Deputado está em greve de fome há mais de 8 dias em protesto contra a cassação de seu mandato

Em vídeo postado no perfil do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), o ator Wagner Moura presta apoio e solidariedade ao parlamentar e cita “evidente teor de perseguição política” (assista abaixo).

Glauber está em greve de fome, acampado na Câmara dos Deputados, em Brasília, em protesto contra a cassação de seu mandato, desde o dia 9 de abril, completando 8 dias sem comer.

Moura afirma que a perseguição a Glauber se deve ao seu perfil, de “uma pessoa de coragem“, que “está sofrendo as consequências por ser o político que é, e pelas coisas que diz“.

Tudo começou em abril de 2024, quando Glauber se envolveu em uma confusão com Gabriel Costenaro, um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).

Durante uma discussão no Salão Verde da CâmaraCostenaro fez comentários ofensivos sobre a mãe de GlauberSaudade Braga, que estava doente na época e faleceu semanas depois.

Irritado, Glauber expulsou o ativista com empurrões e chutes, o que foi considerado quebra de decoro parlamentar pelo Partido Novo, que abriu uma denúncia contra ele.

No dia 9 de abril, o Conselho de Ética da Câmara aprovou, por 13 votos a 5, um relatório do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) que recomenda a cassação do mandato de Glauber.

Inconformado, ele anunciou a greve de fome e disse que não sairá da Câmara até o processo ser concluído.

Para Glauber e seus aliados, a cassação é uma perseguição política orquestrada pelo ex-presidente da CâmaraArthur Lira (PP-AL), como retaliação às denúncias de Glauber contra o “orçamento secreto” – um esquema de distribuição de verbas parlamentares sem transparência.

Após 8 dias sem comer, Glauber já perdeu 4,6 quilos, segundo sua assessoria. Ele está ingerindo apenas água, isotônicos, água de coco e soro fisiológico, seguindo recomendações médicas para evitar desidratação.

Sua equipe informou que ele faz exames de sangue diários e é acompanhado por médicos voluntários e brigadistas da Câmara. Apesar de estar debilitado, com sinais de fraqueza, ele segue firme no protesto.

Médicos alertam que jejuns prolongados podem causar riscos graves, como hipoglicemia, confusão mental e até danos aos órgãos, mas Glauber tem mantido uma rotina tranquila, dormindo cerca de 4 horas por noite e até assistindo séries como Black Mirror para relaxar.

O processo de cassação ainda não acabou. Glauber tem até o dia 22 de abril para apresentar um recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que pode suspender ou anular a decisão do Conselho de Ética se encontrar irregularidades no processo.

Caso o recurso seja rejeitado, a cassação vai para votação no plenário da Câmara, onde precisa de 257 votos (maioria absoluta dos 513 deputados) para ser aprovada.

Parlamentares do PSOL e aliados, como o PT, estão articulando para evitar que o caso chegue ao plenário ou para garantir que a cassação seja revertida.

Glauber tem recebido apoio de várias figuras importantes, como os ministros Gleisi HoffmannMárcio MacedoSidônio Palmeira e Macaé Evaristo, além de parlamentares como Talíria Petrone e Lindbergh Farias.

Movimentos sociais, sindicatos e até artistas, como o ator Marco Nanini, também manifestaram solidariedade.

A deputada Sâmia Bomfim, esposa de Glauber, tem sido uma presença constante, levando o filho do casal, Hugo, de 3 anos, para visitar o pai.

Até o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido de Bolsonaro, surpreendeu ao se posicionar contra a cassação.

Por outro lado, há críticas. Alguns parlamentares e setores da imprensa, como a Gazeta do Povo, apontam que Glauber é conhecido por atitudes confrontadoras e que o incidente com o MBL justifica a punição.

Para Glauber e o PSOL, a cassação não é só sobre o episódio com o MBL, mas um ataque à esquerda e à democracia.

Eles argumentam que a punição é desproporcional, especialmente quando comparada a casos como o do deputado Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar Marielle Franco, que ainda não teve sua cassação votada.

O protesto de Glauber também reacende o debate sobre o “orçamento secreto” e o poder do Centrão na política brasileira.

Fonte: Urbs Magna

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