Órgão destaca que em Maceió, onde foram registrados quase a metade do número de óbitos, não existe contrato com laboratórios para a realização de exames. No ano passado, o Ministério da Saúde reconheceu situação de surto na capital.

Com o aumento de casos e de óbitos por meningite em Alagoas, o Ministério Público Federal (MPF) passou a investigar possíveis falhas na política de saúde pública aplicadas pelo Estado e também por Maceió no combate à doença.

A meningite pode ser causada por várias bactérias. As crianças são a faixa etária mais atingida, principalmente as menores de 5 anos. Dependendo do tipo de meningite, em apenas algumas horas após o início dos sintomas, a pessoa infectada pode apresentar um quadro de bastante gravidade.

Dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesau), apontam que em 2023 Alagoas registrou 121 casos de meningite e 32 óbitos. Segundo especialistas, em crianças menores de 1 ano a letalidade da doença chega a ser de 57%.

O MPF destaca que além da vacinação, que é a principal forma de prevenção da doença meningocócica, a coleta de sangue nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) é essencial para diagnóstico precoce da doença.

De acordo com o órgão, Maceió não possui contrato com laboratórios para análises de exames, que também não estariam sendo feitos pelo Laboratório de Análises Clínicas de Maceió (Laclim).

“A fragilidade está em Maceió, onde a endemia se verifica, mas o município não tem contrato com laboratório e não tem feito as análises no Laclim [Laboratório de Análises Clínicas de Maceió],” disse a presidente da Sociedade Alagoana de Pediatria, Mardjane Lemos.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que as UPAs de Maceió contam com laboratório 24 horas para a coleta de amostras e que os casos positivos são encaminhados para o Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen).

Disse também que a partir do dia 1º de agosto passa a valer um novo fluxo de coleta de material para exames de meningite. Segundo a pasta, a coleta de amostras de pacientes que passam pelas UPAs com suspeita da doença serão encaminhados para o laboratório do Hospital da Cidade para que seja feito exame específico.

g1 AL entrou em contato também com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para pedir posicionamento do que tem sido feito para combater a doença no estado, e aguarda resposta.

Prevenção contra a meningite

O SUS oferece quatro tipos de vacina contra meningites bacterianas e qualquer pessoa pode se vacinar, criança, adolescente ou adulto. No entanto, a de sorotipo B está disponível apenas no sistema particular e custa, em média, R$ 500 a dose.

Para o procurador da República Bruno Lamenha, a vacina do sorotipo B deveria ser oferecida pelo SUS para crianças.

“A vacina está disponível na rede privada, mas a um custo proibitivo para a maior parte da população. Diante da alta letalidade que os dados mostram é o momento do Poder Público reavaliar seriamente a decisão de não introduzir a vacinação para os bebês de Alagoas. Os dados do Reino Unido, que introduziu a vacina na rede pública em 2015, mostram que essa é uma política pública que tem eficácia”, disse.

As do SUS estão disponíveis em todos os postos de saúde de Maceió a qualquer época do ano, não é preciso esperar a campanha nacional (veja lista abaixo).

  • Meningocócica C: protege contra a doença meningocócica causada pela Neisseria meningitidis sorogrupo C
  • BCG: que protege contra a meningite turberculosa
  • Pentavalente: protege contra as infecções invasivas, entre elas a meningite causada pelo Haemophilus influenzae sorotipo b
  • Pneumocócica 10: protege contra as infecções invasivas, entre elas a meningite causada por dez sorotipos do Streptococcus pneumoniae

Fonte: G1

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