Uma mulher trans, identificada como Luane Costa da Silva, natural de Santo Antônio de Jesus, na Bahia, foi encontrada morta em um quarto de motel na Vila Mathias, em Santos (SP). Segundo informações do G1, o principal suspeito é um pastor que foi preso em flagrante pela polícia. A causa da morte ainda está sob investigação e será determinada por laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML).

O caso ocorreu na noite de terça-feira (22), quando Luane e o pastor chegaram ao motel em um carro. De acordo com depoimentos colhidos pela Polícia Civil, após aproximadamente 30 minutos no local, o homem deixou o quarto e devolveu a chave à recepção. Testemunhas relataram que ele retornou mais tarde para recuperar um celular que havia esquecido no quarto e, nesse momento, foi detido por funcionários e, em seguida, preso em flagrante pela polícia.

Relato do pastor

Em seu depoimento, o pastor contou que conheceu Luane enquanto dirigia pela Avenida Senador Feijó, em Santos. Segundo ele, a mulher teria oferecido um programa por R$ 100. Eles seguiram para o motel, mas o acordo foi rompido após o homem descobrir que ela era uma mulher trans. “Diante da recusa, a vítima se sentiu humilhada e exigiu mais uma transferência de R$ 100 via PIX”, afirmou o suspeito.

Ainda segundo o relato do pastor, ele teria feito o pagamento extra para evitar que Luane causasse um “escândalo” e chamasse a polícia. O homem revelou ser casado há 25 anos, pai de três filhos, e pastor em uma igreja na cidade, motivo pelo qual temia que sua esposa descobrisse a traição.

Violência e morte no quarto

O depoimento do suspeito sugere que houve um desentendimento no quarto, levando a uma luta corporal. Segundo ele, Luane teria impedido sua saída, segurando a chave e pedindo mais dinheiro. O pastor alegou que a mulher trans pegou uma arma de choque, iniciando a briga. “Eles entraram em luta corporal, e ele caiu sobre Luane, percebendo que ela estava com o ‘braço mole’”, relata o documento policial.

Após o ocorrido, o pastor afirmou ter pegado a chave do quarto e a arma de choque, deixando o local e retornando para sua casa. Mais tarde, voltou ao motel para buscar o celular, mas foi surpreendido pela presença de funcionários, que chamaram a polícia. A arma de choque teria sido descartada em um canal da cidade, segundo o depoimento do suspeito.

Família e planos interrompidos

Luane havia viajado de Santo Antônio de Jesus para Santos no dia 15 de outubro, acompanhada do marido, com o objetivo de encontrar um apartamento para morar. De acordo com Myllena Rios, irmã de Luane, ambas trabalhavam como profissionais do sexo e planejavam se mudar juntas para a cidade litorânea até o final do mês. “A ideia era que eu e meu companheiro nos juntássemos a ela e ao marido”, explicou Myllena à TV Bahia, afiliada da Globo.

A morte de Luane, uma mulher trans negra, levanta preocupações sobre a violência que atinge pessoas trans no Brasil, país que lidera o ranking mundial de homicídios de pessoas trans. O caso segue sob investigação pela Polícia Civil, que trabalha para esclarecer todas as circunstâncias do incidente e identificar a causa exata da morte.

Fonte: Brasil 247

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