Luiz Gomes da Rocha – Professor da Universidade Estadual de Alagoas

A tomada de Cabul pelo Talibã é a expressão mais acabada da crise da dominação do imperialismo estadunidense. Diante da disputa comercial com a China e da resistência crescente no mundo e dentro dos próprios Estados Unidos, o imperialismo estadunidense não consegue dispor de meios para “estabilizar” o Afeganistão.

Da invasão do Capitólio em janeiro, ao fiasco da retirada em Cabul, em agosto, a situação, está marcada pelo abalo na dominação imperialista. O pano de fundo é a resistência dos povos e dos trabalhadores, após um ano e meio de ofensiva do imperialismo contra todos os direitos sociais e nacionais a pretexto da pandemia de coronavírus, para salvar o sistema capitalista.

Enquanto o imperialismo estadunidense patina no Afeganistão, a América Latina resiste e o movimento das massas também impõe recuos. E o caso da surpreendente vitória de Pedro Castillo nas eleições presidenciais no Peru, cujo programa coloca a necessidade de uma Constituinte. A burguesia dividida e o imperialismo foram incapazes de lhe fazer frente, depois que uma onda de mobilizações semi-espontâneas que desestabilizou o regime no final do ano anterior.

E no Chile, naufragou por completo a ordem econômica e política advinda da ditadura de Pinochet. As grandes mobilizações de massa, o “estalido” social do fim de 2019, conquistou a convocação de uma Assembleia Constituinte. Mais ainda, a Convenção Constitucional eleita se instalou rejeitando a regra dos 2/3 para decidir, e agora por maioria simples os representantes do povo chileno tem a oportunidade de enterrar a herança maldita do período Pinochet.

Na Colômbia, uma onda de revoltas populares coloca em xeque o governo de Ivan Duque, subserviente aos interesses dos EUA no continente.

No México e na Argentina, os governos “progressistas” de Lopes Obrador e Alberto Fernández, são questionados pelas massas, que tem suas condições de vida cada vez mais deteriorada.

A crise das representações políticas se aprofunda, provocada por um lado, pela ação do imperialismo e seus satélites, que persistem na política de pilhagem e ataques brutais, e do outro, as massas resistem e buscam uma saída.

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