente Joe Biden, a guerra vai durar muito tempo, alimentada pelos próprios EUA e seus parceiros da Otan.

É hora de interromper a carnificina. É hora de parar com o envio de armas. Nem Putin, nem Otan!

Fonte: O Trabalho

PT de Maceió terá candidato a prefeito de Maceió em 2024

Esse foi o resultado da Plenária Municipal do Partido dos Trabalhadores de Maceió, que reuniu cerca de 200 militantes, hoje de manhã (23/09), no auditório do Sindicato dos Urbanitários.

A atividade que reuniu lideranças históricas e novos militantes, contou com a presença do deputado federal Paulão.

Durante a discussão, os petistas apontaram como certo, a construção de uma candidatura própria para a disputa da prefeitura de Maceió em 2024.

Segundo Marcelo Nascimento, presidente da legenda, “O PT terá candidatura própria e uma chapa proporcional competitiva”.

Os militantes também fizeram um balanço positivo dos 8 primeiros meses do governo Lula e da importância da mobilização popular. Segundo o professor Luizinho, militante histórico do partido, “é necessário muita mobilização popular para reconquistarmos nossos direitos, punir os golpistas e acabar com a tutela militar”.

O PT continuará a discussão com a militância, realizando seminários e eventos até o mês de abril do próximo ano, quando pretende concluir todo o processo de construção das candidaturas.

Foto: Adriana Emídio

PM da Bahia já matou 46 pessoas em setembro e torna-se a que mais mata no mundo

Só em 2022, a PM baiana matou 1.464 pessoas, enquanto que em todos os Estados Unidos, as forças de segurança mataram 1.201 pessoas. A maioria absoluta das vítimas são negros e pobres.

Segundo especialistas, a Polícia Militar da Bahia não prioriza o serviço de inteligência e as atuações preventivas, privilegiando o modelo de abordagens abertas, o que eleva consideravelmente o número de vítimas.

Só na madrugada deste sábado (23), na cidade de Crisópolis, a de 210 km de Salvador, mais cinco homens foram mortos a tiro. Segundo a Polícia Militar, eles foram baleados em confronto com as forças de segurança. A operação aconteceu um dia depois que cinco suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos na capital baiana, e 1 foi morto em Feira de Santana.

Com essas novas cinco mortes, total de assassinados pela PM baiana chega a 46 em setembro.

A maioria das mortes ocorreram durante operações policiais nos bairros periféricos da capital baiana. Em levantamento feito pelo g1, confira a cronologia das mortes:

  • 6 de setembro: sete homens mortos em uma operação policial em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia;
  • 6 de setembro: o último foragido suspeito de matar 10 pessoas em uma chacina em Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador, foi morto em troca de tiros Dias D’Ávila, também na Região Metropolitana de Salvador;
  • 3 a 7 de setembro: 11 suspeitos de integrar facções criminosas foram mortos em troca de tiros com a polícia Militar nos bairros de Alto das Pombas e Calabar, que são vizinhos. Durante os dias de operações, mais de 15 moradores dos bairros foram feitos reféns por suspeitos;
  • 10 de setembro: 2 pessoas foram mortas no Engenho Velho da Federação, bairro que fica próximo ao Alto das Pombas e Calabar;
  • 15 de setembro: 4 suspeitos e um policial federal foram mortos no bairro de Valéria, durante uma operação da Polícia Civil em conjunto com a Polícia Federal;
  • 16 a 21 de setembro: 10 suspeitos de envolvimento na ação que resultou na morte do policial federal foram mortos em Salvador e cidades da região metropolitana;
  • 22 de setembro: 5 suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos em Águas Claras, bairro de Salvador, e 1 foi morto em Feira de Santana, cidade a 100 km da capital baiana;
  • 23 de setembro: 5 suspeitos mortos após dois confrontos com policiais militares na madrugada deste sábado (23), na cidade de Crisópolis, a cerca de 212 km de Salvador.
  • Redação com Brasil 247

Patriotário que saiu da Papuda e voltou a atacar ministros do STF é preso novamente

Marcos Soares Moreira passou 120 dias encarcerado na Papuda e, logo após ganhar liberdade, foi às redes sociais para atacar ministros do Supremo e disparar: “Me prendam novamente. Não estou com medo”

