Neste final de semana, o exército israelense estabeleceu um cinturão de fogo a leste da Faixa de Gaza e Jabalia e escalou os ataques contra a população civil, em áreas densamente povoadas, na Cidade de Gaza.

Apenas no domingo (31/08), 78 palestinos foram assassinados no território e, desde o amanhecer desta segunda-feira (01/09), mais de 30 pessoas foram vitimadas, segundo fontes médicas ouvidas pela agência WAFA.

A Cidade de Gaza amanheceu sob bombardeio de caças israelenses próximo ao cruzamento de Abu Iskandar, no bairro de Sheikh Radwan, três civis foram mortos. Em Zeitoun, a sudeste da cidade, outros dois morreram em consequência de disparos de mísseis que devastaram quarteirões inteiros em meio à campanha de deslocamento forçado dos palestinos em direção ao sul.

Em outras regiões da Faixa, palestinos que aguardavam ajuda humanitária perto do ponto de distribuição de Netzarim, no centro do enclave, também foram atacados. Dos 30 palestinos mortos nesta manhã,16 buscavam por comida.

Equipes de resgate também recuperaram três corpos em Bani Suhaila, a leste de Khan Yunis, enquanto em Al-Mawasi, imenso campo de refugiados atacado na última semana, soldados israelenses dispararam contra uma mulher.

Hani Mahmoud, correspondente da Al Jazeera, relatou que escavadeiras e tanques israelenses avançam rua por rua em Zeitoun e Jabalia, demolindo sistematicamente casas e prédios.

“Quase não há combates diretos. O que vemos é destruição sistemática de aglomerados residenciais”, disse. Segundo Mahmoud, para muitos, a escolha é entre deslocamento forçado ou permanecer nas ruínas de suas casas. “Não há segurança em lugar nenhum”, sintetiza.

O governo local denunciou o uso de “robôs explosivos” por parte do exército israelense. Segundo Ismail al-Thawabta, diretor do Escritório de Imprensa de Gaza, mais de 80 desses dispositivos foram detonados em áreas residenciais nas últimas três semanas. “É uma política de terra arrasada que coloca em risco milhares de vidas”, declarou.

Domingo

Entre as vítimas fatais dos ataques, está a jornalista Islam Abed, do canal Al-Quds Al-Youm. O Escritório de Imprensa do Governo informou que 247 jornalistas já foram mortos desde o início da guerra; estimativas independentes apontam mais de 270 mortos. Na segunda-feira, cinco jornalistas — incluindo um da Al Jazeera — estavam entre as 21 pessoas assassinadas em um ataque ao Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul de Gaza. A escalada reacende denúncias de ataques sistemáticos contra a imprensa, que tenta documentar a destruição no território.

Neste domingo, o chefe do exército israelense, Eyal Zamir, realizou uma reunião de avaliação com seus principais comandantes e afirmou, em comunicado, que os militares devem “iniciar mais ataques para surpreender e atingir seus alvos em qualquer lugar”. Segundo ele, muitos outros soldados da reserva devem se reunir nesta semana “em preparação para a intensificação contínua dos combates”.

Fonte: Ópera Mundi

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