Há um ano, no dia 25 de maio de 2020, enquanto o mundo já enfrentava o avanço da epidemia da Covid-19, George Floyd estava por mais de 8 minutos com o joelho do policial branco, Derek Chauvin, sendo sufocado até a sua trágica morte. O assassinato de Floyd desencadeou uma série de manifestações e protestos em diversas cidades dos EUA e em todo o mundo, demonstrando que não é mais possível tolerar a estrutura racista da sociedade capitalista, que tem na violência policial uma de suas principais expressões.
O caso de Goerge Floyd não foi o primeiro e nem será o último a gerar revoltas, porém a dimensão da explosão social em todo o país e se espalhando pelo mundo, demonstrou que passou de um confronto das comunidades negras contra a polícia, para um enfretamento de diversas componentes da população, como negros, latinos, jovens brancos, sindicalistas contra o sistema falido do capitalismo, que tem sua expressão maior nos EUA.
E assim como na pandemia, os EUA e Brasil apresentam números desproporcionais em relação a assassinatos de negros pela polícia. Nos EUA um negro tem 2,9 vezes mais chances de ser morto pela polícia que um branco, no Brasil esse número é 2,3 vezes maior. Porém é valido destacar que a polícia brasileira é a mais letal, mesmo com uma população menor. Só o estado do Rio de Janeiro em 2019 matou quase o dobro do que policiais norte-americanos em todo país. Mesmo quando levamos em consideração a população de negros no Brasil que é 3 vezes maior, percebemos que os números aqui são gritantes quando a polícia brasileira matou 18 vezes o número de negros que os policiais norte-americanos mataram.
A chacina de Jacarezinho no início do mês, que ceifou a vida de 28 pessoas negras em uma ação brutal da polícia civil do RJ, expressa como o braço armado do estado opera a sua política de genocídio do povo negro. É preciso apuração e punição aos responsáveis, mas o que vemos é a polícia civil estabelecer um sigilo de 5 anos sobre as informações do caso.
Nos EUA, o policial Derek Chauvin foi condenado pelo assassinato de Floyd. Durante os momentos mais agudos das manifestações os diversos governos (municipal, estadual e federal) falavam em reformar a polícia americana. Porém sabemos que para dar um basta nessa política que mata diariamente negros e negras nos EUA, no Brasil e em diversas partes do mundo, é preciso derrubar todo o sistema. Até porque o capitalismo e o racismo operam juntos e são faces da mesma moeda, como elaborou Steve Biko.
Joelson Souza
Fonte: O Trabalho