André Cabral – Historiador e professor

Quando assistimos os conflitos entre o estado sionista de Israel contra o povo palestino, nos perguntamos, onde começou esse conflito?

Do ponto de vista territorial, a região onde hoje chamamos de Oriente Médio, antes da primeira Guerra Mundial pertencia ao Império otomano. O moderno Oriente Médio surgiu após a Primeira Guerra Mundial, quando e a Palestina passou a ser administrada pela Inglaterra. Isso fez com que os conflitos entre árabes e judeus se intensificassem ainda mais.  A Inglaterra apoiava o movimento sionista, criado para fundar um Estado Judaico na Palestina que era considerada o berço do povo judeu, que vinha sofrendo perseguições (nazismo), mas sem violar os direitos dos Palestinos que já viviam ali. Assim, na década de 1920, ocorreu uma grande migração de judeus para a Palestina. O movimento sionista justifica como sendo o restabelecimento da soberania política do povo Judeu e o retorno à terra prometida.

Essa foi a justificativa encontrada pelos países Imperialistas para que a Organização da Nações Unidas, em 14 de maio de 1948, decidisse pela criação de Israel, numa resolução que previa a divisão da Palestina em dois estados, o que provocou a ira dos povos árabes da região.

Foram vários os conflitos que ocorreram em seguida. A Guerra da Independência, declarada pelos estados árabes, que haviam rejeitado o Plano da ONU de Partição da Palestina. A Guerra dos Seis Dias, para derrotar Israel e refazer o mapa da Palestina e que liderada pelo Egito uma aliança com Jordânia e a Síria. E o Yom Kippur, com Egito e Síria abrindo fogo contra os postos israelenses que protegiam a região de Suez. Nesse contexto, existia unidade dos países da Liga Árabe contra o estado sionista de Israel, mas essas ofensivas foram derrotadas pelo Estado de Israel devido seu poder bélico financiando pelos EUA e seus aliados.

Organizações de resistência foram criadas, como a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) liderada por Yasser Arafat (1929-2004) e hoje Autoridade Nacional Palestina, chefiada por Mahmoud Zeidan Abbas, que administra partes da Cisjordânia ocupada por Israel; outra organização importante é o Hamas, criado 1987, grupo instituído a partir da Primeira Intifada (grande manifestação da população da Palestina contra a ocupação de Israel) e criada por Mohammad Taha, Abdel Aziz al-Rantissi e o lider atual Ahmed Yassin. O Hamas controla a Faixa de Gaza.

Nós acordo de Oslo, ocorrido em 1993, os tratados mediados pelos EUA, previam o término dos conflitos, a abertura das negociações sobre os territórios ocupados, a retirada de Israel do sul do Líbano, a questão do status de Jerusalém e o reconhecimento mútuo entre Israel e a OLP. O acordo estipulava que tropas israelenses deixariam a Cisjordânia e Gaza, que um governo interino palestino seria montado para um período de transição de cinco anos, abrindo caminho para a formação de um Estado palestino que nunca se consolidou.

Com a vitória do ultraconservador Donald Trump (Partido Republicano) na presidência dos EUA, sua política internacional parte para uma investida em relação a questão palestina, com o tal reconhecimento Jerusalém como capital de Israel e ordenando a transferência da Embaixada americana para Jerusalém o que provocou protestos entre os árabes.

A ofensiva hoje do estado sionista no distrito de Sheikh Jarrah com uma desocupação ilegal e violenta de famílias palestinas que moram neste distrito, com soldados israelenses fortemente armados invadindo as casas com uso de violência, assustando e agredindo moradores, esse massacre conta com apoio de organizações não governamentais dos EUA e Israel. Para agravar o quadro, grupos de judeus de extrema direita invadiram Jerusalém Oriental ocupada há mais de uma semana e gritavam “morte aos árabes”.

Com ataques da artilharia israelense, foram destruídos 15 fábricas e aviões bombardearam a Torre Al-Jalaa, que abrigava a sede da rede Al-Jazeera na Faixa de Gaza e da American Associated Press. Foram dez dias de bombardeios israelenses, que resultou em mais de 230 mortos e 1.700 feridos. Enquanto os Israel desferem seus ataques mortíferos, religiosos são impedidos de realizar suas orações e os extremistas judeus agridem cristãos e islâmicos.

A ofensiva sionista conta como sempre com o silencio e a omissão dos países europeus e dos Estados Unidos, o principal financiador dos armamentos do Estado de Israel. Depois do massacre ao povo Palestino, o presidente dos EUA, John Biden anuncia cinicamente um pacote de ajuda para a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Infelizmente essa Nakba, expressão árabe que significa “catástrofe”, se repete permanente com o povo palestino, que vive num verdadeiro campo de concentração, onde os israelenses tem controle absoluto sobre os recursos naturais, como a água e até proíbem os palestinos de desenvolverem a pesca na Faixa de Gaza. Na opinião do historiador judeu Yakov Rabkin “a comunidade internacional está fechando os olhos aos ataques de Israel aos palestinos meramente afirmando o direito de autodefesa. Tel Aviv é um criminoso que faz o papel de vítima”.

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