Companhias israelenses foram proibidas de participar da Feira Euronaval — maior evento global do setor de comércio naval — em Paris, dentre 4 e 7 de novembro, somando-se às tensões entre França e Israel no contexto da invasão ao Líbano.
As informações são do impresso americano The Wall Street Journal.
Embora delegações israelenses possam ainda estar presentes, empreiteiras militares não poderão exibir seus produtos ou montar cabines.
A feira reúne grandes corporações internacionais, como BAE Systems, Fincantieri e Naval Group, além das gigantes israelenses Rafael, Elbit Systems e Israel Aerospace Industries, por ora banidas.
A proibição é o mais recente resultado de um embate público entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da França, Emmanuel Macron, após o regime israelense avançar com suas violações de Gaza ao Líbano.
Em junho, o governo francês proibiu companhias israelense de participarem de outra feira militar, a Eurosatory, um dos maiores eventos no comércio de armas terrestres. Apesar de um tribunal francês rescindir a decisão, Israel não conseguiu comparecer a tempo.
Nas semanas recentes, Macron subiu o tom, ao sugerir a suspensão do envio de armas a Israel quando utilizadas em Gaza e no Líbano.
Durante encontro de seu gabinete nesta terça-feira (15), Macron sugeriu a Netanyahu que “não ignore as decisões das Nações Unidas”, ao recordá-lo que a criação de Israel — em 1948, na ocasião da Nakba ou “catástrofe”, mediante limpeza étnica planejada — se deu por resolução do órgão, em referência à proposta de partilha.
Netanyahu respondeu com sua contumaz hostilidade, ao aderir a inverdades históricas e descrever a ONU como “antissemita”.
Macron também condenou Israel por conduzir ataques “indiscriminados” contra o Líbano e Gaza, em comunicado emitido pelo Palácio do Eliseu. Além disso, alegou “indignação” por avanços contra a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) em Naqoura, no sul do Líbano, ao reivindicar fim do que descreveu como “ataques injustificados”.
Segundo a agência Reuters, a insatisfação francesa corre desde setembro, quando Israel rechaçou um acordo mediado por Washington e Paris por um cessar-fogo de 21 dias com o Hezbollah libanês, a fim de permitir negociações.
Em resposta, no entanto, o exército israelense realizou uma operação de assassinato em Beirute, capital do Líbano, contra o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, supostamente sem ciência dos mediadores.
A morte de Nasrallah — a quem lideranças libanesas atribuíram assentimento ao acordo — levou a uma nova fase da escalada regional, após o Irã responder com uma nova salva de mísseis a Tel Aviv e outras cidades, apenas pela segunda vez na história.
No Líbano, desde 23 de setembro, estima-se ao menos 1.500 mortos, 4.500 feridos e 1.34 milhão de deslocados — em questão de semanas. A crise coincide ainda com o genocídio em Gaza, com 43 mil mortos, 99 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Os avanços de Israel seguem em desacato a uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
Fonte: Monitor do Oriente