Jean-Luc Mélenchon é conhecido por suas políticas progressistas e seu compromisso com a justiça social. Ele defende uma redistribuição radical da riqueza, a implementação de uma sexta República na França para substituir a atual quinta República, e uma reavaliação profunda da relação da França com a União Europeia. Sua plataforma inclui propostas como aumento do salário mínimo, redução da jornada de trabalho, revogação da reforma da idade mínima para aposentadoria aos 64 anos, congelamento dos preços, e investimentos massivos em energias renováveis.
Em um resultado surpreendente, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular obteve no domingo (7) o maior número de assentos na Assembleia Nacional da França nas eleições legislativas.
Para a extrema direita, apesar do crescimento vertiginoso do número de assentos obtidos pelo Reunião Nacional (RN), de 88 para 143, o resultado foi uma decepção. No primeiro turno, ocorrido há uma semana, o partido de Marine Le Pen havia saído à frente de todas as demais forças políticas — e chegou a projetar obter para si a maioria absoluta da Casa.
O segundo turno foi realizado no domingo (7), e teve participação de quase 60% dos eleitores. Veja como ficaram as três maiores bancadas da nova legislatura:
- Nova Frente Popular (esquerda): 182 assentos;
- Juntos (coalizão governista, de centro): 168 assentos;
- Reunião Nacional (extrema direita): 143 assentos.
O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, que é do Juntos, também admitiu a derrota, e disse que colocaria o cargo à disposição nesta segunda-feira (8). O presidente Emmanuel Macron não aceitou.
Embora ainda não tenham batido o martelo sobre a união, líderes do bloco esquerdista indicaram que poderiam se aliar ao centro para chegar aos 289 assentos necessários para ter maioria.
Após a Reunião Nacional, de Le Pen, conquistar 33% dos votos no primeiro turno, a Nova Frente Popular e o Juntos formaram uma espécie de cordão sanitário para impedir que a extrema direita chegasse ao poder.
A viabilidade de um governo juntando as duas forças, entretanto, ainda é incerta. Ambos os blocos nutrem desavenças profundas em determinados tópicos, como a reforma da Previdência francesa, por exemplo.
Jean-Luc Mélenchon, um dos líderes da esquerda francesa, afirmou que Macron deverá admitir a derrota nas eleições e, além disso, criar alguma relação com o NFP para formar o governo.
Prestes a entrar em um período de tensas negociações para definir o balanço de forças da Assembleia Nacional, a França se depara com um cenário desconhecido e até a ameaça de um Parlamento paralisado.
Repercussão
Autoridades, políticos e celebridades do esporte comentaram a vitória da esquerda nas eleições parlamentares na França.
O resultado também foi comemorado pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
“Esta semana, um dos maiores países da Europeu escolheu o mesmo caminho que a Espanha há um ano: rechaço à extrema direita e aposta decidida em uma esquerda social que lide com os problemas das pessoas com políticas sérias e valentes”, ele escreveu nas redes sociais. “Com a extrema direita não se faz acordo nem se governa.”
Na Polônia, o premiê, Donald Tusk, que se opõe a Vladimir Putin, comemorou o resultado — a extrema direita francesa é acusada de ter laços com o líder russo. “Em Paris, entusiasmo; em Moscou, desapontamento; em Kiev, alívio. O suficiente para se estar feliz em Varsóvia.”
Diversos jogadores de futebol da seleção francesa, como Marcus Thuram, Tchouameni e Koundé, celebraram o resultado. Kylian Mbappé já havia pedido aos eleitores franceses para que barrassem o avanço do Reunião Nacional.
Fonte: G1, Brasil de Fato