Conforme o Sinprocorpal, “houve demissão em massa na rede pública estadual e professores não estão sendo pagos”

Os professores da rede estadual do Governo de Alagoas afirmam estar sofrendo com a negligência do Estado com a pasta da educação. Segundo o Sindicato dos Professores Contratados da Rede Pública de Alagoas (Sinprocorpal), escolas por todo o estado estão sendo prejudicadas por causa de uma demissão em massa sem planejamento de reposição e profissionais da educação estão tendo que recorrer a doações de cestas básicas por causa de salários atrasados.

Manifestações dos professores por conta da situação foram realizadas na capital. “Estávamos em um protesto no mês de fevereiro passado em frente ao Palácio República dos Palmares, no Centro de Maceió, e o que o Governo fez foi colocar policiais apontando armas para nós”, afirmou um dos diretores do Sinprocorpal.

O presidente do Sinprocorpal, Autanildo de Freitas, afirmou que o secretário da Educação do Governo do Estado, Marcius Beltrão, “não está tendo capacidade de gerir a pasta”. “Ele não conhece a realidade da educação do estado e começou errado. Primeiro, ele demitiu quase cinco mil professores em todo o estado que teriam contratos vencidos ainda em setembro deste ano. Então, quando o ano letivo foi iniciado, muitas escolas não tinham professores justamente por causa das demissões. A educação do estado de Alagoas sempre funcionou com 90% de professores contratados. Embora tenham feito um concurso e chamado quase três mil professores, a carência ainda é muito grande. Então, vemos, em várias escolas estaduais, os alunos denunciando que não têm professor. Já fizemos 20 denúncias no Ministério Público Estadual, que não se pronunciou em nada e está sendo conivente com essa falta de professores nas escolas estaduais”, disse o presidente do sindicato.

Além das denúncias no Ministério Público, Autanildo diz que o sindicato também já entrou com ações na Procuradoria do Trabalho. “Mas não obtivemos sucesso também por lá”, afirmou.

Autanildo também afirma que as muitas escolas prejudicadas em Alagoas com a falta de professores estão funcionando em apenas um período. “A maioria das instituições de ensino tem aula até o primeiro período, 9 horas da manhã, e depois disso as escolas liberam os alunos, porque não têm professor. Tem também escola que não tem merenda. Então liberam mais cedo porque não têm professor e também não têm merenda”, disse o sindicalista.

O presidente explica que a demissão em massa que houve no estado aconteceu porque muitos professores tinham contratos feitos em 2017, que terminariam em 2019. “Por conta da pandemia, não foi possível fazer outro PSS. Então, esses contratos continuaram de 2017 até o final de 2022. A outra parte de professores, que entraram no PSS de 2019 [antes da pandemia], iria ficar até setembro deste ano de 2023, mas o secretário Marcius Beltrão achou melhor demitir todos esses professores, e agora está chamando os concursados de 2021, mas não está suprindo a carência”, afirmou.

“Cerca de 1.500 professores estão com salário atrasado”

De acordo com o sindicato, muitos professores contratados pelo Estado estão sem receber salário desde fevereiro passado. “São cerca de 1.500 professores nessa situação. Só irão receber no final de abril. O certo era receber no mês trabalhado. E também os professores contratados em 2017 que foram demitidos tinham direito de receber suas férias. O secretário demitiu para não pagar as férias em janeiro”, disse o presidente.

O diretor do Sinprocorpal, Evandro Pedrosa, afirma que a situação é difícil e ele mesmo está há três meses sem receber. “Isso nunca aconteceu. A gente só quer um canal de diálogo e que o governador seja sensível a nossa causa da educação, porque somos professores todos formados, com graduação, até com doutorado, e a gente está passando essa situação. Tem que respeitar a classe. Tem professores que não estão pagando as contas e isso não é justo”, afirmou o diretor.

“Tem professor que está sem dormir. Há falta de alimento. Estamos conseguindo cestas básicas para distribuir para professores. Há profissionais que mandam fotos mostrando as dificuldades, mostrando que estão com o sistema nervoso à flor da pele. A gente está tentando fazer o máximo que a gente pode. O sindicato tem atuado. Nós estamos trabalhando todos os dias e isso que está acontecendo não é justo”, disse o diretor.

Evandro afirma que as cestas básicas estão sendo arrecadadas com parceiros da educação e estão sendo distribuídas para os professores mais necessitados por conta da falta de pagamento.

“Fazemos a entrega das cestas nas casas dos professores”, declarou. “A educação pede urgência e a barriga vazia também pede urgência”, finaliza o diretor.

Fonte: Tribuna Hoje

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