A tática é bagunçar ao máximo para desacreditar o sistema público de ensino e facilitar a evasão escolar

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) prepara uma reorganização das escolas estaduais de São Paulo, dividindo unidades com mais de 1.200 alunos matriculados. A previsão é que a divisão aconteça antes do início do ano letivo de 2026.

A ideia é que cada uma delas ofereça uma única etapa de ensino e tenha sua própria equipe de gestão.

Com isso, duas escolas poderão funcionar no mesmo prédio.

Secretaria Estadual de Educação, comandada por Renato Feder, defende que diminuir o porte das escolas vai facilitar a gestão pedagógica, já que cada unidade passará a ser responsável exclusivamente por uma única etapa de ensino.

Em vez de uma única equipe de gestão ser responsável por uma escola, por exemplo, com 1.800 matriculados em três etapas de ensino (anos iniciais, anos finais do ensino fundamental e ensino médio) e em até três turnos de aula, elas vão cuidar de apenas um ciclo.

A lista das escolas não foi divulgada.

A reorganização deve afetar cerca de cem escolas do estado -a maioria delas fica em grandes cidades, como a capital paulista, Guarulhos e Campinas, e são mais antigas. Segundo a secretaria, das 3.000 escolas estaduais, cerca de 300 têm mais de 1.200 alunos.

Diretores de escola disseram à Folha que foram avisados do projeto na semana passada e informados de que devem formalizar a adesão até quarta-feira (12). Reclamam do pouco tempo dado para analisarem a proposta e consultar professores, alunos e famílias.

O governo confirmou que a comunicação às escolas só foi feita na semana passada, mas disse que conversas sobre o tema já tinham sido iniciadas nas UREs (Unidades Regionais de Ensino, que são responsáveis por um grupo de escolas em cada região) há mais tempo.

Michel Minerbo, subsecretário pedagógico da Seduc, diz que a média de alunos da rede estadual é de 600 alunos por escola. Por isso, consideraram como unidade de grande porte aquelas com o dobro da média, ou seja, mais de 1.200 matrículas.

“Identificamos 330 escolas de grande porte e propusemos a desagregação. São escolas com uma comunidade escolar muito grande o que dificulta a gestão, o diretor tem que lidar com uma equipe de professores muito grande, o que prejudica a melhoria de resultados educacionais”, diz.

Ele garante que nenhuma etapa de ensino será fechada nessas escolas. Diz que haverá apenas um reorganização da forma como são ofertados.

“As escolas, em geral, vão ser reagrupadas em turnos. Então, vamos ter uma escola funcionando com uma etapa pela manhã e outra funcionando com outra etapa no período da tarde. Nenhum aluno ou professor será realocado para outro prédio escolar.”

Organização das escolas

A ideia de reorganizar a rede estadual paulista, a maior do país com mais de 3 milhões de alunos, não é nova. Há dez anos, o então governador Geraldo Alckmin, propôs agrupar escolas para que atendessem apenas uma etapa de ensino.

O plano de 2015 previa o fechamento de mais de 90 escolas e a transformação de outras 754 para que atendessem apenas uma etapa, afetando mais de 300 mil alunos.

Sem ter sido discutido ou consultado com as comunidades escolares, o projeto enfrentou forte reação dos estudantes que ocuparam dezenas de unidades em protesto contra o fechamento.

A Secretaria da Educação diz que a “desagregação” e a consequente redução do porte das escolas estão de acordo com o que aponta a literatura acadêmica. Escolas com maior número de alunos, número de turnos e etapas de ensino são consideradas de maior complexidade de gestão pedagógica.

“A desgregação têm como objetivo principal ampliar a proximidade e a comunicação da equipe gestora e dos coordenadores pedagógicos com o grupo de professores”, diz um documento apresentado aos diretores de escola.

O documento também defende que, ao reduzir o tamanho das escolas, será possível que as equipes gestoras possam “aprimorar a condição de identificar defasagens de aprendizado e criar estratégias de recomposição.”

Fonte: ICL

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