Além do aumento no preço dos combustíveis, profissionais enfrentam reajustes abusivos no aluguel de carros. Pelo menos 25% dos motoristas desistiram da única alternativa de sobrevivência
Não bastasse a falta de trabalho para quase 15 milhões de brasileiros, os constantes aumentos no preço dos combustíveis forçam os motoristas de aplicativos a desistirem da única fonte de sobrevivência. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de desemprego no país é o maior desde o início da série história do instituto, de 2012.
Além dos problemas decorrentes da pandemia como o medo de contágio nas corridas dos motoristas de aplicativos, e da alta no valor da gasolina, os profissionais enfrentam reajustes abusivos no aluguel dos carros que utilizam para trabalhar. Pelo menos 25% dos motoristas abandonaram o trabalho diante de tantas dificuldades no governo de Bolsonaro.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, ressalta que o Brasil só crescerá com investimentos do setor público, das estatais e com a valorização dos salários.
“O governo, em vez de corrigir a rota, continua precarizando o trabalho, desmontando as estatais e os serviços públicos, mentindo para o povo ao dizer que a CLT sai cara para as empresas e, por isso, elas não empregam, impondo, via Congresso Nacional, medidas nefastas e até inconstitucionais, como a MP 1045 e a PEC 32, da reforma administrativa”, explica.
Sérgio Nobre destaca a importância das estatais na geração de empregos e no crescimento do país, e afirma que nunca houve nenhum momento na história em que o Brasil tenha crescido e gerado empregos sem planejamento e ação do Estado e investimentos feitos pelo setor público, puxados pela Petrobras, BNDES, Banco do Brasil, que agora querem desmontar, privatizar.
“É preciso emprego decente, de qualidade com proteção social e previdência, na indústria, no comércio e nos serviços, com carteira assinada e direitos, para o país sair dessa crise sem precedentes, criada por Bolsonaro, e voltar a crescer”.
Situação grave para os motoristas
Para o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima de Souza, a perda dos motoristas desde o início da pandemia, em 2020, representa uma situação “muito grave”.
Em entrevista à BBC News, o representante de 62 mil profissionais, afirma que não há reajuste da tarifa desde 2015.
“O motorista vem sentindo isso e muitos vêm desistindo desde o início da pandemia. Tínhamos 120 mil motoristas cadastrados no início de 2020 e, hoje, tem 90 mil”, afirma.
Souza destaca que os aplicativos precisam tomar medidas para aumentar o rendimento dos motoristas e que a principal alternativa é aumentar os valores repassados aos trabalhadores.
Tragédia
O presidente da CUT também reforça que o Brasil vivencia uma tragédia.
“De novo, a gente vê em cada capital do país, em especial na periferia, a fome chegando e se instalando, a carestia impedindo as famílias de sobreviver, comprar gás de cozinha, gasolina, além de alimentos da cesta básica. Os nossos sindicatos têm sido exemplares em apoiar a população nesse momento dramático, arrecadando e levando a quem precisa material de higiene e alimentos, mas essa não é a saída; a saída é o Brasil voltar a crescer. E o país só voltará a crescer com a geração de empregos de qualidade”, ressalta.
A tragédia que o Brasil enfrenta hoje, segundo Nobre, é resultado da desastrosa política econômica do governo Bolsonaro, da falta de investimentos público e da precarização dos empregos. “Desmontaram instrumentos de desenvolvimento do país e a iniciativa privada não tem, historicamente, condições de exercer o papel de indutor da economia, como querem Paulo Guedes e Bolsonaro”.
Fonte: CUT Brasil