Bruno Pereira e Dom Philips foram assassinados no Vale do Javari, na Amazônia, por trabalharem defendendo a floresta e os povos indígenas. Entre tantas questões que envolvem o caso, é necessário levantar o debate sobre como as políticas e os órgãos públicos de preservação ambiental e proteção das populações tradicionais estão sofrendo com o desmonte, perseguição e descredibilização no governo do atual presidente Jair Bolsonaro.
É importante ressaltar a relevância do trabalho de décadas que as servidoras e os servidores públicos da Sesai, Funai, do Ibama e do Icmbio, entre outros, desempenham na garantia dos direitos dos povos indígenas e na preservação dos bens ambientais brasileiros. Mesmo lidando com a pressão do agronegócio, madeireiros, garimpeiros e outros empresários, os servidores públicos sempre primaram pelo compromisso com a administração pública. Entretanto, no governo Bolsonaro, tem sido cada vez mais difícil exercer a função para qual foram admitidos.
Bruno Pereira é um exemplo da lógica perversa implementada por Bolsonaro. Atuando há mais de 11 anos como indigenista na região onde desapareceu, foi Coordenador-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato, na Funai, foi perseguido e precisou se afastar em 2019, após atuar em uma operação que destruiu mais de 60 balsas de garimpo ilegal na Terra Indígena Vale do Javari.
Outra face dessa lógica, diz respeito ao ataque à imprensa que questiona as ações do presidente. O jornalista Dom Philips, perguntou em 2019 numa coletiva de imprensa, qual a política ambiental do país se o desmatamento só aumentava, se o Ibama estava aplicando menos multas e realizando menos operações, se o Ministro do meio [Ricardo Salles, na época] andava por aí com “a galera das madeireiras”. O Jornalista foi prontamente atacado com a resposta de Bolsonaro dizendo que a Amazônia é do Brasil, dando a entender que Philips não tinha direito de abordar este tema.
A violência na zona rural e especialmente na Amazônia tem crescido assustadoramente na proporção que a presença do estado diminui nessas regiões. Com um governante que faz vista grossa aos crimes ambientais e a destruição dos povos indígenas, os mal feitores têm se sentido a vontade para atuar e deixar a população acuada. Até quando? Essa situação precisa mudar!
Redação com Sintsef-CE