Por Julio Turra – assessor da CUT Brasil

Milhares de manifestantes em várias cidades de Cuba, pedindo alimentos, vacinação e gritando “liberdade”, não é um fato corriqueiro, convenhamos.

Foi o que ocorreu no domingo passado – 10 de julho – levando o presidente Diaz Canel a dirigir-se à nação pela TV, inclusive reconhecendo a existência de problemas, mas atribuindo-os ao bloqueio econômico imposto pelos EUA há 60 anos, reforçado no período recente por Trump e mantido por Biden.

Não é segredo para ninguém que a situação econômica e social na ilha é dramática (o PIB caiu de 8 a 11% em 2020), acentuada pela pandemia. Tanto assim que o governo cubano adotou no início deste ano uma reforma econômica que o próprio Diaz Canel disse ao anunciá-la que “não é isenta de riscos”.

Sim, pois ela acaba com subsídios ao consumo popular e às empresas públicas, adota medidas de abertura ao investimento externo, provocando aumentos de preços (preventivamente houve aumentos de salários de até 500%, mas a inflação pode ser maior que isso). Assim, o próprio governo previa descontentamento e tensão social com a reforma.

Que o imperialismo tente aproveitar qualquer manifestação de descontentamento para seus objetivos de liquidar a soberania de Cuba, e seus lacaios na América Latina cinicamente clamem pela “democracia” na ilha, enquanto a pisoteiam em seus próprios países, faz parte do jogo sujo que fazem.

É hora de exigir o fim imediato do bloqueio a Cuba, de defender as conquistas da revolução cubana, sim. Ao mesmo tempo, ao rechaçar a interferência imperialista dos EUA (e também de países europeus), devemos afirmar que só ao povo cubano compete decidir o seu destino, com toda a liberdade de manifestação, de expressão e de organização que defendemos para os povos de todo o mundo!

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