PAULO MEMORIA – jornalista e cineasta

“A Lava Jato é o maior escândalo judicial da história”. Quem chegou a esta conclusão foi o Ministro do STF Gilmar Mendes, após as denúncias daquele que já é o maior escândalo jurídico da história mundial, envolvendo integrantes do poder judiciário de um país. Esta operação “anti-corrupção”, agora o sabemos, não passou da formação de uma quadrilha, com fins espúrios de destruir o PT e sua principal liderança, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, para ascenderem ao poder sem maiores obstáculos. Atingiram plenamente seus intentos criminosos, pois foi esta organização mafiosa quem construiu as bases do golpe do impeachment sem provas dos crimes de responsabilidade, que teriam sido, pretensamente, cometidos pela Presidenta Dilma Roussef em 2016, bem como foram suas distorções dos fatos que condenaram e levaram a prisão de Lula em 2018, também sem uma única prova que a justificasse. A sentença e a prisão de Lula foram baseadas apenas em “convicções” e por um tal “ato de ofício indeterminado”, instrumento jurídico do qual nunca se ouviu falar no direito internacional. Deve ser do direito do “russo” (apelido de Sérgio Moro na Lava Jato), que condena réus sem amplo direito a defesa, tendo por alicerce apenas delações premiadas, notícias de jornais e revistas e ridículos Power Point. A ampla defesa, um instrumento do direito aceito e praticado mundialmente há séculos, foi veementemente negado a Lula. Esta condenação do ex-presidente, certamente, foi uma das maiores arbitrariedades já cometidas contra um cidadão brasileiro na história do nosso judiciário. O ex-juiz Sérgio Moro, o promotor do MPF Deltan Dallagnou e et caterva, que integravam a esta organização, só não irão presos, em razão das gravações dos hackers que desmascararam a “força tarefa de Curitiba” e divulgadas pela Intercept, no escândalo já conhecido como Vaza Jato, terem sido obtidos ilegalmente.

A Lava Jato atuava marginalmente, isto é, a margem do devido processo legal e da própria constituição brasileira. Agia criminosamente ao reverso das leis vigentes do país. Esta operação não passou de imensa falcatrua histórica, que envergonha e enlameia o poder judiciário perante as nações. Sérgio Moro é seus cúmplices, a despeito de terem quebrado o Brasil, prestaram um irreversível desserviço ao nossa justiça, que está totamente desmoralizada perante o mundo, pelas ações de meliantes que se diziam operadores da Lei. A Lava Jato rompeu com todos os limites da ética jurídica, da moralidade institucional e das garantias constitucionais. Foi de fato, o maior atentado já cometido contra a democracia, em nada devendo aos golpes de caserna ao longo da nossa história, sendo o último deles o golpe militar de 64. Sem a malfadada Lava Jato, certamente, o bolsonarismo não existiria, e a tragédia econômica e sanitária a qual estamos assistindo, provavelmente não teria ocorrido, dando-se o devido benefício da dúvida, outro instrumento jurídico pelo qual a Lava Jato não têm o menor apreço. A saga lavajatista vai de encontro a “Justiça Para Todos”, titulo de um bom filme de 1979, estrelado pelo maravilhoso Al Pacino, que proporciona um excelente diálogo entre ética, direito e justiça. A República de Curitiba, não passou de um autêntico Tribunal de Exceção, com um juiz a serviço de um projeto totalitário de poder. Não foi por acaso que Sérgio Moro virou um serviçal de Bolsonaro, a quem deu contribuição fundamental para que fosse eleito. O que me causa estranheza, é o fato de um juiz particularmente medíocre, inexpressivo e incompetente, conseguir destruir em pouco tempo, os pilares de uma democracia que suponhamos consolidada com o término do regime de exceção. A suspeição de Moro tem que ser mantida, para que ele possa responder pelas dezenas de crimes que cometeu contra o Estado Democrático de Direito.

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