Flávio Show – Funcionário dos Correios

Maceió, 07 de Abril de 2024

A cena se repetiu, um “menino” maluquinho resolveu aprontar usando seu brinquedinho de um milhão de reais. O empresário Fernando Sastre matou o motorista por aplicativo Ornaldo Viana com suas peripécias noturnas à bordo de um Porsche, regadas de irresponsabilidade e desprezo pela vida alheia. Essa história de horror mostra mais uma vez que a lei no Brasil é medida pela fortuna escondida embaixo do colchão.
A polícia de São Paulo tão rude nas favelas, se mostrou muito afável com o filho da elite, deu um tchau ao assassino que saiu de mão dada com a mãmae sem fazer sequer o teste do bafômetro. Fernando foi pra sua “casinha” e só voltou à cena nos braços da mãe e com seu advogado, coisas de rico. E o Ornaldo? Era só mais um trabalhador deitado no asfalto.

No Brasil tupiniquim os rabiscos da impunidade são seculares, principalmente no trânsito. A potência do motor serve como salvo conduto para ricaços saírem armados de casa com os tanques cheios em carros com calibres de ponto 50 embaixo do capô.
O caso de Thor Batista, filho de Eike Batista foi mais uma página de jornal na coluna de obituários ao matar o ciclista Wanderson Pereira com sua Mercedes Benz. Thor foi absolvido em 2° instância e 12 anos depois do acidente a mídia tradicional prefere veicular a nova caricatura do playboy, agora não mais como causador da morte de um trabalhador, mas como pai de família e aparência envelhecida. E o Wanderson? Quem? A mídia tradicional já o esqueceu.

Poderia passar anos escrevendo sobre casos assim ou criar charges que mostrariam carros luxuosos sendo guiados por meliantes customizados com milhões de dólares no porta malas, mas antes de terminar essa frase, com certeza outro suburbano pode tá na mira de um lunático endinheirado ao volante.
Nao foi o Porsche, não foi a Mercedes-Benz, foi o Fernando, foi o Thor, pois devemos tratar esses casos pelo nome e deixar de romantismo, evidenciando a arma usada e esquecendo quem apertou o gatilho, digo, o acelerador.

O Pasquim tá de luto, não, não foi outro acidente de trânsito. Ziraldo nos deixou com todas as suas maluquices, seus rabiscos, suas charges e sua eterna luta contra o período mais aterrorizante que o Brasil já viveu. Ziraldo combateu a Ditadura rabiscando, escrevendo, desenhando no O Pasquim, o jornal semanal que se contorceu por décadas pra informar e politizar milhões de brasileirinhos.
No fim de sua vida Ziraldo ainda passou 4 anos com a sensação que tudo aquilo que vivera, renascia. Ainda bem que temos outros jornais como O Pasquim , Millôr Fernandes abriu caminho para novos “deliquentes”, Jaguar, que não é marca de carro, deixou todo seu conhecimento nas páginas amareladas do folheto semanal. Todos, agora com o advento da internet puseram fim na tentativa de um novo golpe.
Ziraldo como bom mineiro conseguiu uma legião de fãs, sempre comendo pelas beiradas à ponto de deixar todos malucos, inclusive seus algozes.
Quem nunca colocou uma panela na cabeça não sabe nem rabiscar uma reflexão.

Reflexões Flávio Show 2024 , ano 04 – Edição 174

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