A Covid-19 encontrou no Brasil as condições propícias para infectar e matar, principalmente os pobres e pretos.
A desigualdade social, onde poucos têm tudo e a maioria não tem absolutamente nada, somada a um governo que nega e trabalha contra uma ação unificada e coordenada de combate à pandemia, à falta de acesso ao atendimento médico pela população e à demora na oferta de testes e vacinas, levou o país a maior taxa de mortalidade do mundo.

O Brasil, com 6,7% dos casos de Covid-19, é o responsável por 11% das mortes no mundo, de acordo com o Observatório Covid-19 da Fiocruz, uma mortalidade quatro vezes maior que a média mundial.

A pandemia matou 5,82 milhões de pessoas em todo o mundo e 412 milhões foram infectados, segundo o Our World. No Brasil, 27,5 milhões foram infectados e 639 mil morreram.

Um verdadeiro massacre, que poderia ser amenizado se o governo federal tivesse se preparado para o combate à pandemia, quando o vírus dava os primeiros passos na Europa e investisse nos centros de pesquisa nacional e nas universidades e não medisse esforços para adquirir vacinas, que se mostrou a maneira mais eficaz de combater a Covid-19. Em vez disso, os militares que tomaram de assalto o Ministério da Saúde apostaram no negacionismo e o governo faz campanha contra a vacina.

Os testes são essenciais no combate à pandemia para “quebrar” a cadeia de transmissão. Mas o Ministério da Saúde cancelou a compra de 14 milhões de testes e das 41 milhões de doses da vacina Jansen recebidas pelo país. De acordo com relatório publicado pelo Ministério da Saúde, somente 9,2 milhões de doses chegaram no braço das pessoas enquanto 32,8 milhões estão paradas num galpão. O Ministério diz que as doses não foram ainda distribuídas pois “alguns estados solicitaram a suspensão do envio do imunizante devido a saturação da rede de geladeiras e freezers usados na armazenagem da vacina”. Um escárnio com a saúde do povo brasileiro.

Hipocrisia capitalista!
Enquanto o governo cria dificuldades e senta em cima das vacinas, os patrões, que ganharam direito de demitir os não-vacinados, para evitar licença médica exigem que os trabalhadores continuem trabalhando, mesmo contaminados.

Depois de encurtarem o tempo de isolamento de 14 dias para 10 dias de afastamento do trabalho dos contaminados ou com suspeita de contaminação, além de não custear o teste, os patrões estão pressionando os trabalhadores para evitar atestados, abreviar o tempo e antecipar a volta ao trabalho mesmo contaminados, sob a alegação que o quadro da Covid-19 provocado pela variante Ômicron é mais leve. Pressionados e com medo de perderem o emprego, muitos trabalhadores voltam ao trabalho.

As portarias 19 e 20 assinadas por Bolsonaro estabelecem medidas de prevenção e controle da transmissão da Covid-19 e reduziram o tempo de isolamento, mas não obrigam o retorno antecipado dos trabalhadores antes dos sete dias de isolamento para pessoas assintomáticas e com teste pago pelo empregador. É importante realçar que os trabalhadores devem continuar recebendo o salário e os dias afastados não podem ser descontados na folha de pagamento.

Se forem disponibilizadas e ao alcance de todos, a exigência da comprovação vacinal pode ser exigida?

Pesquisa divulgada pelo Datafolha em 17/2, mostra que 81% dos brasileiros são favoráveis a exigência do comprovante de vacina contra o Covid-19, para frequentar lugares fechados. As mulheres são mais decididas no apoio (87%) que os homens (74%) e os ricos contrários ao Passaporte (28%), enquanto os pobres são 14%.

E quando a pandemia vai acabar e vamos voltar ao normal?

O tempo dirá, mas para o diretor da OMS, Tedros A. Ghebreyesus, com uma taxa de 70% de vacinação da população mundial até o meio do ano, “a expectativa é o fim da fase aguda da doença até o final de 2022”.

Para o povo trabalhador, o novo normal virá com o fim da fome, miséria, desemprego, saúde e educação para todos, numa sociedade justa e igualitária.

Osvaldo Martinez D’Andrade

Fonte: O Trabalho

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