O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (30) que, caso seja candidato e eleito em 2022, não manterá a atual política de paridade de preços da Petrobras. “Não vai ter essa política de aumento de gás e da gasolina”, enfatizou em entrevista ao programa Atualidade da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre.
Ele reforçou: “Não vai ter essa política de distribuição de dividendos (para os acionistas da Petrobras) de forma alucinada como eles estão fazendo. Os acionistas merecem ganhar alguma coisa, mas quem tem que ganhar por conta da Petrobras é o povo brasileiro”.
Lula afirmou que a política adotada pelo atual governo é inexplicável. “Não tem explicação econômica, sociológica ou filosófica para a Petrobras ter preço internacional (para os combustíveis), estando em um país que é autossuficiente em petróleo”, apontou.
“Não tem noção o Brasil tentar distribuir este ano mais de R$ 65 bilhões para os acionistas minoritários (da Petrobras) em detrimento do povo brasileiro”, disse. Hoje o preço da gasolina na bomba pode custar até R$ 8,00, enquanto o botijão de gás de cozinha passou de R$ 130,00.
“Bolsonaro não entende de nada”
Lula criticou o que chamou de “resmungos” do presidente diante dos preços dos combustíveis. “Acontece que o Bolsonaro não governa o Brasil. Ele não entende de economia, não entende de política social, não entende de futebol, não entende de sindicato, não entende de partido político”, ironizou.
“Ele não entende de preço da Petrobras e qualquer pessoa séria que ganhar a eleição não vai manter essa política de preço do petróleo porque não é razoável e nem respeitoso com as pessoas que trabalham com caminhão, que tem carro”, completou.
Além disso, ele acentuou que, hoje, 50% da inflação está subordinada aos preços controlados pelo governo, que tem muita responsabilidade pelo preço da energia, do diesel, da gasolina, do gás.
“Não vi vocês falarem quando eu fui preso”
Quando uma das entrevistadoras do programa citou o fato do presidente Daniel Ortega, agora reeleito, ter mandado prender outros candidatos antes da votação e questionando a posição de Lula sobre o pleito na Nicarágua, o ex-presidente foi novamente mordaz.
“Não vi vocês ficarem incomodados quando eu fui preso injustamente. Não vi vocês falarem que o Bolsonaro foi candidato comigo preso”, acusou. “Eu estava preso quando a ONU disse que eu poderia ser candidato a presidente. Vocês sabem disso. Cento e quarenta candidatos a prefeitos concorreram sub judice (…) Vocês não falaram nada quando prenderam o cara que tinha mais votos (nas pesquisas) do que todos os outros. Prenderam para me tirar das eleições.”
Lava Jato e a destruição do Polo Naval
Indagado sobre como enfrentará os ataques e acusado de que a corrupção foi a marca de seus governos, Lula retrucou afirmando que os seus mandatos e os de Dilma Rousseff foram os que mais criaram instrumentos para transparência e combate à corrupção, entre os quais as leis de transparência, de acesso à informação, da regulamentação da delação.
Lula frisou que a marca do PT nunca foi a corrupção, mas “a maior política de inclusão social da história deste país”, além da maior oferta de emprego, o maior programa de habitação, os aumentos anuais do salário mínimo e as maiores reservas monetárias que o país já teve.
Tratando do Rio Grande do Sul, Lula lamentou que a operação Lava Jato tenha paralisado o desenvolvimento no Estaleiro de Rio Grande – a maior obra na região Sul do estado neste século – ao minar a capacidade de investimento da Petrobras. Citou a transformação ocorrida então no sul do estado, “depois da duplicação da BR até Rio Grande e a indústria naval em Rio Grande”.
Ele ainda lembrou o programa Mais Alimentos, linha especial do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que adquiriu 80 mil tratores para ajudar a indústria e melhorar a produção de alimentos para o mercado interno.
Fonte: CUT Brasil