Acampamento em São Sebastião (AL) sofre ameaça de despejo e cobra cumprimento de acordo com Governo do Estado

Apesar de ter acordo firmado com o Governo do Estado, através do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), o Acampamento Papa Francisco, localizado no Agreste de Alagoas sofre ameaça de despejo. As famílias acampadas há mais de três meses na região cobram que o governo cumpra com a sinalização de remanejar os trabalhadores para outro local que seja assegurada a possibilidade de plantação e moradia.

A ameaça de despejo da Fazenda Laranjal, desta vez vem a partir da liminar de reintegração de posse, mas sem levar em consideração o cumprimento do acordo firmado com os órgãos estaduais para garantir a segurança das famílias acampadas na área.

A ocupação que homenageia o Papa Francisco, já reúne mais de 150 famílias da região que buscam, a partir da terra, a possibilidade de trabalho e vida digna. “Esta é mais uma ocupação que denuncia a realidade de muitas áreas de nosso estado que não produzem alimentos e que, por muitas vezes, cometem crimes ambientais. Nossa ocupação é uma forma de demonstrar que frente a tudo isso, queremos produzir alimentos e construir outro modelo de agricultura para o nosso estado”, destacou Margarida da Silva, da Direção Nacional do MST.

“As famílias ocuparam a área ainda em abril, como parte da Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária e até agora se espera a ação efetiva do Governo do Estado para resolver esse conflito, bem como posição do INCRA. Seja assegurando a permanência das famílias na fazenda ou sinalizando um outro espaço para o acampamento se manter”, explicou Margarida.

Ressaltando a importância de que o governo estadual se posicione, as famílias do MST reafirmam a posição de resistir no Acampamento e acionam os órgãos de segurança para garantir a integridade dos homens, mulheres, crianças e idosos na área.

Modelo de agricultura

A ocupação do MST também levantou debates no legislativo estadual, onde Deputados chegaram a questionar o modelo de agricultura presente na região Agreste de Alagoas. O Deputado Ricardo Nezinho (MDB), chegou a afirmar que a região já realizou uma “Reforma Agrária natural”.

Por outro lado, o Movimento reafirma o modelo de concentração de terra ainda presente em todo o estado de Alagoas, além de características que marcam outras mazelas do campo alagoano: a monocultura, o trabalho precarizado, a utilização excessiva de agrotóxicos e as ameaças aos bens da natureza.

“Toda essa realidade é uma triste constatação que temos em todas as regiões do nosso estado e é por isso que lutamos por Reforma Agrária, de forma justa, responsável e que assegure a vida e a permanência de trabalhadores e trabalhadoras no campo”, sinalizou Margarida.

Ascom/MST

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