Maceió está vivendo uma endemia de meningite tipo B. A capital tem também as mais altas taxas de mortalidade da doença no Brasil.

Enquanto a letalidade no Brasil é de 21,4 entre os que contraíram a doença, em Alagoas é de 33,3 entre os pacientes na faixa etária de cinco anos de idade. Na capital, o índice de mortalidade é de 55,6. Quando avaliada a taxa de mortalidade entre os pacientes menores de um ano de idade, o índice de óbitos chega a 80%. Os epicentros da doença na capital são nos bairros do Jacintinho e Benedito Bentes.

As informações foram repassadas pela presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, médica Medjane Alves de Lemos Nunes, durante a audiência pública para discutir os números da doença, realizada na sede do Ministério Público Federal, na tarde de ontem.

Um dos pontos de especial interesse da audiência pública foi a inclusão da vacina contra meningite do tipo B no Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Sistema único de Saúde (SUS).

De janeiro a junho de 2023, Alagoas registrou 29 casos de meningite, sendo 21 em Maceió. Na época, o Ministério da Saúde reconheceu que a capital passava por um surto da doença. Este ano, os números aumentaram: nos primeiros seis meses, foram 39 casos em todo o estado, sendo 19 em Maceió. Pelo menos seis óbitos já foram confirmados. Há ainda um novo óbito sendo investigado. Uma menina de cinco anos de idade, residente em Satuba. Ela faleceu no último domingo.

Uma estudante de Maceió também contraiu a doença. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, o órgão já adotou todas as providências necessárias e passou orientações aos pais, responsáveis e professores da unidade. Nos próximos 10 dias, a Escola Municipal Doutor José Carneiro, situada no Cepa, no Farol, onde a aluna é matriculada, no 3°ano vai ter reforço no monitoramento para identificar possíveis novos sintomas nos frequentadores.

A secretaria divulgou que pessoas que tiveram contato com a paciente receberam a profilaxia, que é o uso de antibiótico.

Autoridades querem vacinação contra a doença na rede pública

O aumento dos casos de meningite e a alta taxa de letalidade registrada no Estado foi discutida, na tarde de ontem, na sede do Ministério Público Federal, durante a audiência pública: “A situação dos casos de doença meningocócica em Alagoas e a viabilidade de introdução da vacina contra o meningococo tipo B na rede pública”.

Estiverem presentes representantes das secretarias estadual e municipal de saúde, Ministério Público Estadual, Conselho Regional de Medicina, Sociedades Alagoanas de Pediatria e Infectologia, Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas, além do deputado estadual Alexandre Ayres, ex-secretário de saúde do Estado.

O órgão federal afirmou que o objetivo da audiência pública é entender o cenário atual, além de debater a necessidade da vacinação contra a meningite para a rede pública. A audiência foi conduzida pelo procurador da República Bruno Lamenha, procurador regional dos Direitos do Cidadão. O Ministério da Saúde participou de forma remota. O diretor do departamento do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti Fernandes, representou o Ministério.

De acordo com o Ministério da Saúde, embora a proposta esteja sendo estudada internamente, o alto custo da vacina e o fato dela ser produzida fora do Brasil por um único laboratório são complicadores para que essa incorporação possa acontecer no curto ou médio prazo.

“O Ministério Público Federal acompanha a situação da meningite em Alagoas desde agosto do ano passado, quando o Ministério da Saúde esteve em Maceió pela primeira vez devido ao surto de meningite B enfrentado em 2023. Apesar de uma desaceleração nos casos, a incidência de novos casos persiste em ritmo constante, mantendo Alagoas em alerta, especialmente Maceió”, afirmou o procurador.

De acordo com o procurador, é papel do Poder Público, no nível federal, estadual e municipal, encontrar caminhos para prover todos os meios disponíveis para proteger a população, inclusive a vacina”, salientou o procurador regional dos direitos do cidadão.

O presidente da Sociedade Alagoana de Pediatria, médico Marcos Gonçalves explicou que estão em alerta sobre o aumento do número de casos de doença. (V.C.)

Fonte: Tribuna Hoje

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