O muito esperado cessar-fogo na Faixa de Gaza sitiada não reparará as vidas dos palestinos abaladas pelo genocídio conduzido há 15 meses por Israel, advertiu nesta quinta-feira (16) a organização de direitos humanos Anistia Internacional.
“As notícias de um acordo de cessar-fogo trazem um lampejo de alívio às vítimas palestinas do genocídio israelense”, reiterou Agnes Callamard, secretária-geral da Anistia. “Contudo, é amargamente tardio”.
“Para os palestinos”, acrescentou, “que tem sofrido há mais de 15 meses com bombardeios devastadores e implacáveis, deslocados reiteradamente de suas casas, e que lutam para sobreviver em tendas improvisadas, sem comida, água ou insumos essenciais, o pesadelo não acabará quando pararem as bombas”.
Para os palestinos que perderam incontáveis entes queridos, em muitos casos, toda a sua família, ou que tiveram suas casas reduzidas a escombros, o fim das hostilidades sequer começa a reparar suas vidas devastadas ou curar seus traumas.
Callamard destacou que a negativa “contínua e deliberada” de Israel sobre o acesso humanitário a Gaza submeteu a população civil a níveis sem precedentes de fome, com dezenas de crianças mortas por inanição.
A comunidade internacional, que, até então, tem fracassado vergonhosamente em persuadir Israel a cumprir suas obrigações legais, devem garantir que Israel imediatamente permita que suprimentos para salvar vidas cheguem com urgência a todas as partes de Gaza, para garantir a sobrevivência da população.
Para a organização de direitos humanos, a menos que o bloqueio ilegal de Israel a Gaza seja rapidamente suspenso, o sofrimento dos palestinos seguirá.
Além disso, segundo Callamard, tem o dever legal de permitir que agentes humanitários independentes entrem em Gaza para monitorar as condições e recolher evidências para compreender devidamente a extensão das violações.
Na quarta-feira (15), o Catar anunciou um acordo de cessar-fogo em três fases, para encerrar os 15 meses de agressão israelense a Gaza.
O acordo antecede em pouco a troca na presidência dos Estados Unidos, do democrata Joe Biden ao republicano Donald Trump, que toma posse na segunda-feira (20).
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza, como crime de punição coletiva e genocídio, desde outubro de 2023, deixando 46.800 mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
A retaliação israelense em Gaza levou o Estado colonial ao banco dos réus do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, sob denúncia de genocídio, registrada pela África do Sul e deferida em janeiro de 2024.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), corte-irmã que julga indivíduos, também em Haia, aprovou mandados de prisão, por crimes de guerra e lesa-humanidade, contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.
Fonte: Monitor do Oriente