Nas últimas 24 horas, mais de 376.000 deslocados retornaram ao norte de Gaza, segundo o escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha). Após 15 meses de bombardeios intensos, o norte da Faixa de Gaza está completamente devastado, tornando ainda mais difícil o retorno dos palestinos.

Milhares de pessoas estão retornando ao norte do enclave e às suas casas. “Mulheres grávidas ou que amamentam, idosos, pessoas com deficiência, doentes crônicos ou que necessitam de ajuda médica urgente, além de menores desacompanhados, fazem parte dos grupos vulneráveis entre os deslocados que enfrentam essa difícil jornada a pé”, afirmou o escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha). No local, o cenário é de desolação.

“Estamos falando de 42 milhões de toneladas de escombros que precisam ser removidos. Para isso, é necessário equipamento especializado. Também há um grande risco de encontrar munições não detonadas, restos de explosivos”, explica Clémence Lagouardat, responsável pelas operações em Gaza para a ONG Oxfam, em entrevista a RFI.

No meio das ruínas, a gestão da água potável também é particularmente delicada: “Por enquanto, há alguns pontos de água funcionando”, continua ela. “E as ONGs estão tentando estabelecer caminhões-tanque e pontos de distribuição em vários locais para que as pessoas tenham acesso à água potável. Mas, neste momento, a rede não está funcionando. Ela foi muito destruída.”

Trégua

O acordo por um cessar-fogo na Faixa de Gaza entrou em vigor em 19 de janeiro, permitindo também a libertação de reféns e prisioneiros dos dois lados.

Imagens de segunda-feira mostram diversos habitantes de Gaza, entre homens, mulheres e crianças, caminhando, carregados de malas ou empurrando carroças, pela estrada costeira para o norte do território palestino.

Longas filas de veículos se formaram em Nuseirat, em virtude da previsão da abertura da passagem para os automóveis, o que deve acelerar ainda mais esse enorme movimento de retorno.

O movimento islamista palestino se comprometeu, na noite de domingo, libertar três reféns nesta quinta-feira, incluindo Arbel Yehud, uma civil de 29 anos, e Agam Berger, de 20 anos, sequestrada enquanto cumpria serviço militar perto de Gaza. E mais três no sábado.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou que o Hamas entregou “uma lista com as condições de todos os reféns”.

O governo israelense disse na segunda-feira que oito dos reféns que poderiam ser libertados nas próximas semanas estão mortos, de acordo com o documento recebido do movimento islamista, que “coincide com o dos serviços de inteligência israelenses”, disse um porta-voz do governo.

Na segunda-feira à noite, a Jihad Islâmica, grupo armado aliado ao Hamas, divulgou um vídeo de um minuto no qual aparece Arbel Yehud, visivelmente abalada, pedindo a Netanyahu que faço todo o possível para libertar os reféns.  

Troca de prisioneiros

A guerra em Gaza começou com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.210 mortos do lado israelense, em sua maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais.

Um total de 251 pessoas foram sequestradas naquele dia. Delas, 87 seguem presas, das quais 34 morreram, segundo o Exército.

A ofensiva lançada em represália por Israel na sitiada Faixa de Gaza deixou pelo menos 47.317 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas.

A primeira fase do acordo de cessar-fogo deve durar seis semanas e permitirá a liberação de um total de 33 reféns contra 1.900 prisioneiros palestinos.

Nesta primeira fase está prevista a negociação das modalidades da segunda, que deve permitir a libertação dos últimos reféns, antes da última etapa, que deve iniciar o processo de reconstrução de Gaza e a devolução dos corpos dos reféns que morreram em cativeiro.

Fonte: MSN

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