O brasileiro-palestino Walid Khalid Abdullah Ahmad, de apenas 17 anos, estava em prisão israelense considerada “campo de tortura”
Um laudo de autópsia revelou que o adolescente Walid Khalid Abdullah Ahmad, cidadão brasileiro-palestino de 17 anos, morreu de fome e desidratação severa sob custódia de Israel. Detido sem acusação formal desde setembro de 2024, Walid estava encarcerado no centro de detenção de Megiddo, prisão israelense marcada por denúncias de tortura e violações sistemáticas de direitos humanos.
Segundo a Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), o corpo do jovem apresentava sinais extremos de desnutrição: perda total de gordura corporal, abdômen afundado, anemia grave, além de infecção por sarna e marcas de violência física. O exame foi realizado em 27 de março, no Instituto Forense Abu Kabir, em Tel Aviv, na presença de um médico designado pela família.
De acordo com o laudo, Walid morreu em decorrência de uma combinação brutal de fome, desidratação por diarreia crônica, complicações infecciosas e ausência de tratamento médico. Os peritos também identificaram bolsões de ar no tórax e abdômen, indício de trauma por espancamento. Havia edema e congestão intestinal compatíveis com lesões provocadas por agressões, comuns, segundo entidades de direitos humanos, nas rotinas de tortura impostas a crianças palestinas por carcereiros israelenses.
Walid foi preso em 30 de setembro de 2024 na cidade de Silwad, na Cisjordânia Ocupada, sob o regime de prisão administrativa – uma prática ilegal usada por Israel para manter palestinos detidos por tempo indefinido sem julgamento ou acusação. Desde o início da guerra em Gaza, mais de 60 palestinos morreram sob custódia israelense, conforme levantamento do Middle East Eye.
Para Ayed Abu Eqtaish, diretor do programa de responsabilização da organização Defense for Children International, a morte do adolescente configura um crime intencional. “A autópsia de Walid indica que os guardas da prisão israelenses o deixaram passar fome e abusaram dele sistematicamente por meses até que ele finalmente desmaiou, bateu a cabeça e morreu”, afirmou.
Ele destacou que a fome está sendo usada como instrumento de genocídio contra crianças palestinas. “A morte de Walid não foi um acidente – é um crime, e a comunidade internacional deve intervir imediatamente com sanções ao governo de Israel para garantir responsabilização.”
A prisão de Megiddo, onde Walid foi mantido, foi alvo de uma série de denúncias em 2024, incluindo espancamentos, abusos sexuais e tortura física e psicológica, documentadas por veículos como o jornal Haaretz e organizações palestinas de direitos humanos.
A FEPAL, em nota, responsabilizou diretamente o governo de Israel pela morte do jovem brasileiro-palestino e pediu que o Itamaraty e a presidência da República tomem providências para exigir investigação internacional sobre o caso.
Fonte: Revista Fórum