Opus Dei: mulheres relatam trabalho análogo à escravidão

Teena Fogarty, Anne Marie Allen e Mônica Espinoza foram algumas das ex-numerárias auxiliares manipuladas e coagidas a trabalhar em condições semelhantes à escravidão na Opus Dei, cujo significado em latim é “obra de Deus”, conforme informações da Folha de S.Paulo.

Fundada pelo monsenhor espanhol Josemaría Escrivá, a instituição atualmente conta com 95 mil membros em todo o mundo, alguns deles detentores de grande influência. Nos Estados Unidos, por exemplo, os membros são considerados centrais para a guinada conservadora do Judiciário, enquanto dentro da Igreja Católica, ocuparam posições proeminentes no gabinete de imprensa e no banco do Vaticano.

A presença desses membros entre a elite global tem suscitado especulações sobre sua influência em diversas áreas, incluindo negócios, política e educação. Entretanto, menos conhecido é o papel das mulheres que sustentaram a Opus Dei por décadas. Conhecidas como “numerárias auxiliares”, elas dedicam suas vidas à organização, fornecendo serviços domésticos. Em muitos casos, essas mulheres trabalham sem remuneração e, às vezes, contra sua vontade, como foi o caso de Teena, Anne Marie e Mônica, que prestaram serviços para a instituição entre 1977 e 2020.

No ano passado, elas foram testemunhas de uma denúncia sobre a Opus Dei dirigida ao Vaticano. O documento de 20 páginas acusa o grupo de ser uma “seita destrutiva” e de atuar como cúmplice no tráfico humano, além de pedir a intervenção do papa Francisco. A Opus Dei nega categoricamente as imputações.

Há sinais de que o líder da Igreja Católica esteja ouvindo. Ele recentemente publicou emendas ao direito canônico que abalaram a posição da organização dentro do catolicismo, extinguindo oficialmente a linha direta da organização com o papado e enfatizando a autoridade de bispos locais. A entidade foi obrigada a revisar seus estatutos em razão das mudanças. A medida de Francisco vem sendo interpretada como uma tentativa de reduzir o poder da Opus Dei.

Fonte: DCM

Deixe uma resposta