Um grupo de 16 pessoas foi denunciado por formar uma milícia particular que extorquia comerciantes na região do Brás, em São Paulo, cobrando até R$ 18 mil anuais para que estes ocupassem um lote na Feira da Madrugada. Entre os investigados, estão cinco policiais militares – três da ativa e dois da reserva – e uma escrivã da Polícia Civil, conforme informações dos promotores do Gaeco, do Ministério Público estadual. Da Folha de S. Paulo.
Segundo a denúncia, os integrantes do grupo controlavam o espaço utilizado pelo comércio irregular, ameaçando, agredindo e expulsando aqueles que se recusavam a pagar a propina. Em alguns casos, eles teriam inclusive indicado agiotas para emprestar dinheiro a comerciantes inadimplentes, lançando-os em uma espiral de dívidas.
Durante a investigação, o promotor Carlos Gaya afirmou: “Nós continuamos investigando justamente porque, quando da deflagração, descobrimos que a extensão da atuação da milícia ali era muito mais ampla do que a gente imaginava”. A atuação do grupo foi ampliada com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar e da Polícia Civil, que colaboraram na coleta do conjunto probatório que fundamentou os mandados de busca e apreensão.
A denúncia aponta que, para autorizar a presença de comerciantes em determinadas ruas do Brás, a milícia exigia o pagamento de “luvas” – uma propina anual de no mínimo R$ 3.000, que chegou a ser reajustada para R$ 5.000 em 2024, além de cobranças semanais de até R$ 250. Esse sistema de cobrança beneficiava o grupo, que também utilizava o nome de sindicatos e institutos, como a CoopsBrás e o Sindicato dos Camelôs, para “dissimular a ilicitude das cobranças”.
Os crimes de extorsão e formação de milícia foram atribuídos a 14 pessoas, enquanto duas acusadas – esposas de policiais denunciados – respondem por lavagem de dinheiro, após ocultarem a origem de R$ 10 mil provenientes do esquema. Em um episódio, um comerciante equatoriano foi agredido em sua residência pelo soldado José Renato Silva de Oliveira, que, segundo a denúncia, tomou R$ 4.000 como forma de abatimento de dívidas com um agiota.
A investigação também revelou rivalidades internas, com registros de invasões de espaços de vendedores ambulantes para que a milícia substituísse os comerciantes inadimplentes por novos pagantes. Conforme consta na denúncia, “nesta invasão, a milícia responsável pela ação colocaria novos vendedores ambulantes, os quais são pagantes do grupo”. As informações são da Folha de S. Paulo.
Fonte: DCM