As forças israelenses chegaram na terça-feira (28/5) ao centro da cidade de Rafah, no sul de Gaza, e tomaram uma colina estrategicamente importante com vista para a fronteira com o Egito, localizada nas proximidades.

Testemunhas e jornalistas locais disseram que havia tanques estacionados na rotatória de Al Awda, considerada um ponto de referência importante, onde se encontram os principais bancos e instituições governamentais.

Segundo eles também havia tanques na Colina de Zoroub, o que dá efetivamente a Israel o controle do chamado corredor Filadélfia, uma estreita faixa de terra que se estende ao longo da fronteira até o mar.

Fortes bombardeios foram ouvidos nos bairros a oeste da cidade na noite de segunda-feira, no dia seguinte ao ataque aéreo israelense que matou 45 palestinos – muitos deles mulheres, idosos e crianças – em um acampamento para pessoas desalojadas no domingo (26/5).

“As pessoas estão agora dentro de suas casas porque qualquer um que saia do lugar que está é atingido por drones israelenses”, afirmou Abdel Khatib, morador local, à agência de notícias AFP.

  • “A situação é muito perigosa”, acrescentou Faten Chouda, uma vizinha de 30 anos.

“Não dormimos a noite toda. Houve bombardeios aleatórios de todas as direções, incluindo bombardeios de artilharia e aéreos, assim como disparos de aviões.”

“Vimos todo mundo fugir novamente”, contou ela, em conversa com a AFP.

“Nós também vamos agora para Al Mawasi porque tememos pelas nossas vidas”, acrescentou, se referindo a uma região costeira próxima que Israel declarou como uma “zona humanitária segura”.

O Ministério da Saúde do território palestino, controlado pelo Hamas, disse que não tem capacidade para lidar com as consequências do ataque israelense de domingo em Rafah, especialmente depois que seus hospitais foram desativados.

Dezenas de milhares de palestinos haviam fugido diante do início das operações militares israelenses em Rafah, no início deste mês, para esta região, que Israel havia classificado como “humanitária e segura”, de acordo com mapas e folhetos distribuídos há poucos dias.

“As pessoas estão se refugiando em acampamentos. Atacaram as tendas com pessoas dentro, todas crianças inocentes, não havia combatentes, nada. Todos eram crianças”, afirmou uma testemunha à BBC enquanto ajudava em um hospital.

Segundo fontes palestinas, aviões de guerra israelenses bombardearam na tarde de domingo as tendas do acampamento para pessoas desalojadas perto das instalações da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, provocando um incêndio.

A Defesa Civil de Gaza afirmou que o fogo consumiu os corpos de dezenas de pessoas.

E algumas das vítimas que sobreviveram ao bombardeio tiveram membros amputados.

Israel disse que o ataque teve como alvo e matou dois líderes do Hamas, e que acredita que o incêndio resultante pode ter sido causado por uma explosão em um depósito de armas do Hamas nas proximidades.

“Não há nenhuma criança, idoso ou mulher seguro. Aqui está um homem e sua esposa martirizados, deixando para trás crianças inocentes. Que culpa tinham essas crianças para se tornarem órfãs?”, declarou outra testemunha.

Os palestinos disseram que o último ataque ocorreu em meio ao intenso bombardeio aéreo israelense sobre Rafah, assim como às suas incursões terrestres nas regiões leste e sul desta cidade na fronteira.

“A situação é muito grave. A ocupação israelense ataca deliberadamente civis em qualquer lugar. A ocupação israelense a declarou como uma zona segura e humanitária, e ainda assim bombardeou civis, crianças e mulheres. Este é o Exército de ocupação israelense”, afirmou à BBC Marwan al Hams, diretor do hospital Al Najar.

O chefe da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, Philippe Lazzarini, afirmou na segunda-feira que as imagens do dia do ataque eram “um testemunho de como Rafah se tornou um inferno na Terra”.

Fonte: BBC News Brasil

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