Bombardeios prolongam genocídio no enclave palestino, enquanto cozinhas humanitárias são forçadas a encerrar atividades devido a falta de suprimentos em meio ao bloqueio

Novos ataques israelenses contra palestinos na Faixa de Gaza deixaram 16 mortos nesta quinta-feira (08/05). Dois bombardeios atingiram a escola Al-Karama, que fica em Al-Tuffah, no leste do enclave palestino, somando-se às ofensivas que já deixaram mais de 100 mortos na últimas 24 horas, segundo fontes médicas citadas pela emissora Al Jazeera.

O canal catari ainda informou que “pelo menos três pessoas” morreram em ataques separados em Deir el-Balah e no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. Já em Shujayea, também a leste da Cidade de Gaza, os bombardeios mataram mais um e feriram diversos palestinos.

Tel Aviv também promoveu ataques violentos contra uma casa em Beit Lahiya, que matou nove pessoas, incluindo mulheres e crianças deslocadas, e deixou uma desaparecida sob os escombros.

Já em Khan Younis, Israel atuou com sua artilharia, que matou uma menina e feriu outras quatro pessoas em uma ofensiva contra tendas de abrigo para famílias deslocadas.

Cozinhas humanitárias são forçadas a interromper trabalho em Gaza

Em meio à propagação do genocídio em Gaza, a World Central Kitchen (WCK), organização humanitária que serve refeições aos palestinos vítimas do genocídio, informou na última quarta-feira (07/05) que está sendo “forçada a interromper” seu trabalho devido à escassez de suprimentos. Israel bloqueia todo acesso à ajuda humanitária para o enclave há mais de dois meses.

“Depois de servir mais de 130 milhões de refeições no total e 26 milhões de pães nos últimos 18 meses, a World Central Kitchen não tem mais suprimentos para cozinhar refeições ou assar pão em Gaza”, informou a ONG, por meio de um comunicado.

A WCK explicou que devido ao fechamento das fronteiras por Israel no início de março, não conseguiu repor os estoques de alimentos que usam para alimentar centenas de milhares de habitantes de Gaza diariamente.

“Nas últimas semanas, nossas equipes esgotaram todos os ingredientes e fontes de combustível restantes com criatividade e determinação. Recorremos a combustíveis alternativos, como paletes de madeira e pellets de casca de azeitona, e abandonamos receitas de arroz, que exigem mais combustível, em favor de ensopados com pão. Graças à constante adaptação nas últimas semanas, cozinhamos 133.000 refeições por dia em nossas duas cozinhas de campanha da WCK restantes e assamos 80.000 pães por dia”, relatou.

Mas agora, “chegamos aos limites do que é possível. As cozinhas de campanha de grande porte da WCK ficaram sem os ingredientes necessários para preparar as refeições diárias”, lamentaram.

Em detalhes, a WCK disse que sua padaria móvel, a última em funcionamento em Gaza, não tem mais farinha. Além disso, mais de 80% das cozinhas comunitárias ficaram sem o estoque fornecido pela WCK. “Sem ingredientes ou combustível, essas cozinhas não conseguem alimentar as famílias que dependem delas”.

Contudo, os suprimentos para serem distribuídos em Gaza estão “prontos na fronteira desde o início de março”, esperando o fim do bloqueio israelense. “Alimentos e equipamentos adicionais estão prontos para serem enviados da Jordânia e do Egito para a fronteira. Nosso trabalho vital não pode continuar sem a permissão de Israel para a entrada dessa ajuda”, declarou a organização.

Apesar da situação crítica, a WCK garantiu que continuará “apoiando famílias palestinas distribuindo água potável extremamente necessária sempre que possível”. “Nossas panelas podem estar vazias, nossos fogos de cozinha apagados, mas a World Central Kitchen continuará servindo”.

Wadhah Hubaishi, representante da WCK para Gaza, exigiu que as fronteiras sejam abertas. “Se tivermos acesso total à nossa infraestrutura, parcerias e suprimentos, seremos capazes de fornecer 500.000 refeições por dia às famílias famintas em Gaza”, informou.

Plano israelense planeja ‘consolidar ocupação’, denuncia OLP

O encerramento dos trabalhos das cozinhas humanitárias, como as da WCK, são a consequência da amplificação do genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza. Na contramão das exigências internacionais, o gabinete de guerra de Tel Aviv aprovou, na última segunda-feira (05/05), uma medida que prevê a ocupação do enclave e a manutenção territorial, o deslocamento da população palestina para o sul, além de negar ao Hamas a distribuição de suprimentos humanitários.

O plano permite ataques violentos contra militantes árabes locais, o que segundo o governo do país, ajudará a garantir sua vitória na região. A proposta também aborda a entrega de ajuda humanitária aos palestinos, mas nos termos israelenses.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) denunciou, nesta quinta-feira (08/05) que o plano israelense “é um passo para consolidar sua ocupação e encerrar o trabalho da UNRWA”, a agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina, na região.

Por meio do Departamento de Assuntos de Refugiados, a OLP disse que o plano israelense de entregar ajuda a Gaza é inaceitável e contradiz os princípios fundamentais do trabalho humanitário, conforme o direito internacional humanitário e as resoluções da ONU.

A organização palestina relembra que, segundo Israel, a ajuda seria distribuída “condicionalmente por meio de centros controlados pelos militares israelenses na cidade de Rafah”, entre o que é chamado de “corredores Morag e Filadélfia”.

“A ajuda não será distribuída em nenhum outro lugar, e os moradores de Gaza não terão acesso a ela, exceto sob inspeção, o que constitui uma flagrante violação do direito internacional e de todos os princípios humanitários e uma renúncia às obrigações da ocupação sob a Convenção de Genebra”, denuncia.

Para a OLP, Israel está tentando usar a ajuda humanitária para implementar “um plano de deslocamento de moradores do norte da Faixa de Gaza para o sul, transformando a região norte em uma zona de segurança despovoada”.

Israel quer “enganar a comunidade internacional e escapar da pressão para abrir as passagens de fronteira”, mas “o plano israelense não engana mais as organizações internacionais”, que afirmaram a intenção de Tel Aviv em reforçar o controle da ocupação.

Ressaltou assim que “a responsabilidade pela distribuição de ajuda em Gaza cabe à UNRWA e seus parceiros, não à potência ocupante, que está sitiando o povo palestino em Gaza e usando a fome como arma para forçá-los a migrar”.

(*) Com TeleSUR e informações de Al Jazeera

Fonte: Ópera Mundi

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