A 5 de Novembro, ao apelo dos sindicatos, da coligação Unione Popolare (União Popular), de associações laicas de esquerda e de outras do mundo católico, mais de 100 mil pessoas desfilaram em Roma contra a guerra, pela paz.
A manifestação foi massiva, uma das maiores contra a guerra realizadas até agora na Europa. A Unione Popolare esteve presente com um cortejo enorme, encabeçado por uma bandeirola dizendo “Não à guerra, não ao envio de armas, paremos as despesas militares”.
Luigi de Magistris, porta-voz da Unione Popolare, explicou num vídeo durante a manifestação: “Manifestamo-nos hoje aqui porque somos contra o envio de armas, contra o aumento das despesas militares, contra a guerra de Putin e da NATO, contra a União Europeia que escolheu a guerra. Nenhum governo quer a paz, só os povos podem parar a guerra.”
A NATO, que está presente em Itália há décadas com várias bases militares, foi claramente visada. Uma bandeirola dizia: “Itália fora da NATO, a NATO fora de Itália”, e noutro cartaz podia ler-se: “NATO + UE = guerra”.
CONTRA A GUERRA, CONTRA A NATO, CONTRA A POLÍTICA DE AUSTERIDADE SOCIAL
“Este é um dia de oposição social e política ao governo de Meloni e às suas prioridades: a guerra, a vida cara, a repressão, os baixos salários (…)”, pode ler-se na página do Facebook de Potere al Popolo (Poder ao Povo), organização política também presente e membro da Unione Popolare. E ainda: “O aumento das despesas militares é acompanhado por uma diminuição cada vez mais acentuada das despesas sociais”.
Por conseguinte, a manifestação de 5 de Novembro assumiu uma dimensão complementar, alguns dias após o primeiro Conselho de Ministros do governo de Meloni, que promete restringir algumas medidas sociais e fazer uma política dura em matéria de imigração, já ilustrada esta semana pelo bloqueio – ao largo da costa italiana – de barcos pertencentes a ONGs envolvidas em salvamentos no mar, dando assim continuidade à política dos governos anteriores no domínio das migrações.
Maurizio Landini, Secretário-geral da CGIL, a maior das Confederações sindicais italianas, entrevistado pelo jornal francês Le Monde, afirmou: “Os bombardeamentos na Ucrânia, a situação dos migrantes no Mediterrâneo, a pobreza que está a crescer nas nossas cidades provém todos de uma e mesma realidade – um Sistema que temos de combater.”
Crónica da autoria de Ophélie Sauger, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” – Informações operárias – nº 731, de 9 de Novembro de 2022, do Partido Operário Independente de França.
Fonte: Pous4