Bolsonaro extinguiu o Ministério das Cidades e reduziu verba federal

Com menos obras para conter encostas, este ano o país já viveu três tragédias por deslizamento de barreiras: duas no Rio de Janeiro e, no fim de semana passado, as mortes no Grande Recife.

Em fevereiro, Petrópolis teve um saldo de 233 mortes por conta de deslizamentos. Em abril, foi a vez de deslizamentos em Paraty (a 240 km da capital) e Angra dos Reis (a 156 km do Rio) matarem 16 pessoas.

Na semana passada, as chuvas levaram a deslizamentos de barreiras no Grande Recife e deixaram ao menos 100 mortos. O número de desaparecidos ainda é incerto.

Este ano, segundo dados do orçamento federal, até abril o valor autorizado chega a R$ 41 milhões —ou seja, já supera o total de 2021.

Segundo o professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e presidente da Febrageo (Federação Brasileira de Geólogos), Fábio Reis, o Brasil tem historicamente deixado de lado o investimento de prevenção. “A gente só tem agido em resposta a grandes acidentes. E remediar é sempre mais caro que prevenir”, diz.

Ele explica que o acidente na região serrana do Rio, em 2011, levou o país a criar, um ano depois, uma política de prevenção de desastres. “Nós tivemos um investimento muito forte de 2011 até 2014 e 2015, com o Ministério das Cidades liderando isso e com a criação do Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais]”, conta.

Na época do Ministério das Cidades, havia até um manual para orientar gestores sobre o programa, que tinha como objetivo “promover um conjunto de ações estruturais e não estruturais visando à redução dos riscos de deslizamentos em encostas de áreas urbanas”.

O Ministério das Cidades foi extinto em 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiu a Presidência, junto com outras pastas. A maioria das atribuições dele foi para o MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional).

Outro ponto que também chama a atenção no cenário atual é a queda de recursos, ao longo dos anos, do Cemaden. Em fevereiro, o UOL revelou que o órgão teve, em 2021, o menor orçamento de sua história e, por isso, deixou de realizar manutenções e paralisou estações de monitoramento.

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Fonte: Uol

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