“Seu desejo é uma ordem”, poderia dizer o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao determinar, nesta sexta-feira (22), a prisão de Marcos Soares Moreira, que passou 120 dias preso no Complexo da Papuda por participação nos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

Conhecido na horda extremista como “patriota capixaba”, Moreira, que recentemente foi colocado em liberdade sob a condição de cumprir medidas cautelares, resolveu desafiar o STF e gravou um vídeo com ataques aos ministros da Corte e pedindo para ser preso novamente

“Me prendam novamente. Eu não estou com medo (…) Jamais vou me curvar a vocês, bandidos, que têm o poder da caneta na mão, porém são bandidos. Alexandre de Moraes, Rosa Weber, todos vocês ai são bandidos, vagabundos. Não vou me curvar a vocês. Querem me prender, podem prender”, disparou o golpista na gravação, divulgada através das redes sociais.” Desafiou o patriotário, que agora volta para a cadeia.

De volta à cadeia 

Diante do descumprimento de medidas cautelares e do novo ataque, Alexandre de Moraes determinou que Marcos Soares Moreira volte à cadeia e o golpista, então, foi preso novamente na tarde desta sexta-feira (22) no Espírito Santo. 

“Mesmo ciente dessa proibição [de uso das redes sociais] e demonstrando total desprezo pela Justiça, o denunciado publicou dois vídeos na rede social TikTok, nos quais ataca esta corte e profere diversas ofensas à honra dos ministros que a integram. Em uma das publicações, convoca manifestantes para, no dia 12 de outubro de 2023, irem às ruas ‘contra essa pauta absurda que esta Justiça está colocando para ser votada para liberar o assassinato e o homicídio de bebês'”, escreveu Moraes em sua decisão. 

Fonte: Revista Fórum

CNJ investigará Moro por repasse irregular à Petrobrás na Lava Jato

Segundo o CNJ, Moro “violou transparência, prudência e imparcialidade”

O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, instaurou uma reclamação disciplinar contra o ex-juiz suspeito Sergio Moro e a juiza Gabriela Hardt para investigar o que considerou graves indícios de violações praticadas na Operação Lava Jato, entre 2015 e 2019. A informação é da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

Para a apuração, está sendo criado um grupo específico na Polícia Federal, em uma colaboração entre o CNJ e o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública. A decisão do corregedor surgiu com base no relatório da correição realizada pelo CNJ na 13ª Vara Federal de Curitiba e na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF-4, por onde correm os processos da Lava Jato nas duas primeiras instâncias. Vale destacar que, se Moro for punido, ele passará à condição de ficha suja e se tornará inelegível.

Salomão busca apurar o repasse de R$ 2,1 bilhões à Petrobrás por Moro e Hardt, que teriam atuado de maneira irregular. De acordo com a reportagem de Mônica Bergamo, “o montante teria sido transferido antes mesmo do trânsito em julgado de parte das ações penais, em um processo instaurado de ofício que não incluiu a participação de réus e investigados”.

Ao determinar a instauração da reclamação discipinar contra o ex-juiz suspeito, o corregedor citou um trecho do relatório da correição do CNJ que destaca a participação de Moro, Hardt, o ex-procurador Deltan Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato em violações reiteradas.

“Em período compreendido entre o ano de 2015 e o ano de 2019, na cidade de Curitiba, Paraná, o então juiz federal Sergio Fernando Moro e a juíza federal substituta Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, em atendimento aos interesses do então procurador da república Deltan Dallagnol, de procuradores da república da denominada força-tarefa da Lava Jato e de representantes da Petrobras, violaram reiteradamente os deveres de transparência, de prudência, de imparcialidade e de diligência do cargo ao promoveram o repasse de R$ 2.132.709.160,96” à estatal, “atribuindo a essa companhia a posição de vítima, conscientes de que a Petrobras estava sob investigação por autoridades americanas desde novembro de 2014, por conduta ilícita da empresa nos Estados Unidos da América”, diz o trecho.

Salomão também afirmou que a Lava Jato “elegeu a Petrobrás como vítima para todos os fins” e que os repasses se deram em um cenário de “vácuo informativo”, de forma que os prejuízos à estatal causados no período ainda não foram devidamente apurados.

