Acredite se quiser: duas cientistas foram condenadas pela Justiça por simplesmente falarem a verdade. As pesquisadoras desmentiram um nutricionista que vendia nas redes soluções falsas contra diabetes. Na sentença, a Juíza premiou a mentira ao justificar que as cientistas submeteram o nutricionista a uma “situação de vergonha e tristeza”

Uma juíza de São Paulo condenou no último dia 4 de setembro duas cientistas por desmentirem um nutricionista que afirmou que diabetes era causado por vermes. Ou seja, as pesquisadoras foram condenadas por simplesmente falarem a verdade.

A juíza Larissa Boni Valieris, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível, condenou a bióloga e especialista em metabolismo de diabetes Ana Bonassa e a farmacêutica Laura Marise. Na sentença, foi exigido que o vídeo fosse apagado sob pena de multa de R$ 100 por dia de descumprimento, e danos morais de R$ 1.000.

Segundo a decisão, elas submeteram o nutricionista a uma situação de “vergonha e tristeza” (sic) por compartilharem o perfil público dele no Instagram. “Verifica-se, pois, a ocorrência do dano moral, haja vista a situação de vergonha e tristeza a que fora submetido o autor, em razão da conduta do réu em publicar, sem autorização, seus dados em vídeo junto a rede social de amplo alcance”, diz trecho da sentença.

O autor da desinformação vendia solução falsa contra diabetes. Segundo Ana e Laura, do canal NuncaVi1Cientista, o perfil vendia “protocolos para desparasitação” como se fosse a cura da doença.

Em julho do ano passado, a dupla publicou um vídeo esclarecendo que a doença não é causada por vermes. “Para alertar nossos seguidores sobre os perigos de abandonar o tratamento comprovado do diabetes para seguir o protocolo sem comprovação ou respaldo científico”, diz Ana Bonassa.

“No começo do nosso vídeo, mostramos o print do perfil público que tinha publicado o vídeo com desinformação, com a foto e as informações que ele mesmo fornecia, e informamos que ele havia nos bloqueado após tentarmos alertar que o que ele divulgava era desinformação e colocava as pessoas em risco”.

DIABETES

Diabetes é um termo genérico para condições que envolvem níveis elevados de açúcar –ou glicose– no sangue. No organismo, a glicose é utilizada como combustível para uso imediato ou pode ficar armazenada, como uma reserva de energia, em forma de gordura.

O seu excesso, porém, pode ser muito prejudicial. O problema ocorre devido a defeitos na secreção ou na ação da insulina, hormônio liberado do pâncreas pelas chamadas células beta, responsável justamente por esse controle glicêmico. Quando o corpo não fabrica insulina suficiente ou não consegue utilizar adequadamente o que produz, as taxas de glicose ficam altas, o que chamamos de hiperglicemia. A principal causa do diabetes varia de acordo com o tipo.

Entre os tipos mais comuns de diabetes estão o 1 e o 2. O primeiro é causado pela perda da capacidade do pâncreas em produzir insulina. Quando o hormônio está em falta, faz com que a glicose não entre nas células e se acumule na corrente sanguínea. O tipo 1, que geralmente aparece na infância ou adolescência, é caracterizado por ser genético e autoimune (o sistema imunológico ataca e destrói as células do pâncreas que produzem insulina).

Já o 2 é frequentemente adquirido com o passar dos anos e pode ser desencadeado por hábitos e estilo de vida. Nesses casos, as células adiposas e musculares não conseguem aproveitar completamente o hormônio liberado pelo pâncreas e a glicose passa a ser utilizada de modo ineficaz. Cerca de 90% das pessoas diagnosticadas com diabetes têm o tipo 2.

Fonte: Pragmatismo Político

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