As vinícolas Aurora e Garibaldi faturaram juntas cerca de R$ 1 bilhão em 2021. As empresas estão envolvidas no caso dos 207 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, na semana passada.
Com crescimento de 6,5%, foi o terceiro ano consecutivo que a Aurora atingiu o melhor desempenho da sua história. A empresa projeta atingir até 2025 o seu primeiro bilhão de faturamento anual.
Entre os produtos que ajudaram a chegar aos R$ 746 milhões negociados, o grande destaque foi o espumante tipo Moscatel, com a venda de 3,7 milhões de garrafas. O volume representa um aumento de 29% em relação à 2020.
A vinícola fechou o ano com a comercialização de mais 1,5 milhão de litros para 21 países, o que significou num inédito incremento de 88% no faturamento e de 89% em volume. O principal destino foi a Ásia.
A Cooperativa Vinícola Garibaldi encerrou 2021 contabilizando um crescimento próximo da casa dos 30%. O faturamento chegou a R$ 243,5 milhões, estabelecendo um avanço de 29% em relação a 2020. A empresa contabilizou a venda de 19,5 milhões de litros de vinhos, espumantes e sucos de uva. A cooperativa chegou aos 5 milhões de garrafas de espumantes comercializadas, volume 31% maior na relação com 2020.
Na quinta (2), a direção da vinícola Aurora disse que está envergonhada com os relatos envolvendo sua relação com a Fênix Prestação de Serviços. No dia 22, uma operação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) com a Polícia Federal (PF) resgatou mais de 200 trabalhadores da colheita de uva em um alojamento da Fênix na cidade de Bento Gonçalves.
A empresa é investigada por manter o trabalho escravo. Os trabalhadores estavam em condições desumanas e viviam sob ameaças e vigilância armada. Eles só podiam sair para trabalhar.
“Aprendemos com aqueles que vieram antes que, sem trabalho, nada seríamos. O trabalho é sagrado. Trair esse princípio seria trair a nossa história e trair a nós mesmos. Entretanto, ainda que de forma involuntária, sentimos como se fora isso que fizemos”, disse a Aurora em trecho de uma carta aberta.
A Garibaldi também divulgou uma nota afirmando que repudia “qualquer prática que afronte o respeito ao ser humano ou comprometa sua integridade”.
“Com surpresa e indignação, a vinícola recebeu as denúncias de práticas análogas à escravidão exercidas por uma empresa terceirizada, contratada para suprir a demanda pontual e específica do descarregamento de caminhões no período da safra da uva. Prontamente, a Cooperativa Vinícola Garibaldi encerrou o contrato de prestação de serviço e colocou-se integralmente à disposição das autoridades competentes para colaborar de todas as formas com as investigações necessárias”, afirmou.
Fonte: DCM