Negacionismo de Bolsonaro contribuiu com essa tragédia e foi o ponto central que culminou com a sucessão de erros e a total ausência de preparação para um momento como este que o país passa

Com a pandemia fora de controle, o Brasil vive pico de mortes e de novos casos diários de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e a projeção para os próximos meses não é nada boa. Especialistas que acompanham com angústia o desastre que acontece no país, afirmam que o número de mortes pode chegar a 5 mil por dia em entre abril e maio.

Entre as razões para a tragédia, eles citam o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), que segue se recusando a decretar ou ao menos apoiar o lockdown em vigor em algumas cidades, indicando medicamentos sem eficácia e, depois de um ano de pandemia, ainda não criou uma coordenação nacional de combate a Covid-19. O comitê que ele criou nesta quarta-feira (24) parece mais algo para a foto, para melhorar a imagem desgastada do que para funcionar de fato, já que ele não mudou a postura.

Mais de 300 mil vidas perdidas

Nesta quarta-feira, o Brasil ultrapassou a triste marca de 300 mil vidas perdidas para a Covid-19. No total, 301.087 pessoas morreram por complicações da doença desde o começo da pandemia no país – 2.244 morreram entre terça e quarta-feira, ou seja, em apenas 24 horas.

Em apenas um dia, foram registradas 90.504 novas contaminações por Covid foram registrados, totalizando 12,2 milhões de casos desde o ano passado.

E os números podem ser ainda maiores. Nesta quarta os dados foram menores porque o Ministério da Saúde modificou os critérios para contagem de mortes, causando uma queda brusca nos registros de São Paulo. A mudança, que foi feita um dia após o novo ministro da pasta, Marcelo Queiroga, ter tomado posse, gerou desconfiança da imprensa e de especialistas que acompanham a situação da pandemia de Covid-19 no país. 

O Ministério da Saúde passou a exigir informações como CPF, número do cartão nacional do SUS e a nacionalidade de pacientes com Covid-19. Com as reclamações, o ministério voltou atrás.

Brasil lidera ranking da tragédia

O Brasil, que tem cerca de 210 milhões de habitantes, é o segundo país com mais mortes por Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 328,2 milhões de habitantes, e registra 544.922 pessoas mortas pela doença.

Além disso, o país também ocupa o 23º lugar na taxa de total de mortes por um milhão de habitantes, segundo a plataforma Our World in Data, e o número de novos óbitos diários por um milhão de habitantes do país está crescendo desde novembro de 2020, enquanto nos Estados Unidos este número diminui desde janeiro de 2021.

Por que estamos nessa situação

O Brasil enfrenta o maior colapso sanitário e hospitalar da história, como revelou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, segundo especialistas, o aumento de casos e mortes por Covid-19 no país piorou desde o fim do ano passado por conta do relaxamento das medidas de distanciamento social, das festas clandestinas no carnaval e do não uso de máscaras, incentivadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que provocou. Inclusive, inúmeras cenas de aglomeração nas praias e em eventos que realizou em várias cidades do país.

Bolsonaro ignorou e subestimou a realidade da pandemia e levou o país ao colapso. Além disso, o negacionismo do presidente contribuiu com essa tragédia e foi o ponto central que culminou com a sucessão de erros e a total ausência de preparação para um momento como este que o país passa.

De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal O Globo, o Brasil pode atingir cinco mil mortes por Covid-19 num único dia entre abril e início de maio, segundo a projeção do professor do Departamento de Estatística Márcio Watanabe com base na sazonalidade da doença.

De acordo ele, a tendência é a de que as contaminações cresçam de março a maio em países do hemisfério sul, em particular no Brasil, e também em locais que seguem padrões sazonais semelhantes ao nosso, como Índia e Bangladesh.

DF bate recorde de mortes

O Distrito Federal bateu um novo recorde negativo em relação à média móvel de mortes, nesta quarta-feira (24). A taxa ficou em 49,57, a maior desde o início da pandemia. O resultado representa aumento de 173% em relação ao verificado 14 dias atrás.

A alta acompanha a confirmação de mais 50 mortes pela Secretaria de Saúde (SES-DF), notificadas entre 1º de março e esta quarta-feira (24).

Em relação aos leitos de UTI para a Covid-19, atingiu sua capacidade total nesta quinta-feira (25). Às 6h10, a taxa de ocupação desses leitos está em 100%. Há apenas sete leitos disponíveis na rede de saúde que são para atender casos pediátricos e neonatais.

Atualmente, 374 pessoas aguardam na fila por um leito de UTI no Distrito Federal. Desses, 288 são pessoas com suspeita ou confirmação da doença — e ao menos 19 pacientes aguardam pelo tipo de UTI adulto. 

Faltam leitos em Pernambuco

O aumento de pessoas internadas em Pernambuco provoca falta de leitos para pacientes, repetindo o que vem acontecendo nas últimas semanas. O governo estadual colocou um conjunto de leitos de enfermaria e terapia intensiva em operação para atender a pacientes da Covid-19 nas últimas 24 horas e, mesmo com esse aumento, a taxa de ocupação segue em patamares elevados. 

De terça (23) para esta quarta (24), as vagas de UTI aumentaram em 28 leitos, mas a taxa de ocupação permaneceu inalterada, em 97%. Já as enfermarias ganharam mais 30 leitos nas últimas 24 horas. Entretanto a ocupação subiu de 85% para 86%. 

No setor privado, os leitos de UTI somam 440 vagas e estão, no momento, com 91% de ocupação. As enfermarias reúnem 295 vagas, das quais 71% estão preenchidas. 

Fonte: CUT BR

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