Escolas, transportes e hospitais estão hoje parados em França devido a uma greve geral que abrange todo o território, numa união inédita dos sindicatos contra a reforma das pensões apresentada pelo Governo. Os trabalhadores prometem agora continuar os protestos até que a primeira-ministra desista da greve.
Em França, uma greve geral de uma amplitude inédita, já que junta oito sindicatos diferentes, decorre hoje e promete prolongar-se enquanto o Governo de Elisabeth Borne insistir em na reforma do sistema de pensões que quer aumentar a idade da reforma progressivamente para os 64 ou mesmo 65 anos.
Barbara Gomes, conselheira de Paris eleita pelo Partido Comunista e advogada do trabalho, enumera as razões para a greve desta quinta-feira que promete ser “um dia negro” nos transportes, escolas e hospitais.
“Há muito tempo que não conseguíamos fazer um protesto com essa unidade. Uma unidade muito forte dos sindicatos e de todos os partidos políticos de esquerda e acho que vai ser um protesto muito forte contra a reforma do sistema de pensões. Os franceses, a maior parte, opõem-se a esta reforma e é por isso que esperamos um milhão de pessoas na rua“, declarou Bárbara Gomes.
Numa altura em que devido à inflação, muitos franceses têm cada vez mais dificuldade em esticar os salários até ao fim do mês, esta greve é vista com bons olhos, com mais de três quartos dos franceses a colocarem-se ao lado de quem faz greve, já que este é um tema que toca a todos.
“Talvez até seja uma boa altura para fazer esta reforma porque as pessoas estão numa situação que é tão complicada, que talvez queiram lutar de maneira mais forte contra estas propostas. Os franceses estão fartos destes tipos de política“, denunciou a conselheira de Paris.
Esta reforma chega também numa altura em que se conheceu o relatório da Oxfam sobre as desigualdades sociais e como as grandes fortunas do Mundo, muitas delas francesas, poderiam contribuir para aliviar o esforço fiscal comum em muitos países.
Para Bárbara Gomes, os trabalhadores franceses vão manifestar-se até “à vitória“, dissuadindo o Governo francês de prosseguir com esta reforma, embora o executivo de Elisabeth Borne tenha ferrramentas para a provar esta reforma, mesmo não tendo a maioria absoluta, já que pode recorrer ao artigo 49.3 da Constituição, que lhe permite a aprovação sem votação na Assembleia Nacional.
Fonte: RFI