Tomamos conhecimento desta declaração do Sindicato de docentes russos “Universidade Solidária”.

O texto, que é um chamamento à solidariedade, denuncia a perseguição a professores, servidores e estudantes das universidades russas por conta de seus posicionamentos contra a guerra, além de apontar o isolamento a que estão submetidos os cientistas russos e ucranianos.

Publicado originalmente em SOLIDARIEDADE UNIVERSITÁRIA – Site oficial do Sindicato Inter-regional dos Trabalhadores do Ensino Superior da Rússia.

Declaração do Conselho Central do Sindicato “Universidade Solidária”:

O chamado destacamento especial de tropas russas na Ucrânia, que tem provocado o sacrifício humano e a destruição, complicou seriamente a situação dos direitos humanos na própria Rússia. No país, a mídia independente do Estado é eliminada, as redes sociais são bloqueadas, são aprovadas leis que restringem significativamente a liberdade de expressão. De fato, pode-se falar da introdução da censura militar.

Os direitos trabalhistas dos professores e as liberdades acadêmicas também foram ameaçados. Há pressão das administrações universitárias sobre os trabalhadores do ensino superior que expressam abertamente uma posição antiguerra, e alguns colegas são forçados a renunciar. Tais casos foram registrados, em particular, na Academia de Direito do Estado de Saratov, na Universidade Humanitária dos Sindicatos de São Petersburgo, na Universidade Médica Pediátrica do Estado de São Petersburgo, na Universidade Pedagógica do Estado de Ural, na Universidade Estadual de Adyghe, na Universidade Nacional de Pesquisa, na Escola Superior de Economia e algumas outras. Estudantes que são ilegalmente ameaçados de serem processados ​​e expulsos das universidades por participarem de protestos pacíficos contra a guerra também estão sob pressão.

O sindicato “Universidade Solidária” condena veementemente qualquer perseguição a professores e alunos por suas posições cívicas. Apelamos a todos os colegas que enfrentam uma violação de seus direitos trabalhistas a denunciar isso ao sindicato e se juntar ao sindicato “Universidade Solidária” para lutar juntos contra os abusos dos funcionários da educação.

Ao mesmo tempo, o isolamento internacional da Rússia está se desenvolvendo rapidamente, incluindo o isolamento da comunidade acadêmica russa. A ciência que é naturalmente internacional não pode se desenvolver isoladamente. Seguramente nem todos os pesquisadores e professores russos apoiam a chamada operação especial e, portanto, um boicote acadêmico completo seria uma medida ilógica e prejudicial contra eles. Chamamos a comunidade científica e educacional internacional a se solidarizar com os colegas da Ucrânia e da Rússia.

Não há dúvida de que o resultado do isolamento do país será uma forte recessão econômica, a intensificação dos problemas sociais e a queda do padrão de vida. O aumento de preços já iniciado levará a um agravamento significativo da situação de todos os cidadãos russos, incluindo professores.

Hoje, no contexto da propaganda obsessiva do patriotismo militarista oficial, é importante ressaltar que o verdadeiro patriotismo não consiste em agradar as autoridades e aprovar qualquer de suas ações, mas em lutar pelo estabelecimento dos princípios do direito, do humanismo e paz em seu país. Esperamos que essa compreensão do amor à pátria seja compartilhada pela maioria de nossos colegas.

Na luta encontraremos nosso direito!

Fonte: O Trabalho

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