Acusação faz parte de ampla investigação sobre a empresa do filho ‘zero quatro’ do ex-presidente Jair Bolsonaro
Na mesma semana em que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) é indiciado pela Polícia Federal por associação criminosa e inserção de dados falsos em seu cartão de vacinação, seu filho Jair Renan Bolsonaro é denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso.
A informação da denúncia envolvendo Jair Renan foi divulgada pelo O Globo nesta quarta-feira, (20). De acordo com o jornal, o filho “zero quatro” de Bolsonaro foi investigado por supostamente usar um documento com informações falsas de sua empresa para obter um empréstimo bancário, que não foi pago.
O nome de Jair Renan surgiu em meio a uma investigação mais ampla envolvendo seu sócio, Maciel Alves, apontado como o mentor de um esquema de fraudes com crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
De acordo com o inquérito da Polícia Civil, no caso do filho do ex-presidente, a suspeita era uma declaração de faturamento de R$ 4,6 milhões da Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia. A investigação aponta que Jair Renan e o sócio Maciel Alves utilizavam estes valores para buscar lastro para um empréstimo bancário. A empresa tinha como principal ramo de atuação fornecer “serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas”.
“Não há dúvidas de que as duas declarações de faturamento apresentadas ao banco são falsas, por diversos aspectos, tanto material, em razão das falsas assinaturas do Técnico em Contabilidade […], que foi reinquirido e negou veementemente ter feito as rubricas, quanto ideológico, na medida em que o representante legal da empresa RB Eventos e Mídia fez inserir nos documentos particulares informações inverídicas consistentes nos falaciosos faturamentos anuais”, afirmaram os investigadores, no relatório final do caso, segundo O Globo.
Ainda segundo as investigações, a dupla contraiu pelo menos três empréstimos no Banco Santander. De acordo com a Polícia Civil do DF, Jair Renan teria se beneficiado de parte dos valores obtidos de forma ilícita, pois eles foram utilizados para pagar a fatura do cartão de crédito de sua empresa, no valor de cerca de R$ 60 mil.
Em depoimento, de acordo com O Globo, Jair Renan afirmou não reconhecer suas assinaturas nas declarações de faturamento supostamente falsas e negou ter requisitado empréstimos. Perito, testemunhas e até imagens de seu login no aplicativo bancário vão de encontro a tese apresentada por ele.
Procurado, o advogado do filho do ex-presidente, Admar Gonzaga, enviou uma mensagem afirmando que a defesa vai manifestar sua posição nos autos e criticou o vazamento da investigação. “Esses vazamentos têm causado o chamado strepitus fori, muito prejudicial à defesa, ao devido processo, à presunção de inocência e, assim, à imagem de quem tem o direito de se defender. A sociedade perde o status de legalidade e humanidade com essa situação”, afirmou.
Fonte: Brasil de Fato