Protestos denunciam ações antidemocráticas do presidente como a destituição da Suprema Corte e prisão de opositores
Diversas organizações políticas e movimentos sociais salvadorenhos foram às ruas neste domingo (17/10) para uma jornada de protestos contra o governo do presidente Nayib Bukele, acusado de atos autoritários e antidemocráticos.
A concentração começou nas proximidades do parque Cuscatlán, na capital San Salvador, de onde os manifestantes marcharam em direção à praça cívica do centro.
Representantes de 34 organizações políticas reunidas no chamado Bloco de Resistência Popular convocaram a população a aderir à marcha. O sindicato dos juízes independentes também participou das mobilizações deste domingo, classificando como um golpe à independência judicial as ações governo Bukele que atacaram o sistema de Justiça.
Os magistrados se referem ao decreto promovido pelo partido do presidente que destituiu parte da Suprema Corte do país, bem como às transferências e ao desmantelamento de alguns tribunais importantes, como a Primeira Câmara Criminal, Segunda Câmara Criminal, Câmara Ambiental e outras modificações arbitrárias.
Ao longo do ato, manifestantes denunciaram a presença de policiais e militares nas estradas, avenidas e nas proximidades dos acessos à capital, onde agentes de segurança pararam veículos de transporte público e revistaram os passageiros e o interior dos automóveis.
O governo do presidente Nayib Bukele tem cada vez mais, segundo observadores internacionais, encarnado um espírito autoritário. Em fevereiro de 2020, por exemplo, sob ordens de Bukele, militares e integrantes da Polícia Nacional Civil (PNC) de El Salvador invadiram a sala de sessões da Assembleia Legislativa do país para “pressionar” pela aprovação de um empréstimo de US$ 109 milhões para financiar um plano de segurança. Na ocasião, em entrevista ao jornal El País, Bukele disse que a ordem para invadir o Parlamento foi “apenas um ato de presença” e afirmou que, se fosse um ditador, “teria assumido o controle de tudo”.
Em 2021, membros do poder Judiciário do país foram destituídos pela nova Assembleia Legislativa, na qual o partido de Bukele, o Nuevas Ideas (NI), tem ampla maioria.
Já em julho deste ano, a polícia salvadorenha efetuou a prisão da ex-ministra da Saúde, Violeta Menjívar; do ex-ministro da Fazenda Juan Ramón Carlos Enrique Cáceres Chávez; da ex-vice-ministra da Ciência e Tecnologia, Erlinda Hándal; do ex-vice-ministro da Agricultura, Hugo Flores; e do ex-deputado Calixto Mejía. Mandados de prisão também foram emitidos para outros quatro ex-ministros e para o ex-presidente Salvador Sánchez Cerén, todos do partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN).
Segundo advogados e defensores dos direitos humanos de El Salvador, as prisões e ordens de captura contra integrantes da FMLN e o tratamento que recebem por parte das autoridades têm como objetivo o escárnio público dos opositores e não respeitaram o devido processo legal.
Fonte: Opera Mundi