Protesto exigiu aumento das aposentadorias, insuficientes para a cesta básica. Governo alega que manifestantes “vieram para matar”

Uma manifestação de aposentados e torcedores de futebol em Buenos Aires terminou em uma violenta repressão policial na quarta-feira (12), com ao menos 21 feridos e 124 pessoas detidas, informa a C5N. O protesto ocorria nos arredores do Congresso Nacional contra o ajuste econômico promovido pelo governo de Javier Milei, quando a polícia interveio de maneira agressiva. 

O operativo “antipiquete”, liderado pelo Ministério da Segurança, comandado por Patricia Bullrich, contou com a atuação de cerca de mil agentes de diferentes forças de segurança, equipados com armamento não letal, hidrantes e viaturas motorizadas. Manifestantes relataram que a violência policial começou por volta das 16h, quando grupos de aposentados e torcedores tentavam se aproximar da Avenida Rivadavia. O ataque da polícia incluiu empurrões, gás de pimenta e disparos de balas de borracha.

A repressão resultou em cenas de grande brutalidade. Um dos episódios mais chocantes envolveu uma aposentada, que foi violentamente atingida por um policial e sofreu um traumatismo craniano grave. O médico Jorge Rachid, que prestou atendimento à vítima, confirmou a gravidade da lesão e sua transferência imediata para um hospital.

Durante os confrontos, manifestantes reagiram erguendo barricadas e incendiando contêineres de lixo. Em meio ao caos, indivíduos não identificados atearam fogo em um patrulheiro e uma moto da polícia. A violência se intensificou ao longo da tarde, e a repressão se estendeu até a noite. Por volta das 21h, a polícia voltou a utilizar gás lacrimogêneo e realizar detenções durante um “panelaço” contra o governo.

A ministra Patricia Bullrich justificou a operação repressiva alegando que os manifestantes “vieram para matar” e acusou a presença de barrabravas (torcedores organizados violentos) financiados por setores políticos. Bullrich também declarou que armas foram apreendidas durante a ação e prometeu punir os responsáveis pelos distúrbios.

O chefe de gabinete Guillermo Francos reforçou o discurso governamental, afirmando que a mobilização fazia parte de uma tentativa de desestabilizar a administração Milei. Ele acusou setores políticos de manipular a presença de aposentados no ato para esconder o suposto envolvimento de organizações criminosas.

O protesto teve como principal reivindicação o aumento das aposentadorias, cujo valor mínimo atual é insuficiente para cobrir a cesta básica. O tratamento violento dado aos manifestantes gerou forte repúdio nas redes sociais e entre setores da oposição. O governo Milei, no entanto, segue defendendo ações duras contra mobilizações que classifica como “desordens públicas”.

A situação no país continua tensa, e novas manifestações já estão sendo convocadas para os próximos dias.

Fonte: Brasil 247

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