Fonte: Brasil 247

Retrocesso no plano de saúde pode provocar nova paralisação dos trabalhadores da CASAL

Trabalhadores da CASAL podem realizar nova paralisação caso impasse em plano de saúde seja mantido

O Sindicato convoca os trabalhadores e trabalhadoras da CASAL para uma assembleia deliberativa, nesta segunda-feira, dia 25 de setembro, quando a categoria irá decidir sobre a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho – ACT, apresentada pela empresa em reunião de negociação no dia 21 de setembro.

Caso a CASAL promova retrocesso no plano de saúde, os trabalhadores prometem nova paralisação dos serviços.

A assembleia, que acontece de forma virtual e presencial, será no auditório do Sindicato, a partir das 18:30h.

Segundo a presidenta do Sindicato dos Urbanitários Dafne Orion, a categoria não aceitará retrocesso no plano de saúde. “Queremos a manutenção do plano que os trabalhadores já tem há mais de 20 anos, a definição do pagamento do retroativo no ano negociado e manutenção de todas as cláusulas, sem perdas.” afirmou Dafne.

Este ACT vem sendo discutido há quase cinco meses e, somente após uma paralisação dos trabalhadores e trabalhadoras, a CASAL garantiu avanço significativo nas negociações do Acordo Coletivo deste ano, com reposição integral da inflação, com pagamento de todo o retroativo à data-base e, ganho real no ticket alimentação.

Fonte: Ascom Urbanitários/AL

‘Lava jato’ movimentou R$ 22 bilhões sem qualquer transparência, diz TCU

O Tribunal de Contas da União identificou irregularidades na destinação de valores obtidos por meio de acordos de leniência e determinou que os montantes passem a ser destinados, em até 60 dias, ao Fundo de Direitos Difusos, do Ministério da Justiça. A decisão é desta quinta-feira (21/9).

A corte de contas chegou à conclusão de que a autodenominada força-tarefa da “lava jato” movimentou mais de R$ 22 bilhões, dinheiro proveniente de leniências e colaborações premiadas, sem que houvesse qualquer preocupação com transparência. Essa informação foi publicada originalmente pelo site O Cafezinho.  

Segundo o TCU, promotores e procuradores, entre eles os da “lava jato”, atuaram e continuam atuando como gestores públicos de dinheiro obtido por meio de instrumentos negociais, mas sem qualquer responsabilidade administrativa, dever de prestar contas ou transparência.

Além dos acordos de leniência, a decisão vale para multas e indenizações pecuniárias decorrentes de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) e ações judiciais promovidos pelo Ministério Público da União e pela Defensoria Pública da União.

O ministro Bruno Dantas, presidente do TCU, lembrou a tentativa da “lava jato” de Curitiba de criar um fundo bilionário com dinheiro da Petrobras, a ser administrado pelos próprios procuradores, para investir no que chamavam de “projetos de combate à corrupção”. Também disse que o TCU deve frear a transferência de patrimônio do Estado para viabilizar interesses de agentes públicos. 

“A grande verdade é que nós temos promotores e procuradores espalhados pelo Brasil que viraram verdadeiros gestores públicos. E o pior: sem a responsabilidade que os gestores públicos têm. O que está acontecendo é a transferência de patrimônio do Estado brasileiro para a gestão de agentes da lei. É disso que nós estamos tratando nesta tarde.”

Aplicação à margem
Venceu, por unanimidade, o entendimento do ministro Vital do Rêgo, relator do caso. De acordo com ele, a aplicação de valores oriundos de TACs e acordo de leniência ocorre à margem do ciclo orçamentário e não é possível mensurar como o dinheiro foi usado, já que nem sequer o Ministério Público tem um sistema ou mecanismo interno que permita a extração de informações. 

No caso da “lava jato” de Curitiba e do Rio de Janeiro, disse ele, o MPF divulgou apenas valores totalizados, “a fim de evidenciar o desempenho da operação”, mas sem revelar cronogramas de pagamentos, destinação de valores pactuados em acordos de leniência, parcelas pagas e remanescentes e transferência de multas e ressarcimento aos destinatários.

