A ameaça estende-se a dados financeiros que nem sequer foram analisados pelo TCU

Não é só de fake news nas redes sociais que vive a desinformação propagada pelo governo federal. Internamente, um insidioso processo de apagamento da memória nacional espalha-se por instituições responsáveis pela análise e guarda de documentos históricos e parece intensificar-se neste último ano de mandato presidencial. O desmonte das estruturas da memória oficial atinge órgãos como a Biblioteca Nacional, o Museu Histórico Nacional e a Casa de Rui Barbosa, entre outros, mas é no Arquivo Nacional, gestor de sensíveis informações sobre o passado recente (e também sobre o presente), que assume forma particularmente grave.

Servidores denunciam a eliminação indiscriminada e sem embasamento técnico de documentos financeiros que nem sequer foram encaminhados para prestação de contas ao Tribunal de Contas da União, além de provas documentais de crimes cometidos pela ditadura (1964-1985) que deveriam estar anexados a processos analisados pela Comissão Nacional da Verdade. É uma verdadeira “queima de arquivo”.

Quando Bolsonaro era apenas um histriônico deputado do baixo clero, o negacionismo em relação aos crimes da ditadura e a reiterada implicância com os trabalhos da CNV soavam apenas folclóricos, embora condenáveis. Após três anos e dois meses de mandato, o presidente parece disposto a acelerar o desmonte iniciado em agosto de 2019 com o Decreto 10.148, que retirou do Arquivo Nacional a prerrogativa de decidir sobre a eliminação ou não de documentos, e teve seu ato mais recente com a exoneração no apagar das luzes de 2021 de ­duas servidoras que pretendiam tornar públicos alguns problemas internos. A demissão foi decidida pelo novo diretor-geral, Ricardo Borda D’Água, ex-subsecretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que foi agraciado com o título de “Colaborador Emérito do Exército” e tem porte de arma por ser registrado como atirador esportivo. Além de ser aliado da família Bolsonaro, é claro.

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Fonte: Carta Capital

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