Diretor-geral da PF não explicou a origem de mais de 3 milhões que ele usou para comprar imóvel de luxo em Miami Beach
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Maiurino, comprou e quitou, em 16 meses, um apartamento de US$ 675 mil (R$ 3,5 milhões) em Miami Beach. O financiamento foi de US$ 337,5 mil, ou R$ 1,9 milhão no câmbio de hoje. O expediente é incomum porque, na modalidade escolhida, Maiurino acabou pagando mais, entre taxas do banco e juros. Por outro lado, a operação desperta menos a atenção das autoridades financeiras dos EUA encarregadas de fiscalizar a origem do dinheiro de compras feitas à vista. A existência do apartamento foi revelada pelo repórter Allan de Abreu.
Mas não é só isso que causa estranheza na transação imobiliária feita pelo diretor-geral, em 2016. O salário bruto de um delegado de classe especial da PF, atual posição hierárquica de Maiurino na corporação, é de R$ 31 mil. Em valores líquidos, são cerca de R$ 25 mil. Já sua companheira, a funcionária pública Renata Veit, é assessora parlamentar no gabinete do deputado Bacelar, do Podemos da Bahia, desde abril deste ano; ela teve em outubro um rendimento líquido, já com auxílios, de R$ 6,2 mil.
O apartamento de Maiurino, comprado com Veit, fica em um condomínio à beira-mar, chamado Peloro Miami Beach. Para manter a propriedade, é necessário pagar um imposto anual, semelhante ao IPTU, fixado em 1,8% do valor do imóvel, ou seja, US$ 12.150 anuais, levando em conta o montante dispendido pelo casal. No câmbio de hoje, são R$ 66,8 mil — só de IPTU. Assim, quase todo o rendimento anual de Renata seria destinado apenas para esse gasto.
Outro desembolso significativo para manter o apartamento é a taxa de condomínio, que é de cerca de US$ 1 mil por mês, o que equivale a R$ 5,5 mil mensais. São mais R$ 66 mil em gastos para o casal. Somados os dois gastos, o apartamento custa R$ 132,8 mil por ano.
Procurado, Maiurino se recusou a informar a origem do dinheiro para comprar o apartamento. O histórico profissional do delegado pouco explica de onde ele teria conseguido os milhões para comprar o imóvel. Ele ingressou na PF em 1998 e, em 2009, virou chefe da Interpol no Brasil. No ano seguinte, ele saiu do cargo para uma posição comissionada no Ministério da Justiça.
Depois disso, ele foi secretário parlamentar do deputado Marcelo Squassoni, do Republicanos de SP, seu primo. Também ocupou os cargos de secretário de Esportes do estado de São Paulo durante a gestão de Geraldo Alckmin e secretário de segurança do STF. Ele nunca trabalhou na iniciativa privada, em que os salários não têm limites como na iniciativa pública.
Procurada, a PF disse apenas que “o patrimônio, bem como todas as movimentações financeiras por ele realizadas, constam devidamente informados nas declarações de imposto de renda apresentadas à Receita Federal do Brasil, com acesso autorizado à Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União”.
Fonte: Metrópoles