Diante das agressões verbais proferidas pelo deputado Tarcizo Freire contra as servidoras Lidiane Paes e Rosa Lira, o Quantum – Coletivo de Mulheres Cientistas da Universidade Estadual de Alagoas, emite Nota de Solidariedades às vítimas.

QUANTUM – COLETIVO DE MULHERES CIENTISTAS

NOTA DE SOLIDARIEDADE

O QUANTUM – Coletivo de Mulheres Cientistas da UNEAL, que tem como objetivo proporcionar para a comunidade acadêmica a temática da equidade de gênero e, da desconstrução do machismo que está arraigado nos discursos em vários setores da sociedade, vem a público manifestar sua solidariedade à Assistente Social Lidiane Paes, servidora pública da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Arapiraca, e à Cientista Social Rosa Lira, Secretária Municipal, que no dia 08/10, sexta-feira, sofreram agressões por parte do deputado estadual Tarcizo Sampaio Freire (PP/AL).

Cabe-nos ressaltar que a fala do Sr. Tarcizo Sampaio Freire (PP/AL) de que tem “cunhão roxo”, que nasceu “menino-homem”, é no intuito de desabonar a servidora pública Lidiane Paes porque o “dela é só cumprir a lei”, ora o Sr. deputado não deveria estar, também, na defesa do cumprimento da Lei? A começar pelo respeito aos funcionários públicos.

O Sr. Deputado Tarcizo Sampaio Freire (PP/AL) continua com seu discurso repugnante esbravejando que a servidora pública “Nem mãe ela é”, é “gente ruim”, com essas falas ele tenta desqualificar a mulher no argumento de que pelo fato de não procriar, pois há uma sacralização da maternidade em que mulher deve ser mãe e quando ela opta por não ser, não é digna numa sociedade machista. As colocações do deputado são incisivas no intuito de se sobrepor e querer demonstrar superioridade por ser “homem-macho”.  Tanto que em vez de argumentos para a causa que o mesmo diz supostamente defender, ele apresenta tentativas de desqualificar a funcionária, colocando em questão sua competência profissional, a partir de uma ideia equivocada de que a mulher só seria completa e competente o suficiente se tiver exercido a maternidade. Reproduzindo, com isso, um discurso de que se uma mulher não for mãe ou tiver ou quiser ter filhos, ela é inferior às demais e, mais ainda, aos homens. Alguém que se diga melhor por ter nascido na forma masculina, vê um tipo físico humano como superior aos demais, é no mínimo um eugenista na sua essência. Ao contrário do que este ser pensa, mulher não precisa da chancela, de quem quer que seja, para ser vista e respeitada como ser humano e mulher. Os humanos podem ser pais, mães ou simplesmente optarem por não se reproduzirem, isso não os torna melhores ou piores, ao contrário, só denota a condição humana em que se tem a opção da reprodução.

Embora o deputado indique que “de tudo sabe um pouquinho”, parece não saber da realidade e condição das mulheres no Brasil, mesmo estando em um cargo do legislativo. País esse que coloca as mulheres em condição de vulnerabilidade, que tem um dos maiores índices de feminicídio do mundo, onde as mulheres tem medo de andar sozinhas por receio de serem estupradas. Parece, ou melhor, demonstra não saber que a reprodução desse tipo de enunciado, por ele proferido, demarca o machismo estrutural, pelo qual as mulheres são desqualificadas no exercício de suas atividades cotidianas e laborais.

A fala do deputado Tarcizo vem se juntar a essa podridão que paira sobre essa pátria. Mas como nada é eterno, menos ainda a legislatura de um deputado, espera-se que a suas palavras e o seu comportamento não sejam esquecidos para no momento oportuno, seres abjetos como esses, sejam defenestrados de tão importantes cargos como o de um deputado.

Enquanto equipe organizadora do QUANTUM, professoras da Universidade Estadual de Alagoas, que tem a sede em Arapiraca, e está presente em Palmeira dos Índios, São Miguel dos Campos, Santana do Ipanema, União dos Palmares e Maceió, sabendo que os espaços acadêmicos são cruciais para os debates sobre equidade de gênero, com vistas a assegurarmos uma sociedade mais justa e menos cúmplice com situações machistas, misóginas e patriarcais, conclamamos à Assembleia Legislativa de Alagoas, que tome as providências cabíveis para apurar a conduta do então deputado.

Hoje, 10/10, no dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, reafirmamos que não podemos mais tolerar que grosserias e agressões verbais sejam consideradas como sinônimos de coragem e de sinceridade. Isso é um ataque à integridade da pessoa humana.

Basta! Somos corpos em resistência!

Pelo fim da violência contra às mulheres, subscrevemos.

Profa. Dra. Esmeralda Aparecida Porto Lopes

Profa. Dra. Graciele Oliveira Faustino

Profa. Dra. Janesmar Camilo de Mendonça Cavalcanti 

Profa. Ma. Juliana Oliveira de Santana Novais

Profa. Dra. Maria das Graças Gomes Correia

Profa. Dra. Natercia de Andrade Lopes Neta

Deixe uma resposta