De acordo com a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, existem ao menos 9,1 milhões de crianças de 0 a 14 anos em situação domiciliar de extrema pobreza no Brasil
A data 12 de outubro, Dia das Crianças, não é motivo de comemoração para milhares de pequenos com o futuro incerto. De acordo com a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, existem ao menos 9,1 milhões de crianças de 0 a 14 anos em situação domiciliar de extrema pobreza (vivendo com renda per capita mensal de no máximo R$ 275).
Segundo reportagem da BBC, atualmente, uma família que ganha um salário mínimo gasta 55% da renda comprando os alimentos básicos suficientes para apenas uma pessoa adulta, aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer destacou que “não ter uma alimentação adequada nessa fase do desenvolvimento (na infância) pode deixar impactos na saúde para o resto da vida, pelo risco de desenvolverem problemas mais para frente (na vida adulta)”. “Embora a gente saiba que as crianças não foram mais afetadas pelo vírus (da covid-19) em si, elas são as mais afetadas pelos impactos secundários que toda essa situação trouxe e pela interrupção de serviços”, afirmou.
Ao todo, 56% da população adulta brasileira viu sua renda cair desde o início da pandemia. A porcentagem aumentou para 64% no subgrupo de adultos que moram com crianças e adolescentes, segundo pesquisa do Unicef (braço da ONU para a infância) realizada em maio de 2021.
Conforme dados de uma pesquisa global da Gallup consolidados pela FGV Social, entre os 40% mais pobres do Brasil, 11% deixaram de acreditar que as crianças teriam a oportunidade de aprender e crescer na pandemia, índice quase dez vezes maior do que a média internacional nessa faixa de renda.
Um pesquisa nacional, feita entre 2019 e 2020, apontou que, de 13 mil famílias com crianças de até cinco anos, quase a metade delas vivia em algum grau de insegurança alimentar, ou seja, seis milhões de famílias em todo o Brasil, de acordo com cálculos do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), coordenado por Gilberto Kac, professor titular do Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Fonte: Brasil 247