O ápice do sentimento favorável ocorreu em julho de 2005, quando o então presidente Lula (PT) comandava um momento de bonança econômica decorrente do boom das commodities
A satisfação dos moradores do Brasil em morar no país saltou de 59% para 74% em um ano, enquanto o sentimento de orgulho de ser brasileiro passou de 77% para 83%, segundo pesquisa do Datafolha.
Ambas as marcas se aproximam do teto registrado na série histórica, iniciada no ano 2000 pelo instituto, que neste levantamento feito na terça-feira (5) ouviu 2.004 eleitores em 135 cidades do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo o Datafolha, consideram o Brasil um local ruim para viver 8% dos ouvidos, índice estável em relação à pesquisa feita em dezembro de 2022, que apontou 9%. Já os que acham morar no país uma experiência regular passaram de 33%, recorde até então na série, para 18%.
Nos 30 levantamentos com tal pergunta antes do atual, a média de satisfação é de 65%, ante 24% de avaliação regular e 11%, de insatisfação.
O ápice do sentimento favorável ocorreu em julho de 2005, quando o então presidente Lula (PT) comandava um momento de bonança econômica decorrente do boom das commodities promovido pela ascensão chinesa. Nem o mensalão, que estourou naquela época, afetou seus resultados.
Já o momento de menor satisfação ocorreu em abril de 2018, já no clima generalizado de fastio com a política que a Operação Lava Jato explicitou e que desaguou na eleição de um candidato que se vendia como outsider, mas que apenas era das franjas da classe parlamentar, Jair Bolsonaro (então no PSL, hoje PL). Ali, só 48% se diziam felizes de morar no Brasil.
A correlação com o desempenho do governo não é automática: a satisfação deriva de outros fatores também, como o estado da economia, e o Brasil vive o momento de menor desemprego (7,6% no trimestre fechado em setembro) desde 2014.
Com efeito, a aprovação do governo Lula se manteve estável o ano todo, chegando a este levantamento em 38%. Na política, após a aguda turbulência dos atos golpistas do 8 de Janeiro, houve uma acomodação visível das tensões, embora isso seja mais intangível para a população.
É uma taxa de aprovação mediana, em comparação por exemplo com os 59% que Dilma Rousseff (PT) tinha a esta altura de seu primeiro mandato –e diz pouco sobre o futuro político dos mandatários, como o impeachment da presidente prova. Ainda assim, a satisfação atinge 81% entre aqueles que aprovam o governo Lula, caindo a 71% entre aqueles que o desaprovam.
O orgulho em ser brasileiro também está em um momento de alta, passando de 77% para 83% em um ano, aproximando-se dos 89% registrados em novembro de 2010. Já a prevalência do sentimento da vergonha de ser brasileiro caiu de 21% para 16% no período.
O momento em que a correlação quase se inverteu nesses 23 anos foi junho de 2017, em plena crise do governo Michel Temer (MDB), que nunca foi popular. Ali, houve um inédito empate, com 50% dizendo ter mais orgulho do que vergonha de ser brasileiro e 47%, o contrário.
Na média das 32 pesquisas em que a questão foi colocada, 76% se dizem mais orgulhosos e 22%, mais envergonhados de sua condição de brasileiro.
Fonte: Estado de MG