No dia 5 de fevereiro, novamente um trágico acontecimento enluta o Chile. Na Província de Valdívia, Região dos Rios, na cidade de Panquipulli, a polícia assassinou a sangue frio o jovem artista de rua Francisco Martínez Romero, que ganhava a vida fazendo malabarismo nas vias públicas.

Tal como relatam testemunhas, Francisco chegou à cidade há quatro anos e era conhecido de todos, não aceitava esmolas e gostava de ganhar o dinheiro com o qual sobrevivia e alimentava seus cachorros. Ultimamente fazia malabarismo com espadas (sem fio) nas esquinas do centro da cidade. Também ajudava vizinhos em pequenas tarefas, como carregar sacolas nas saída de compras. Os mesmos vizinhos afirmam que Francisco estava sendo assediado por carabineiros que apesar de conhece-lo muito bem pediram sua identificação.

O fato reabre a polêmica sobre o Controle de Identidade Preventivo, que faculta à polícia deter qualquer pessoa sem nenhum motivo, com esta desculpa e que não há controle sobre a aplicação da lei.

Esta norma aprovada em 2016, no governo Bachelet, legaliza o controle preventivo sobre todas as pessoas, no último momento deixaram de fora os menores de idade.

Em 2019 o governo Piñera conseguiu ampliar o controle a partir dos 16 anos (o projeto era a partir dos 14 anos), com o apoio da Democracia Cristã.

O violento fato de ontem desencadeou a reação das pessoas e a cidade, habitualmente tranquila, se encheu de barricadas. Os prédios da prefeitura, dos carabineiros, do tribunal da polícia local e outras dependências públicas foram queimados pelas pessoas indignadas.

Como esperado, as autoridades protegeram a ação policial e trataram os envolvidos no protesto como criminosos, cobrindo com um manto de impunidade os verdadeiros culpados.

Javier Márquez, Santiago, 6 de fevereiro 2021

Deixe uma resposta