“Nos moldes atuais, não há controle estruturado que permita o levantamento dos valores de indenização em dinheiro e multas fixadas nesses acordos, nem a coleta de informações estatísticas ou qualificadas sobre os respectivos empregos e destinações desses montantes, incluídos entes e entidades beneficiárias”, disse o ministro. 

“Assim, a conduta do MPF não foi colaborativa, alegando a garantia da independência funcional para inviabilizar o compartilhamento de informações que dizem respeito à destinação dos valores que são públicos, embora o dever de transparência aplique-se a todos os órgãos e poderes da República, tendo como foco atender ao próprio cidadão.”

O relator também afirmou que os valores indentificados apontam que TACs e recursos de indenização em dinheiro e multas estão, “em descompasso” com as leis que tratam do tema, sendo destinados a órgãos e entidades públicas e privadas, incluindo organizações da sociedade civil e contas de terceiros, sem nenhuma transparência. 

A divisão, prosseguiu ele, não atende a critérios de gestão, controle e transparência típicos da natureza pública dos valores, nem observam regras de repasse de recursos da União. 

“Há contornos de política pública nessas decisões, as quais não passam pelo orçamento público, nem sob o aspecto de registro das receitas — correspondente ao valor da indenização pecuniária e das multas pactuadas nos TACs ou determinadas nas ACPs —, nem de seleção e controle da despesa — consistente na definição da atividade, programa ou política pública prioritária a ser executada, sua economicidade etc.”, prosseguiu o voto. 

O TCU mandou o MPU disponibilizar publicamente as parcelas efetivamente pagas em cada acordo de leniência e de colaboração premiada. Os dados devem abranger cronogramas, formas e prazos de pagamento pactuados. 

Além disso, devem ser disponibilizados os valores efetivamente compensados entre créditos da Fazenda Pública de qualquer natureza, como créditos tributários, e multas ou indenizações fixadas às empresas, por meio dos instrumentos negociais formalizados no âmbito do MPU.

Por fim, o TCU recomendou que o Ministério do Trabalho e a Casa Civil da Presidência avaliem a possibilidade de propor ao Congresso a criação de um fundo próprio para receber os recursos.

‘Lava jato’
A decisão do TCU ocorre no momento em que o Conselho Nacional de Justiça identificou indícios de “gestão caótica” no controle e destinação de valores obtidos em acordos da “lava jato”

Um grande desafio das inspeções é saber onde foi parar o dinheiro arrecadado com multas e que foi depositado em contas designadas pelo então juiz Sergio Moro e seus sócios. 

Na semana passada, a Corregedoria Nacional de Justiça divulgou o resultado parcial da correição extraordinária feita na 13ª Vara Federal de Curitiba e na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O procedimento encontrou indícios de conluio com o objetivo de desviar valores bilionários a serem usados pelo consórcio curitibano da “lava jato”. 

A conclusão é de que houve uma gestão caótica no controle de valores oriundos de acordos de colaboração e de leniência firmados com o Ministério Público Federal e homologados pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Por meio desses acordos, o grupo de procuradores de Curitiba recolheu e repassou à Petrobras R$ 2,1 bilhões entre 2015 e 2018, com autorização da 13ª Vara Federal, a título de ressarcimento pelos desvios praticados.

O dinheiro que foi enviado à Petrobras pela “lava jato” apenas para voltar como investimento em uma fundação de combate à corrupção faz parte dos R$ 3,1 bilhões que, em contas superestimadas pelo MPF curitibano, seriam “devolvidos aos cofres públicos”.

Já o acordo assinado entre a Petrobras e os procuradores da “lava jato” para criação da tal fundação permitiria ao grupo de procuradores gerir recursos bilionários. Em troca, a estatal repassaria informações confidenciais sobre seus negócios ao governo americano.

Outro indício de falta de zelo da Justiça Federal paranaense no sistema lavajatista está no fato de acordos de colaboração, de leniência e de assunção de compromissos serem homologados sem apresentação das circunstâncias da celebração e sem as bases documentais das discussões ocorridas entre as partes.

As cláusulas desses documentos prestigiavam a Petrobras, a “lava jato” e a intenção de criar uma fundação privada. Além disso, termos e minutas desses acordos foram discutidos com e avaliados pelo organismo Transparência Internacional, que por anos agiu como sócio dos lavajatistas.

Fonte: Conjur

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