Na França, presidente faz discurso histórico em defesa dos palestinos e expõe hipocrisia das potências mundiais em meio ao massacre de mulheres e crianças na Faixa de Gaza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou, nesta quinta-feira (5), a subir o tom contra o governo de Israel pelo genocídio de palestinos na Faixa de Gaza. Desta vez, as duras críticas do mandatário ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foram feitas diante dos olhos de todo o mundo, durante uma coletiva de imprensa no Palácio Eliseu, sede do governo francês em Paris, ao lado do presidente Emmanuel Macron

Em uma sala lotada com dezenas de repórteres e cinegrafistas de diferentes lugares do globo, Lula fez um discurso histórico e expôs a hipocrisia de setores da imprensa e de potências mundiais, que fecham os olhos para o massacre de mulheres e crianças em territórios palestinos. O presidente brasileiro ainda cobrou uma ação da Organização das Nações Unidas (ONU) no sentido de concretizar a existência do Estado palestino e interromper o banho de sangue promovido por Israel. 

“O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra. O que está acontecendo em Gaza é um genocídio de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças. E é isso contra isso que a humanidade tem que se indignar, é por isso que eu fico exigindo todo dia, estou ficando até um cara muito chato, uma mudança no Conselho de Segurança da ONU. A ONU de hoje não pode ser a ONU de 1945, a ONU de hoje tem que ter o continente africano participando, o continente sul-americano participando, o latino-americano, tem que ter países importantes como a Alemanha, como o Japão… Por que que a Índia está fora?”, iniciou Lula. 

“Então, eu acho que é o seguinte, é preciso que a mesma ONU que teve autoridade para criar o Estado de Israel, tem que ter autoridade para preservar a área [palestina] demarcada em 1967. É o mínimo de bom senso que a gente pode exigir como humanistas que nós somos”, prosseguiu. 

Indignado, Lula chegou a bater com a mão no púlpito e criticou o fato do mundo fechar os olhos para o sofrimento do povo palestino. 

“Estes dias nós sofremos com a morte de dois judeus numa embaixada americana, lá na Embaixada de Israel, nos Estados Unidos. Mas no mesmo dia, duas crianças palestinas carregando um saco de farinha foram mortas. E não houve a solidariedade que houve aos dois que foram mortos na embaixada. Ou seja, nós não podemos tratar os palestinos como se eles fossem cidadãos de segunda categoria ou de terceira categoria, são seres humanos que querem viver como nós, que querem ter liberdade”, disparou o mandatário. 

“A gente não pode permitir o discurso do presidente de Israel, que diz todo dia que quer ocupar a Faixa de Gaza, no outro dia diz que quer fazer um hotel, no outro diz que quer fazer uma área de lazer, quando, na verdade, aquilo é um território que um povo conquistou, depois de muitos sacrifícios, e que nós precisamos garantir que eles construam em harmonia com o Estado de Israel o direito de viver”, emendou o presidente. 

“É triste saber que o mundo se cala diante de um genocídio em que a grande vítima não é soldado que está em guerra, mas mulheres e crianças. Isso, sinceramente… O dia que eu perder a capacidade de me indignar, eu não mereço ser dirigente do meu país. Por isso, peço desculpas pela emoção”, finalizou Lula. 

Fonte: Revista Fórum

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