Justiça brasileira determinou investigação contra Yuval Vagdani, que estava no Brasil a turismo, a partir de denúncia feita por fundação belga que defende os direitos dos palestinos
O soldado israelense Yuval Vagdani fugiu do Brasil após a Justiça Federal determinar uma investigação da Polícia Federal (PF) contra ele por supostos crimes de guerra cometidos em Gaza. Na noite do último sábado (4), Vagdani, que estava no país a turismo, embarcou em um voo comercial de Salvador para Buenos Aires. A saída do militar do Brasil foi articulada pela Embaixada de Israel.
A decisão judicial, publicada em 30 de dezembro pela juíza federal Raquel Soares Charelli, atendeu a uma notícia-crime apresentada por advogados brasileiros em nome da Fundação Hind Rajab (HRF). A organização, sediada na Bélgica, acusou Vagdani de envolvimento em ações que incluem a demolição de residências civis na Faixa de Gaza. Segundo a HRF, essas ações constituem crimes contra a humanidade e genocídio, conforme tratados internacionais como a Convenção de Genebra e o Estatuto de Roma.
Documentos apresentados pela HRF incluem vídeos, dados de geolocalização e mensagens postadas pelo soldado nas redes sociais. Em uma delas, Vagdani teria escrito: “Que possamos continuar destruindo e esmagando este lugar imundo sem pausa, até os seus alicerces”.
Em nota, o governo israelense criticou a ação judicial brasileira, acusando a HRF de explorar “de forma cínica os sistemas legais para fomentar uma narrativa anti-Israel”. https://d-22993903414116890263.ampproject.net/2410292120000/frame.html
Já a Fundação Hind Rajab destacou a importância histórica do caso, afirmando que esta é a primeira vez que o Brasil aplica diretamente disposições do Estatuto de Roma sem recorrer ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Ataque a Lula
Em publicação nas redes sociais, o jornalista Hananya Naftali, assessor do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela decisão da Justiça brasileira de investigar o soldado acusado de crimes de guerra.
“Lula, o homem próximo de ditadores e terroristas do Hamas, agora usa o judiciário brasileiro como arma para atacar Israel enquanto protege seus aliados corruptos. Israel é alvo de terroristas, e Lula os defende”, escreveu.
Lula foi defendido pela Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), que classificou a fuga de Vagdani do Brasil como uma “ofensa à soberania brasileira”.
“Em flagrante violação à soberania brasileira, Israel facilitou a fuga de soldado israelense Yuval Vagdani, acusado de crimes de guerra e alvo de investigação no Brasil. Agora, a gangue genocida vira sua máquina de propaganda contra Lula e contra o Estado Brasileiro. Quem está sendo investigado por genocídio é Israel, não o Brasil. Quem se esconde para evitar a prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional é o genocida Netanyahu, não o presidente Lula”, diz nota divulgada pela entidade.
Fonte: Revista Fórum