“Conhecemos muito bem as regras éticas que regem nossa profissão. É por isso que não compreendemos a censura que recebemos do Instagram”, disse a editora do coletivo, Laura Capriglione; página tinha 619 mil seguidores
O Jornalistas Livres, coletivo que reúne uma rede jornalistas independentes que atuam com reportagens, matérias e notícias em defesa da democracia e em prol dos direitos humanos, sofreu censura por parte do Instagram. A rede social, nesta segunda-feira (11), desativou o perfil do coletivo jornalístico.
Em nota, a editora do Jornalistas Livres, Laura Capriglione, condenou a atitude da empresa, que mantém ativas contas que desrespeitam regras da comunidade.
“O Instagram desativou indevidamente a conta dos Jornalistas Livres. Uma conta que tem até a data de hoje – 11 de outubro de 2021 – 619 mil seguidores, destinada a noticiar questões relativas aos direitos humanos, aos direitos ambientais e à defesa dos povos originários. Esta é, portanto, uma conta destinada a falar sobre a resistência do povo a um governo com clara inspiração nazista”, diz o início da nota.
“Nós, Jornalistas Livres, somos um veículo de comunicação formado por jornalistas experientes, que já trabalharam em jornais como Folha de S.Paulo, Veja, Globo, TV Globo, UOL, O Estado de S.Paulo, Brasil de Fato, Rede TVT, entre tantos outros veículos. Conhecemos muito bem as regras éticas que regem nossa profissão. É por isso que não compreendemos a censura que recebemos do Instagram”, escreve Capriglione em outro trecho do texto.
Segundo a editora, o Instagram enviou um aviso sobre a desativação da conta, mas o motivo não foi especificado. “Nossas únicas três publicações do dia foram: 1) dia do nascimento do sambista brasileiro e mangueirense Cartola; 2) card noticiando que a Força Aérea Brasileira (FAB) usará um termo de recusa de vacinação para militares que não queiram se imunizar; 3) um vídeo mostrando uma mulher negra revoltada porque tinha sido revistada, tornando-se alvo de humilhação pública em um estabelecimento das Lojas Americanas, em Salvador, na Bahia”, afirma, adicionando ainda que o vídeo da mulher revistada foi divulgado por inúmeros veículos, incluindo a Fórum.
“Nosso canal, os Jornalistas Livres, é uma das mídias que mais dá voz aos esquecidos, injustiçados e oprimidos do Brasil. Censurá-lo é o mesmo que censurar todas as heroicas publicações que denunciaram o assassinato criminoso (sim, a redundância é necessária neste momento) de George Floyd. É o mesmo que censurar a publicação das cenas terríveis que mostraram o genocídio judeu durante a Segunda Geurra Mundial. É o mesmo que calar sobre um corpo que sangra, consentindo na sua morte”, diz ainda a nota do coletivo.
Laura Capriglione informou que já recorreu junto ao Instagram para recuperar a conta dos Jornalistas Livres e, enquanto a empresa não delibera sobre o assunto, o coletivo mantém uma conta alternativa na rede social. Acesse aqui. O site dos Jornalistas Livres, por sua vez, pode ser acessado aqui.
Confira, abaixo, a íntegra da nota dos Jornalistas Livres sobre a censura sofrida.
Fonte: Revista Forum