Maior impacto foi provocado por fraco crescimento de vendas no Oriente Médio, após franquia israelense anunciar doações diárias de lanches a soldados que atuam em Gaza

A rede multinacional norte-americana de fast food McDonald’s informou nesta segunda-feira (05/02) que registrou seu primeiro fracasso trimestral em vendas em quase quatro anos.

Segundo o informe que baseou o anúncio, o principal resultado por esse resultado foi o baixo índice observado por suas filiais na Ásia, especialmente na região do Oriente Médio.

Após o 7 de outubro, quando Israel intensificou as operações militares na Faixa de Gaza em resposta à ofensiva lançada naquele mesmo dia pelo Hamas, a empresa passou a manifestar abertamente seu apoio às medidas tomadas pelo governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu.

Em consequência, consumidores da gigante do setor alimentício, especialmente no Oriente Médio, passaram a boicotar a empresa por seu apoio a Israel.

Lanches grátis a soldados 

No primeiro estágio da guerra, a filial McDonald’s Israel anunciou que forneceria refeições gratuitas aos soldados e aos hospitais das Forças Armadas de Israel (IDF, por sua sigla em inglês). A promessa feita pelo dono da franquia em Tel Aviv, Omri Padan, consistia na doação diária de quatro mil lanches para os militares, profissionais de saúde e moradores das regiões afetadas pela ação do Hamas.

A informação foi divulgada por meio de um story (publicação que expira em 24 horas) na conta oficial do Instagram da franquia israelense, em outubro de 2023. Na ocasião, o McDonald’s Israel explicou que havia reservado cinco unidades da empresa que serviriam exclusivamente as forças de segurança. 

“O McDonald’s doou e continua doando dezenas de milhares de refeições para unidades das IDF, polícia, hospitais, moradores na fronteira de Gaza e todas as forças de resgate. Continuamos doando milhares de refeições diariamente para nossas forças em todo o país. Além de um desconto de 50% para soldados e forças de segurança que vierem às nossas unidades”, informava a postagem.

Por outro lado, as franquias do McDonald’s na Arábia Saudita, Omã, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Turquia emitiram comunicados se desassociando e enfatizando que a decisão tomada por Israel foi “individual”.

Em janeiro, o presidente do McDonald’s, Chris Kempczinski, alertou que a “desinformação” sobre a marca, principalmente no Oriente Médio, estava prejudicando as vendas.

“Vários mercados no Oriente Médio e alguns fora da região estão experimentando um impacto comercial significativo devido à guerra e à desinformação que está afetando marcas como o McDonald’s”, escreveu Kempczinski em seu Linkedin, classificando a situação de “desanimadora” e o boicote como “infundado”.

Os prejuízos anunciados nesta segunda-feira se concentram no quarto e último trimestre de 2023, entre outubro e dezembro, período que coincide com o início das operações militares israelenses no território palestino. Ainda que em dois meses as vendas globais tenham aumentado 3,4%, o resultado foi abaixo da alta esperada de 4,7%, de acordo com os números divulgados por analistas da FactSet, uma empresa norte-americana de dados financeiros e software.

Em comparação ao mesmo período do ano anterior, as vendas do McDonald’s nas franquias internacionais revelaram um tímido aumento de 0,7%, muito distante das estimativas de crescimento de 5,5%, de acordo com as especulações da LSEG (London Stock Exchange Group), um tradicional provedor de dados do mercado financeiro de Londres. 

Ainda segundo o jornal Valor, a taxa de 0,7% é bem menor do que o crescimento de 4,3% obtido pela rede nos Estados Unidos e de 4,4% em outras filiais do mundo.

Fonte: Ópera Mundi

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