Depois da denúncia da ONU de que Israel transformou Gaza em um campo de extermínio, agora a Cruz Vermelha denuncia “um inferno na terra”, onde os palestinos estão submetidos a todo tido de sofrimento.

O cenário na Faixa de Gaza é descrito como “um inferno na Terra”. O alerta vem do chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no território, Adrian Zimmerman, em entrevista à emissora Al Jazeera, divulgada neste sábado (20). Em meio à escalada das hostilidades e ao bloqueio imposto por Israel, Zimmerman traçou um panorama devastador sobre as condições de vida enfrentadas pela população civil no enclave palestino.

“A vida diária em Gaza se tornou uma missão de sobrevivência sem fim”, declarou o representante da Cruz Vermelha. Segundo ele, o bloqueio israelense tem paralisado a atuação das organizações humanitárias, justamente no momento em que dezenas de milhares de palestinos precisam de assistência médica, alimentação e serviços essenciais.

De acordo com Zimmerman, os suprimentos médicos disponíveis podem acabar em poucas semanas caso a situação nas fronteiras não se altere. “A disponibilidade reduzida e o aumento dos preços de produtos básicos desde o início de março, somados ao severo impacto psicológico da retomada das hostilidades, representaram um golpe devastador para a população civil em Gaza”, acrescentou.

A Cruz Vermelha vem acompanhando de perto os impactos do conflito. O chefe da missão na Faixa de Gaza relatou que suas equipes testemunharam a morte de inúmeras pessoas nos últimos meses. “Isso mostra o alto preço que os civis estão pagando”, frisou.

Zimmerman enfatizou ainda que não há qualquer sensação de segurança ou esperança para os mais de dois milhões de habitantes da região, submetidos diariamente a deslocamentos forçados, perda de familiares, falta de comida, água potável, abrigo e medicamentos. “Civis sofrem inúmeras humilhações todos os dias”, denunciou.

De acordo com ele, as repetidas ordens de evacuação impuseram um sofrimento ainda maior, obrigando famílias inteiras a abandonarem suas casas às pressas, no escuro e em meio ao pânico. “Muitas famílias ficaram devastadas pela morte de seus membros e constantemente deslocadas, privadas de acesso a necessidades básicas”, lamentou.

Em tom firme, Zimmerman renovou o apelo por um cessar-fogo urgente e lembrou que, como potência ocupante, Israel tem a obrigação legal de garantir as necessidades básicas da população civil. “Os suprimentos de alimentos em Gaza estão diminuindo a cada dia, assim como outros produtos vitais, como medicamentos”, alertou.

A entrevista à Al Jazeera reforça o que diversas agências das Nações Unidas e outras entidades humanitárias vêm relatando: Gaza está à beira de um colapso total. Com os acessos bloqueados e bombardeios constantes, a ajuda humanitária não consegue chegar de forma segura e contínua. O apelo por uma trégua humanitária é, mais do que nunca, uma exigência para preservar vidas.

Zimmerman encerrou sua fala destacando o custo humano desse conflito. O retrato que ele pinta é o de um território exaurido, onde viver se tornou um ato de resistência e onde o mínimo – comida, água, abrigo – virou um luxo inacessível. A comunidade internacional, segundo ele, não pode continuar de braços cruzados diante de tamanho sofrimento.

Fonte: Brasil 247

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